Um olhar mais esperançoso, para enfrentar as muitas adversidades! Esta é a recomendação de dom Paulo Bosi Dal’bó, que enfatiza o espírito missionário na celebração dos 60 anos da Diocese de São Mateus. Por uma Igreja em saída, o bispo elabora o Plano Pastoral para o próximo quadriênio radicalmente a partir da base, das pessoas visitadas de casa em casa e também ouvidas nas organizações internas da Diocese. O processo de elaboração segue até novembro de 2019, quando deve ser finalizado e aprovado na Assembleia Diocesana. “O Plano Pastoral não virá pronto da cabeça do bispo e do clero”, deixa claro, em entrevista por telefone à Rede TC.

Dom Paulo mostra disposição para trabalhar e segue apostando numa Diocese cada vez mais próxima do povo. “Se hoje eu tivesse mais oito ou dez padres, criaríamos cinco ou seis novas paróquias”, revela. Nas questões políticas, é cauteloso, entretanto não titubeia em dizer que a Igreja tem a opção preferencial pelos pobres.

A ENTREVISTA

Rede TC de Comunicações – Prestes a completar três anos no comando da Diocese de São Mateus, o que o bispo destaca nesta Igreja que celebra seis décadas de caminhada?

Dom Paulo Bosi Dal’bó – Destaco as comunidades eclesiais de base e a opção preferencial pelos pobres, numa Igreja que sempre teve um cunho profético e ao mesmo tempo missionário. Uma Igreja em estado permanente de missão. Já vinha com Dom Aldo, com Dom Zanoni teve a questão das Santas Missões Populares. Eu cheguei, embarquei nas Santas Missões Populares e com o clero desenvolvemos o projeto dos 60 anos da Diocese, que também foi neste cunho de missão, de visitar todas as famílias.

Rede TC – O que desafia a Igreja de São Mateus?

Dom Paulo – A situação do desemprego, o cenário político, a segurança pública e até a própria perda da esperança no nosso povo do norte. É um cenário complexo, e não estamos para julgar A, B ou C. O cenário político hoje não desperta mais confiança nas pessoas. E isso tem reflexo muito forte no norte do Estado. Tanto é que nenhum candidato do norte foi eleito como deputado estadual ou federal. Talvez por essa falta de confiança no próprio cenário político.

Rede TC – Na ação pastoral, o que o senhor aponta de prioridade para os próximos anos?

Dom Paulo – No projeto dos 60 anos, estão todas as nossas iniciativas, mas vou tentar resumi-las. Ao chegar à Diocese, já peguei toda uma caminhada. Qual foi a minha ideia de resposta ao clero e também aos fiéis? A partir das Santas Missões Populares e dos 60 anos, revisitar toda a história a partir da pessoa, de visitas às casas, às famílias. Depois ir para a comunidade, ouvir os praticantes, mas também os fiéis que não estão inseridos em nenhuma pastoral ou movimento. Fizemos e estamos fazendo todo esse processo de escuta. A partir dele vamos realizar as nossas assembleias paroquiais, destacando três forças em que somos bons, três fraquezas ou ameaças, onde somos falhos e que poderíamos ser melhores. E depois cada paróquia escreverá três prioridades pastorais. Depois desse material coletado, vamos para as assembleias das foranias, onde faremos uma síntese de todo esse trabalho.

Rede TC – Esse é o processo de construção do novo Plano Pastoral…

Dom Paulo – O Plano Pastoral não virá pronto da cabeça do bispo e do clero. Surgirá da base, da pessoa, da família, da comunidade, de pastorais, movimentos, paróquias e foranias, para depois chegar à Diocese. Nosso foco pastoral foi, de fato, revisitar a história a partir da pessoa. E tem a participação de todos neste novo modelo eclesial. Isto também se deu pelo fato de estarmos, em 2018, celebrando o ano dedicado aos leigos e leigas como protagonistas do novo modelo eclesial.

Rede TC – Quando começou a elaboração dessas novas diretrizes?

Dom Paulo – Começamos o processo de visitas às casas no início de 2018. Todos os materiais coletados em 2018 e 2019 serão a base da nossa Assembleia Diocesana de novembro do próximo ano, de elaboração do Plano Pastoral para o quadriênio. Neste fim de semana, temos a Miniassembleia Diocesana. Vamos avaliar como foram as atividades deste ano em cada paróquia e traçar as prioridades para 2019.

Rede TC – Qual a mensagem do senhor para os católicos desta Igreja reconhecida em todo o País e que chega à maturidade com um clero praticamente suficiente para suas demandas e já tendo dois de seus filhos sagrados bispos para o serviço a outras dioceses?

Dom Paulo – É claro que ainda precisamos de um número maior de presbíteros. Se hoje eu tivesse mais oito ou dez padres, criaríamos cinco ou seis novas paróquias, pois temos campo de ação e de missão para isso. Quero convidar a todos os cristãos católicos e também aqueles que não têm nenhuma religião ainda para que, mesmo diante de toda a complexidade em que estamos vivendo, a se aproximar mais do sagrado, a participar mais da comunidade. Na dimensão de Igreja em saída, o primeiro passo é entrar. Estamos convocados a entrar nesta Igreja em saída, a conhecer melhor o Evangelho, a conhecer melhor Jesus Cristo, a conhecer melhor os nossos projetos e planos pastorais, que são belíssimos. Está feito então este convite a entrar, a estar conosco. E diante de toda essa complexidade, a ter um olhar mais esperançoso. Um segundo aspecto é pautar a nossa vida melhor no Evangelho e nos valores morais, éticos e cristãos que encontramos na Palavra de Deus e também na Família de Nazaré.

O BISPO

Formado em Ciências Contábeis, Filosofia e Teologia, dom Paulo Bosi Dal’bó tem especialização em Psicologia da Educação, Psicologia do Desenvolvimento e Comunicação Social. Ordenado sacerdote no ano 2000, é natural de Rio Bananal (ES), filho de Dionísio Dal’Bó e Iolanda Claris Bosi Dal’Bó.

Nos 15 anos em que atuou como padre, foi reitor de seminário, coordenador diocesano de Pastoral e vigário-geral da Diocese de Colatina. Nomeado por Francisco em 21 de outubro de 2015, foi sagrado bispo de São Mateus no dia 12 de dezembro do mesmo ano, em Aracruz. A posse aconteceu 14 dias depois, entre as festas de Natal e São Benedito, na Catedral de São Mateus.

Entre as obras publicadas, destacam-se o livro Estar de bem com a vida e três CDs solos, Cantando com o jovem, Meu Profeta e Vida, sonhos e canções. Um quarto disco, intitulado Amigos cantando a fé, tem a participação do padre Belmiro Ohnezorge e dos leigos Jonny Mendes, Geruza Luz e Zoel Bonomo, deve ser lançado neste domingo (25), em Jaguaré.

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