RENATO CARVALHO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ibovespa opera em baixa e o dólar em alta na manhã desta segunda-feira (13). O mercado brasileiro segue a tendência de cautela observada em Nova York, com os investidores ainda com muitas dúvidas sobre os desdobramentos da quebra do SVB (Silicon Valley Bank), que tinha mais de US$ 200 bilhões em ativos.

Às 11h20 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em baixa de 0,15%, a 103.460, influenciado principalmente pelas ações da Petrobras e de outras empresas do setor. O dólar comercial à vista subia 0,51%, a R$ 5,235.

No mercado de juros, as taxas apresentam quedas, seguindo também a tendência nos Estados Unidos, com a percepção de que a crise pode interromper o ciclo de alta dos juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 recuam de 13,15% da última sexta-feira (10) para 12,99%. Para janeiro de 2025, a taxa cai de 12,37% para 12,09%. No vencimento de janeiro de 2027, as taxas recuam de 12,64% para 12,36%.

Na última sexta-feira (10), os reguladores assumiram o comando do SVB, após um movimento de saques pelos clientes que somaram cerca de US$ 2 bilhões.
A sucursal britânica do SVB foi vendida ao HSBC, numa venda facilitada pelo governo britânico e pelo Banco de Inglaterra, anunciou o Tesouro britânico nesta segunda-feira (13).

Segundo o comunicado, os clientes do SVB UK poderão acessar seus depósitos e serviços bancários normalmente a partir desta segunda.

Mesmo com a garantia dada pelos reguladores de que os clientes teriam acesso integral aos seus recursos depositados no banco, a sensação no mercado é de que ainda restam muito mais dúvidas que certezas.

Foto: freepik.com

“Nesse momento, nossa primeira impressão é que não há similaridade entre o que está ocorrendo com o SVB e o banco Lehman Brothers, considerado um dos drivers para a crise financeira de 2008”, diz Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos.

Mas ele aponta alguns riscos que podem impactar todo o sistema bancário americano. “A despeito de ser uma instituição regional, não se pode desconsiderar que cerca de 30% dos depósitos nos EUA são feitos em bancos menores. Ou seja, há perigo de ‘transbordamento’ para bancos maiores, que deveria ser evitado pelas autoridades”, afirma o economista da Órama.

Para a equipe da Levante Investimentos, a velocidade em que a crise foi deflagrada chama atenção. Para os analistas, consequência do perfil dos clientes do SVB, composto principalmente por investidores em startups.

“Altamente conectados e acostumados a resolver tudo pelas redes sociais, esses capitalistas de risco acabaram provocando uma corrida ao SVB trocando comentários e alertas de maneira frenética”, diz a Levante.

Na opinião dos analistas da Levante, o caso do Signature Bank, de Nova York, que também teve falência decretada dois dias depois do SVB, e as preocupação com o First Republic Bank, com as ações caindo quase 70% nesta segunda-feira, ainda deixam muitas dúvidas sobre a extensão da crise.

“Se a linha de socorro criada pelo Fed for capaz de tranquilizar investidores e depositantes, a crise que veio rápido deverá ir embora rápido. No entanto, se houver um temor de que os juros altos vão fazer mais vítimas, desta vez não será diferente: haverá muitos prejuízos”, diz a Levante.

Com tantas dúvidas, os mercados nos Estados Unidos, que começaram o dia em queda, oscilam próximos da estabilidade, pesando também a possibilidade de interrupção na alta de juros pelo Fed. O Dow Jones recuava 0,15% às 11h20 (horário de Brasília). O S&P 500 sobe 0,17%. O índice Nasdaq cai 0,06%.

A crise desencadeada pelo SVB tem impactos também no preço do petróleo. O barril do tipo Brent chegou a ficar abaixo dos US$ 80 nesta manhã, e às 11h20, apresentava alguma recuperação. Mas ainda registrava queda de 2,71%, a US$ 80,54.

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