Os produtores de cacau de São Mateus estão entusiasmados com o momento do mercado do produto no comércio internacional, sensação demonstrada à Reportagem por Roque Martins. Ele adiantou, inclusive, que está avaliando a possibilidade de beneficiar o produto e produzir chocolate.
A Rede TC publicou nesta semana Reportagem na qual a Secretaria Estadual da Agricultura, Aquicultura e Pesca (Seag) detalha que, atualmente, a cotação da amêndoa do cacau no mercado internacional –que atingiu pico de 10,2 mil dólares por tonelada na Bolsa de Valores de Nova Iorque nesta quinta-feira— tem favorecido os produtores no Espírito Santo. O valor comercializado do produto mais que dobrou de janeiro a junho deste ano.
“O mercado atual é uma boa oportunidade devido o déficit de produção dos concorrentes Gana e Costa do Marfim. As perspectivas são as melhores porque sempre acreditei na cultura e o interessante é que até hoje, em algumas regiões, o cultivo ainda é de cunho extrativista” – detalha.
Para Roque, os produtores que não se profissionalizarem em conhecimento e manejo produzirão pouco e sem qualidade. Nesse sentido, diz que tem buscado o aperfeiçoamento constante.
“Um excelente negócio. Eu indico. Me disseram que eu era doido de plantar cacau na chapada, agora estou doido de alegria” – salienta, em tom bem humorado.
O produtor afirma que a plantação de cacau dele é de duas variedades clonal: ccn51 e ps1319. “Por enquanto, são quatro mil plantas. Estou planejando plantar mais três clones, o BN34, o SJ02 e o PH16 e, no futuro próximo, produzir o nosso chocolate”, afirma.
A plantação de Roque Martins fica localizada a 600 metros da BR-381, no Km 23, sentido à localidade de Beira Rio.
VALORIZAÇÃO
O cacau é a commodity agrícola que mais valorizou em 2024. Dados do CBOT Chicago mostram que o preço da amêndoa começou o ano custando 4,2 mil dólares a tonelada e chegou a bater 12,26 mil dólares no dia 9 de abril.
Mudança climática compromete produção, afirmam especialistas
A alta do preço do cacau está atrelada à baixa recorde da oferta do produto no mercado internacional. Segundo projeções do setor, a defasagem entre a alta demanda e a baixa oferta deve se manter pelo menos até 2029 e pode favorecer os produtores brasileiros, mas só depois que a produção se equilibrar.
Apesar do cenário de escassez, o mercado mundial da commodity, este ano estimado em 14,7 bilhões de dólares, está em expansão e pode alcançar 16,47 bilhões de dólares em 2029, conforme análise da companhia de pesquisa de mercado Mordor Intelligence.
QUEDA DA PRODUÇÃO
No último relatório referente ao mês de março, a Organização Internacional do Cacau (ICCO) reforçou que a queda na oferta global está relacionada à crise agrícola na Costa do Marfim e em Gana, países africanos que representam aproximadamente 54% da produção mundial de cacau.
Crise climática e pragas são as responsáveis por uma colheita menor. O especialista José Carlos de Lima Júnior, professor doutor na pós-graduação da Harven Agribusiness School, lembra que os efeitos das mudanças climáticas e da doença da vagem negra nesses plantios reduziu 20% da colheita na Costa do Marfim e 11% da de Gana.
Nesse contexto, o Brasil se beneficia como importante produtor e exportador, dado que os países africanos deverão ter problemas que provavelmente se manterão nos próximos anos.
O relatório mensal da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos indicou que o preço da tonelada de cacau no País em março chegou a R$ 26,3 mil e que o internacional, em moeda local, teve custo médio de R$ 35,3 mil, os valores mais altos já registrados desde 2020, quando iniciou a série histórica avaliada.
Em nota, a Abia destaca que a tendência de alta no preço do cacau por conta da queda na produção mundial “torna muito distante a possibilidade de uma redução” e que essa valorização tem elevado “o custo de produção na cadeia brasileira”. (Com informações da Agência Brasil)
Foto do destaque: Divulgação