RENATO ONOFRE E FÁBIO FABRINI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em depoimento à Polícia Federal, o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Investigação) Alexandre Ramagem confirmou ser a opção de confiança do presidente Jair Bolsonaro para assumir a chefia da corporação.

De acordo com pessoas que tiveram acesso ao depoimento, Ramagem explicou que ganhou a confiança do presidente durante a campanha, quando se aproximou da família Bolsonaro e comandou a segurança do então candidato a presidente após o atentado em Juiz de Fora.

Ramagem chegou a ser nomeado pelo presidente para o comando da PF, mas acabou tendo a sua posse suspensa por uma liminar concedida pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

O presidente Jair Bolsonaro chegou a apresentar ao ministro do STF um pedido de reconsideração da suspensão, mas ele foi negado.

Na peça, o Palácio do Planalto defende Ramagem e diz que não há quaisquer provas de alguma ordem presidencial voltada para manipular ou fraudar investigações da PF.

O depoimento de Ramagem é uma das três oitivas ocorridas nesta segunda-feira (11) relativas às investigações sobre suspeita de interferência do presidente da República na PF.

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Amigo da família Bolsonaro, Ramagem foi citado por Sergio Moro quando se demitiu do Ministério da Justiça. Segundo o ex-juiz federal, o presidente lhe pressionou para efetuar a troca do diretor-geral da PF sem motivo ou razão aceitável.

O diretor da Abin usou boa parte de sua inquisição para defender suas capacidades técnicas para assumir a corporação.

Na semana passada, um ofício elaborado por delegados próximos a diretor da Abin, a Polícia Federal o defendeu para o cargo de diretor-geral e disse que a nomeação buscou atender o interesse público, como revelou o jornal Folha de S.Paulo.

O documento responde a uma consulta feita pela AGU (Advocacia Geral da União) e foi anexado na ação do Supremo Tribunal Federal que suspendeu a indicação feita por Jair Bolsonaro.

A delegada Juliana de Sá Pereira Pacheco é quem assina a peça oficialmente, no dia 30 de abril, um dia após a decisão de impedimento do STF. Ela é coordenadora de Recursos Humanos, cargo que foi ocupado por Ramagem em 2018.

O ofício foi feito por Daniel França, coordenador da segurança de Bolsonaro por um período na campanha, e por Rodrigo Carvalho, que foi subordinado a Ramagem dois anos atrás no RH da Polícia Federal.

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França e Carvalho são responsáveis pela elaboração de pareceres para a AGU.

“Como defensor da Constituição Federal e dos princípios que a regem, o ministro do STF detém competência para impedir a nomeação em caso de flagrante violação constitucional, mas não está em sua competência avaliar uma presunção de que o indicado, apesar de seu currículo, virá a cometer ilegalidades apenas em razão de ser conhecido do senhor presidente da República e de seus familiares”, consta na peça.

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