JOÃO HENRIQUE MARQUES
LISBOA, PORTUGAL (UOL/FOLHAPRESS) – A final da Liga dos Campeões representa uma nova rivalidade desenvolvida nos bastidores no futebol europeu. Acostumado a levar a melhor em negociações, o Paris Saint-Germain sofreu com a atuação agressiva do Bayern de Munique no mercado da bola, a ponto de, inclusive, já ter feito queixas abertas ao comportamento do clube alemão.

As críticas do PSG simplesmente refletem um sucesso do Bayern em disputas com o clube francês. O caso mais emblemático é o do zagueiro Jérôme Boateng. Há dois anos, o experiente defensor alemão pediu sua transferência ao clube francês. O Bayern, porém, não cumpriu com um acordo verbal.

Boateng havia sido convencido por seu compatriota, o treinador alemão Thomas Tuchel, a jogar pelo PSG. Mesmo reticente, o clube alemão até aceitou um negócio por volta de 50 milhões de euros, mas se irritou quando o PSG tentou diminuir os valores.

A negociação foi dada por encerrada pelo Bayern de Munique após o dirigente e ex-jogador do clube Hasan Salihamidzic sentir-se humilhado. Ele foi até o aeroporto de Munique receber o então diretor de futebol do PSG, o português Antero Henrique, mas por lá recebeu a notícia de que o cartola havia perdido o voo.

“Não quero insultar ninguém, mas digo que não podem fazer negociações como essa com o Bayern Munique. Especialmente com este tipo de jogadores como o Boateng”, avisou Salihamidzic.

“Pedimos a quantia (de 50 milhões de euros) porque não queríamos oferecer Boateng, e imaginamos que o PSG não a pagaria. Só que eu aconselharia o PSG a demitir o seu diretor esportivo (Antero Henrique). Este homem não é uma boa publicidade ao clube. O PSG não pode ter um diretor desportivo desses se quer ser um dos melhores clubes do mundo”, disse, à época, o presidente de honra do Bayern de Munique, Uli Hoeness.

Por conta do episódio, Thomas Tuchel foi outro que se revoltou com Antero Henrique. A demissão do dirigente português aconteceu no fim da temporada 2018-2019, mas não serviu para o PSG fazer as pazes com o Bayern de Munique.

Em julho deste ano, somente um mês antes da disputa da fase final da Liga dos Campeões, o PSG sofreu um novo duro golpe do Bayern de Munique. Foi quando o zagueiro de 18 anos, Tanguy Kouassi recusou proposta para assinar seu primeiro contrato profissional com os parisienses para, depois, acertar com o Bayern de Munique.

Kouassi viveu temporada de evolução no PSG. Atuou em 12 jogos do Campeonato Francês e chegou a entrar em campo nos minutos finais da vitória por 2 a 0 sobre o Borussia Dortmund que garantiu a classificação às quartas de final da Liga dos Campeões.

Internamente, havia a confiança de que o jogador aceitaria a proposta de renovação, por ser revelado no clube e por ter começado a ganhar espaço na equipe de Tuchel.

Kouassi segue caminho parecido com o do atacante Kingsley Coman. Nascido em Paris e revelado pelo PSG, Coman também deixou o clube francês aos 18 anos e assinou seu primeiro contrato profissional com a Juventus. Após uma temporada sem espaço no time italiano, se transferiu para o Bayern de Munique, clube em que teve mais oportunidades e começou a se destacar.

“Os clubes alemães, principalmente o Bayern, estão atacando os jovens e ameaçando a formação de jogadores na França. É um grande problema. Chamam pais, amigos, familiares, o próprio jogador e isso acontece até com jogadores menores de 16 anos. Aos 15 ou 16 anos, eles fazem girar a cabeça dos jovens. As regras talvez devam ser alteradas para proteger as equipes francesas”, atacou Leonardo após o caso.

Basicamente, o entorno de Kouassi adota o discurso de que o defensor terá mais oportunidades no Bayern. O clube alemão tem histórico de utilização de jovens jogadores na equipe profissional. O PSG, por outro lado, nem sequer tem um jogador revelado no clube em sua equipe titular. A prata da casa mais utilizada é o também zagueiro Presnel Kimpembe, que fez 24 jogos na temporada.

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