NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (26) que, apesar da melhora no processo inflacionário, a inflação de alimentos veio acima do esperado no indicador prévio de agosto e que a autoridade monetária não pode “baixar a guarda”.

Puxado pelo recuo dos preços dos combustíveis, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) teve deflação de 0,73% em agosto. Alimentos e bebidas, por outro lado, continuaram em alta, com avanço de 1,12%. O grupo registrou o principal impacto para cima no indicador: 0,24 ponto percentual.

“A gente não pode baixar a guarda, a gente comemora obviamente o número de inflação mais baixo, mas sempre qualificando que tem parte grande das medidas do governo”, disse Campos Neto em evento promovido pela 1618 Investimentos.

Foto: Reprodução

“Esse último número recente de inflação, por exemplo, [no grupo de] alimentos veio ainda bastante acima do que a gente esperava, mas a gente tem alguns componentes de inflação que a gente esperava que fossem desacelerar mais rapidamente e que estão desacelerando, mas a gente precisa olhar com bastante cautela”, continuou.

Na última terça-feira (23), Campos Neto havia dito que projeta que o Brasil tenha dois ou três meses de deflação, impulsionada pelas medidas implementadas pelo governo, e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerre o ano ao redor de 6,5% ou talvez um pouco abaixo disso.

O presidente do BC voltou a ressaltar nesta sexta que o Brasil saiu na frente de outros países com o aumento da taxa básica de juros (Selic) para frear a inflação e fez o processo “de forma bastante agressiva”, mas ponderou que grande parte do trabalho da autarquia ainda não surtiu efeito pleno na economia, dada a defasagem de 12 a 18 meses da política monetária.

“Muito do que a gente fez [do trabalho de política monetária] ainda não tem efeito na economia, mas a gente precisa sempre passar a mensagem de que está vigilante”, disse.
No início de agosto, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, a 13,75% ao ano, e disse que avaliará a necessidade de uma nova alta de menor magnitude no próximo encontro, em setembro.

Para suavizar os efeitos diretos das medidas de corte de impostos adotadas pelo governo, o comitê deu ênfase no último comunicado à inflação acumulada em 12 meses até o primeiro trimestre de 2024.

Segundo Campos Neto, o BC optou por estender sua janela de atuação em vez de fazer “metas ajustadas”, pois havia mais certeza em relação a quando do que a quanto voltaria o efeito das medidas na inflação. Ele disse ainda que a reação da autarquia às mudanças é se adaptar e ajustar sua atuação.

O presidente do BC destacou que as expectativas do mercado financeiro para a inflação de 2022 estão caindo e espera que o mesmo aconteça para as estimativas dos dois próximos anos. “A gente acha que as expectativas de inflação de 2023 e de 2024 serão acomodadas e vão começar a cair em algum momento. Mas, de novo, a mensagem é que a gente não pode baixar a guarda”, afirmou.

A pesquisa Focus divulgada pelo BC na segunda-feira (22) mostrou que o mercado financeiro reduziu a expectativa para a alta do IPCA neste ano para 6,82%, ante 7,02% na semana anterior.

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