LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) subiu 0,99% em fevereiro, informou nesta quarta-feira (23) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se da maior variação para o mês desde 2016 (1,42%).

O resultado sinaliza uma aceleração frente a janeiro. No mês passado, a alta havia sido de 0,58%.

A taxa de fevereiro ficou acima das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam avanço de 0,87%.

Com a entrada do novo dado, o IPCA-15 acumulou alta de 10,76% em 12 meses até fevereiro. O acumulado estava em 10,20% até janeiro.

O índice oficial de inflação no Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também produzido pelo IBGE.

Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o dado de fevereiro ainda não está fechado. Será conhecido em 11 de março.

O IPCA-15, pelo fato de ser divulgado antes, sinaliza uma tendência para os preços. O indicador prévio costuma ser calculado entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação, que neste caso são janeiro e fevereiro, respectivamente.

Em 12 meses, o IPCA-15 está bem acima da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA. O centro da medida de referência é de 3,50% em 2022. Já o teto foi definido em 5%.

Analistas do mercado projetam novo estouro da meta em 2022, o que significaria o segundo ano consecutivo de descumprimento. De acordo com a mediana das projeções do boletim Focus, a alta prevista para o IPCA até dezembro deste ano é de 5,56%.

Em uma tentativa de frear a inflação, o BC vem subindo a taxa básica de juros. A Selic alcançou 10,75% no começo deste mês.

O efeito colateral dos juros mais altos é inibir investimentos produtivos na economia, já que as linhas de crédito ficam mais caras no país. A redução de investimentos ameaça a geração de empregos e a retomada econômica.

Segundo analistas, a inflação persistente reflete uma combinação de fatores vistos na pandemia.

Ao longo da crise, houve aumento dos preços administrados, como combustíveis e energia elétrica, carestia de alimentos e rupturas na cadeia global de insumos industriais.

No Brasil, a pressão inflacionária foi intensificada pela desvalorização do real. O dólar, que impacta itens como combustíveis, subiu em meio à turbulência política protagonizada pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

O avanço generalizado dos preços castiga sobretudo os mais pobres, com menos condições financeiras para enfrentar a carestia.

Uma das ameaças ao controle inflacionário neste ano é a incerteza da corrida eleitoral, que costuma impactar a taxa de câmbio.

Há, ainda, o temor com os eventuais reflexos do clima adverso. A seca na região Sul, por exemplo, pode gerar novos avanços nos preços dos alimentos.

A inflação persistente fez parte dos brasileiros rever a rotina, com cortes no consumo diário de bens e serviços, e postergar planos, como cursos e viagens, ao longo da pandemia.

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