Em 8 de março deste ano, em ação com a participação do delegado Guilherme Eugênio Rodrigues, a Polícia Civil do Espírito Santo prendeu três pessoas oriundas do estado da Paraíba apontadas como integrantes de uma quadrilha especializada no golpe de reter o cartão do cliente em caixas eletrônicos.

O delegado explica como os criminosos agem neste tipo de golpe. “Primeiro os bandidos instalam um dispositivo mecânico que força a retenção do cartão. Paralelamente a isso, eles adesivam uma etiqueta com identificação de um contato de telefone, atribuindo falsamente o número ao banco”.

Para obter êxito, os criminosos utilizam o que o delegado chama de “engenharia social”, induzindo as vítimas a caírem no golpe. “Como a segurança dos bancos avançou, então o elo mais fraco da relação é o cliente”, frisa.

Guilherme Eugênio afirma que os golpistas geralmente escolhem locais com poucos caixas eletrônicos. “Eles instalam o dispositivo em alguns e ocupam todos os restantes. Quando o cliente entra no local, o criminoso que está num caixa viciado sai, direcionando assim que a vítima utilize esse equipamento”.  Conforme detalha, normalmente os golpistas fazem esse ato quando percebe que o cliente é um idoso ou pessoa com dificuldade de lidar com os equipamentos.

Em 8 de março deste ano, a Polícia Civil do Espírito Santo prendeu três pessoas oriundas do estado da Paraíba apontadas como integrantes de uma quadrilha especializada no golpe de reter o cartão do cliente em caixas eletrônicos.
Foto: PCES/Divulgação

“Após o cartão ficar retido, há casos em que um dos golpista se aproxima e fala que também já ocorreu a situação com ele e resolveu ligando para o número que está adesivado no caixa. Mas, a ligação é para uma organização criminosa”.

 

OBTENDO A SENHA

“A vítima do golpe de retenção do cartão, ao telefonar para o número adesivado nos equipamentos pelos criminosos, pensa que está falando com o serviço de atendimento do banco e a atendente solicita a senha. Assim que a vítima fornece a senha, o atendente diz para a vítima deixar o local porque pode ter um criminoso perto e que ela receberá um outro cartão em casa” – acrescenta.

Após a saída da vítima, os golpistas retiram o cartão, sacam dinheiro, realizam transferências e também fazem compras com o cartão de crédito da pessoa.

Segundo o delegado, há grupos criminosos que adquirem de terceiros o que denomina como “kit golpe”. Esse kit inclui dispositivo mecânico de retenção de cartão, um contato de telefone 0800 e máquinas de crédito e débito já cadastradas em nome de empresas de fachadas.

“A dificuldade na investigação é que há casos em que as pessoas cujo nomes e dados foram utilizados no esquema como laranjas não têm ciência dos crimes, o que complica a identificação dos criminosos” – explica o delegado.

 

Dispositivo de retenção de dinheiro

 

Recentemente em São Paulo, um golpista foi detido e confessou a forma de agir para reter o dinheiro o cliente nos caixas eletrônicos. Ele instalava um dispositivo no local onde o cliente retira o dinheiro do caixa eletrônico. Assim, quando vítima acionava o saque, o dinheiro ficava preso no dispositivo. Depois de a vítima deixar o local, o criminoso retirava o dispositivo e “sacava” o dinheiro preso no caixa eletrônico.

“Esse golpe parece bem simples, bem menos sofisticado que os outros. Só uma pecinha mecânica mesmo” – relata o delegado.

Conforme frisa, esse tipo de golpe é ainda mais dificultoso para a investigação porque não deixa rastro. “A não ser que as imagens do banco propiciem o reconhecimento facial dos criminosos”.

Sendo assim, o delegado reforça a orientação para que as pessoas escolham utilizar os caixas eletrônicos no período do expediente interno bancário e nas agências, o que acaba dificultando a ação dos golpistas. “Se desconfiar da situação, acione a polícia imediatamente”, recomenda.

 

Criminosos não atuam onde residem

O delegado Guilherme Eugênio Rodrigues frisa que os golpistas geralmente não atuam nas localidades onde residem. Ele cita o exemplo da quadrilha que veio ao Estado oriunda da Paraíba. Os criminosos seguiram sentido ao Sul do País aplicando golpes e acabou com integrantes presos no Espírito Santo.

Conforme o delegado, há registro de 46 casos pelo Brasil envolvendo a mesma quadrilha. “Eles utilizavam nomes falsos em hotéis, carros locados com nomes falsos e até o pagamento de hotéis e despesas com pix em nome de laranjas” – complementa.

Foto do destaque: PCES/Divulgação

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