As esperanças da humanidade estão se realizando: uma “terra sem males” está prestes a ser inaugurada. Deus cumpre suas promessas: Envia o seu Messias! Seu nome é: “Deus admirável, Deus forte, Príncipe da paz”. Celebramos sua vinda histórica, anúncio de sua vinda escatológica; veio na história passada; vem cotidianamente em nossa vida, na história de sua Igreja e da humanidade; virá no final da história humana para inaugurar: “Céus novos e terra nova, onde habita a justiça: Deus será tudo em todos. Ele será o nosso Deus e nós o seu povo”. A Igreja é a casa que cultiva esta esperança: ela, de fato, vive na expectativa da vinda do Senhor.

No passado dia 28 de novembro teve início o “Tempo de Advento”:  formado por quatro domingos em preparação da vinda do Senhor, a Igreja recorda, também, a segunda vinda dele, no final dos tempos, como Juiz e Senhor: virá no fim da vida de cada um de nós e no final da história humana. Por isso, o “Tempo de Advento” nos quer educar à espera desta vinda. Toda a vida cristã é um perene tempo de vigilância e oração: atitudes básicas, verdadeiras virtudes “cardeais”, eixo e meta de uma vida, animada pela fé e esperança, virtudes irmãs e inseparáveis, que se apoiam mutuamente: “Sejam assíduos na oração e vigilantes na ação de graças” – recomenda Paulo aos Colossenses (4, 2).

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Estar vigilantes, pois Deus “desce” à condição humana para a sua criatura “subir” à condição divina. A nós que nos encontramos num “cristianismo apagado”, o Apóstolo dirige um veemente apelo: “Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentro dos mortos e Cristo te iluminará” (Ef 5,14); “se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis” (Rm 8, 1-3). Foram precisamente estas palavras de Paulo, que levaram Agostinho a dar o último passo para a sua conversão.

Encontrava-se em Milão (Itália), no jardim de sua casa, combatido por “duas vontades”, quando ouviu uma voz misteriosa que cantava: “Pega e lê”. Pegou a Bíblia e abriu-a e leu as palavras de Paulo que diziam de despertar do sono. Trespassado em sua alma, tomou uma firme decisão de enveredar os caminhos do Senhor: encontrou, assim, luz e paz para o seu coração angustiado. Pressante convite a olhar para fora de si mesmo, este tempo quer ampliar mente e coração para as necessidades dos irmãos: “Este tempo é apropriado – diz Papa Francisco – para abrirmos nossos corações e nos questionarmos concretamente sobre quem e para quem dedicamos a nossa vida”.

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A vigilância permite ler em profundidade os fatos da vida, os fatos da nossa vida, descobrindo neles os sinais da “vinda” do Senhor: Ele pode passar adiante sem nos apercebermos. Este tempo alimenta, também, em nós o desejo de construir um mundo melhor, renovado na justiça e na paz, na partilha e na solidariedade, amando como Deus ama: a todos, por primeiro e sempre.  Que Ele, no fim de nossos dias, nos encontre vigilantes na fé, perseverantes na oração e com o coração, ocupado em amar aos outros.

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(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano e vigário cooperador da paróquia São José, Serra-ES.)

 

Foto do destaque: TC Digital/Arquivo

1 COMENTÁRIO

  1. O Advento é, de fato, um dos períodos mais importantes da igreja católica, tempo de meditação e preparação para o Natal em que a Igreja comemora o nascimento de Jesus em Belém e renova com inabalável esperança e alegria sua fé no regresso de Cristo à Terra.

    Que na sua volta, “Ele nos encontre vigilantes na Fé”.

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