NOVA FÁBRICA
A Suzano anunciou quinta-feira a construção de uma nova unidade industrial na cidade de Aracruz. Desta feita, será uma planta de fabricação dos chamados papéis tissue, destinados ao uso como higiênicos e papel toalha. Investimentos significativos orçados em 600 milhões de reais, que vão robustecer ainda mais a economia daquele município. A viabilidade está praticamente garantida com a utilização que a empresa fará dos créditos de ICMS acumulados pela antiga Lei Kandhir, que desonerou as exportações.

CONCENTRAÇÃO
Tudo muito bem para a Suzano que reduzirá a comercialização de celulose para lhe agregar valor como produto acabado de papel para consumo final. Lamentável apenas o fato de que a empresa opta por concentrar esse vultoso investimento em Aracruz, ao invés de promover a desconcentração econômica e implantar sua nova fábrica em outras cidades, como São Mateus, onde tem enorme área plantada de eucalipto. Há pouco tempo, a Suzano instalou uma fábrica de papel higiênico em Cachoeiro de Itapemirim, onde não planta nenhum pé de eucalipto.

ONDE FICA A RESPONSABILIDADE SOCIAL?
Já de algum tempo, a Suzano proclama aos quatros cantos que utiliza os conceitos de ESG em sua gestão. ESG é a sigla para Environmental, Social and Governance que, em português, quer dizer Ambiental, Social e Governança, princípios hoje decantados por grandes companhias como base de suas gestões. Não se sabe, contudo, como a decisão por Aracruz se sustenta nesse conceito de ESG, pois aumenta a poluição ambiental numa cidade que já é impactada pela produção de celulose. Aumenta também a concentração econômica, atraindo ainda mais gente para um município que praticamente faz parte da zona de influência da Grande Vitória, ao mesmo tempo em que ignora demandas sociais por mais empregos e renda dos outros municípios onde tem enormes plantios de eucalipto. No nível da Governança, falta mais transparência em suas decisões corporativas, porque não se deu conhecimento a todos os stakeholders dos fundamentos de sua escolha.

IMPORTÂNCIA DA SUZANO
Desde os tempos de Aracruz Celulose e Florestas Rio Doce, o plantio de eucalipto tem grande importância econômica e social no norte do Espírito Santo, especialmente em São Mateus e Conceição da Barra, onde essa silvicultura ocupa mais da metade da área agrícola cultivada. Não temos preconceito contra o plantio de eucalipto, mas a sociedade regional não pode aceitar passivamente a expansão industrial da Suzano sem reivindicar, com força, que o norte capixaba também seja contemplado com alguma unidade industrial que venha agregar valor à economia regional.

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DECISÃO POLÍTICA
A implantação de uma indústria da Suzano em Cachoeiro de Itapemirim tem todas as características de uma opção política. Como também implantar a nova fábrica de papel em Aracruz, pois uma empresa beneficiária de tantos incentivos fiscais, tributários e creditícios tem que ser cobrada por maior responsabilidade social. Assim não é razoável que governantes e dirigentes corporativos fiquem por aí pregando ESG e atropelem os conceitos fundamentais de uma doutrina que, se bem aplicados, poderiam resultar em maior bem-estar social para todos.

PEQUENOS NEGÓCIOS EM ALTA
O Atlas dos Pequenos Negócios do Sebrae que será lançado na próxima terça-feira na sede da Instituição em Brasília traz um dado muito importante. A renda gerada pelos pequenos negócios no Brasil é de R$ 416 bilhões por ano. O Atlas mostra ainda que 11 milhões de empreendedores dependem, exclusivamente, do negócio deles como única fonte de renda. A pesquisa inédita traz o perfil dos donos de negócios no Brasil e a evolução do empreendedorismo nas últimas décadas. A apresentação faz parte das comemorações dos 50 anos do Sebrae.

VACINAÇÃO
Depois de mais de dois anos da pior pandemia enfrentada pela humanidade, de negar a ciência e a eficiência das vacinas, o que reflete e refletirá por décadas na cobertura vacinal no Brasil, o governo federal, enfim, anuncia uma campanha de incentivo à vacinação. Pode até não ser, mas a impressão que se tem é de que esse movimento faz parte exclusivamente de um momento eleitoral, visto que o atual presidente não pretende levar para a campanha a pecha de negacionista. No entanto, como demonstra a cultura popular, ‘antes tarde do que nunca!’

CAMPANHA DE INCENTIVO
Defendendo que todas vacinas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde são testadas, aprovadas e seguras, e que notícias falsas devem ser desmentidas porque levam muitas pessoas à morte, o governo federal lançou nesta semana em Brasília a campanha de incentivo à vacinação Vacina Mais.

QUEDA DE COBERTURA
Pesquisas recentes de diversas entidades, inclusive do Conselho Nacional de Saúde, lembram que, graças às vacinas, doenças como a varíola foram erradicadas do mundo. No entanto, a alta taxa de cobertura vacinal registrada em anos anteriores vem caindo nos últimos tempos, deixando milhões de pessoas em risco. Neste ano, por exemplo, o Brasil alcançou pouco mais de 50% de cobertura vacinal contra o sarampo e gripe entre as crianças, principal público-alvo, ao lado de idosos (vacina contra a influenza).

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INÉDITO
Foi apresentado nesta semana mais uma informação que chocou a opinião pública. Uma empresa, que até pouco tempo atrás era tida como insignificante entre as grandes construtoras do País, venceu licitações com preços perto do dobro de concorrentes. Isso é inédito no Brasil. O processo de licitação é feito justamente para contratar pelo menor preço. No entanto, uma empresa campeã de contratos com a estatal Codevasf, sob o governo Bolsonaro, obteve valores superiores aos de estados vizinhos. A empreiteira e a estatal dizem seguir lei. Ela ganhou concorrências de pavimentação em 2021 com valores quase o dobro maior que os de licitações em estados vizinhos vencidas por outras empresas.

CODEVASF
Turbinada por bilhões de reais em emendas parlamentares no atual governo, a Codevasf mudou sua vocação histórica de promover projetos de irrigação no semiárido para se transformar em uma estatal entregadora de obras de pavimentação e máquinas até em regiões metropolitanas.

CALE-SE, LULA!
O ex-presidente Lula parece ter perdido a noção de que está disputando a mais importante eleição presidencial de todos os tempos. Volta e meia ele é pego proferindo descalabros, frases fora do time, no português claro, falando besteiras que só prejudicam a campanha dele e irritam os aliados. Em um momento que interveio para que o então presidente Fernando Henrique Cardoso oferecesse liberdade aos sequestradores internacionais de Abílio Diniz, que faziam greve de fome na cadeia. Agora, em meio a um turbilhão de denúncias de vazamento de informações sigilosas da Polícia Federal envolvendo investigação ao ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, ele vem a pública afirmar que também havia sido informado 24 horas antes de uma operação da PF contra o irmão dele. Todas essas declarações desgastam e mostram que o estado brasileiro precisa passar por transformações profundas.

JUSTIFICANDO-SE
Mesmo que o ex-presidente Lula tenha se justificado afirmando que, apesar de saber da operação da Polícia Federal contra o irmão dele com 24 horas de antecedência, ele não tomou qualquer providência, que não houve interferência, essa explicação não é aceitável. Naturalmente que a oposição caiu matando no assunto. Como não poderia deixar de ser, essas falas, no mínimo fora do timing, dão muita munição aos críticos de Lula. E agora ele deu para xingar banqueiro de “imbecil” ao criticar os lucros bilionários dos bancos. É claro que esses lucros são uma indecência diante da situação social e econômica dos brasileiros. Mas a cordialidade e a diplomacia são o caminho. A violência de palavras, não!

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PREÇO DO OVO
Um estudo apresentado ontem revelou que o preço do ovo subiu 202,13% acima da inflação oficial, sendo o produto que teve a maior variação. Os dados estão na terceira edição do Estudo Sobre Variação de Preços dos Produtos na Pandemia, realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O estudo analisou o preço de 40 produtos entre os meses de março de 2020 e maio de 2022, sendo que, a variação média de preços foi de 57,50%, o que representa 37,60% acima da inflação oficial, que foi de 19,9%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Depois da fila do osso, das peles de frango, das latas de lixo de supermercados reviradas, nem ovo, tido como um produto de baixo custo, o brasileiro está podendo comprar para pôr à mesa.

Foto: Pixabay

DIREITOS TRABALHISTAS
O Brasil está entre os dez países que mais violam direitos trabalhistas. O dado faz parte do Relatório da Confederação Sindical Internacional (CSI), que inclui o Brasil numa lista com outros 148 países, segundo o Índice Global dos Diretos. De acordo com a instituição, houve aumento da violação dos direitos trabalhistas entre 2021 e 2022, com mais países (50 em vez de 45) com episódios de violência física contra trabalhadores.

COMO DIZER NÃO?
E para fechar, nesta semana o Senado Federal aprovou com maioria absoluta, 72 votos a favor e 1 contra, do senador José Serra, a PEC conhecida como Kamikaze. O nome é porque o estrago será para todos os lados. E como dizer não à aprovação de uma medida que amplia benefícios em ano eleitoral. Políticos da oposição justificam os votos afirmando que seriam derrotados e que, diante deste cenário, o voto contra serviria apenas de munição para a campanha de Jair Bolsonaro ampliar os ataques à esquerda, afirmando que ela é contra os benefícios para povo. No entanto, esses benefícios momentâneos, que vão apenas até o final deste ano, prometem provocar um rombo enorme em investimentos em áreas essenciais, como infraestrutura, educação e saúde. Comentaristas políticos apontam que a medida, com viés exclusivamente eleitoreiro, é inconstitucional. Mas quem poderá nos defender? Alô, PGR, o Brasil precisa mais do que nunca desta instituição!

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