Católicos do norte capixaba e visitantes de outras regiões do País revivem, na tarde deste 21 de setembro, um antiquíssimo ritual litúrgico em homenagem ao Padroeiro São Mateus. A Diocese está comemorando 60 anos de criação, pelo papa Pio XII, por meio da bula Cum territorium, mas a devoção ao apóstolo e evangelista Mateus remonta ao século XVI.

Pesquisadores divergem sobre o ano exato –1566, 1583 ou 1596– em que o padre José de Anchieta, jesuíta intitulado o Apóstolo do Brasil e já declarado santo, visitou a povoação que se consolidava na margem direita do Rio Cricaré, batizando-a com o nome de São Mateus. Conforme a tradição, a escolha do nome ocorreu em virtude do dia em que a visita aconteceu: um longínquo 21 de setembro.

A liturgia solene desta tarde é o ponto máximo das celebrações em honra ao Padroeiro da Cidade, da primeira Paróquia, que abriga a Catedral, e da Diocese. Diante de representações de todas as paróquias do norte capixaba, acompanhadas de seus padroeiros nesta data magna, o bispo Dom Paulo Dal’Bó enfatizará os frutos colhidos no ano jubilar pelos 60 anos da Igreja Particular de São Mateus, focado no tema Igreja profética e missionária a serviço da vida.

Foto: Ademilson Viana/TC Digital

O SANTO

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Santo de devoção dos mateenses, Mateus foi cobrador de impostos nos domínios de Herodes Antipas, em Cafarnaum. Era chamado de Levi, o filho de Alfeu. Seu nascimento teria ocorrido nos arredores do Mar da Galileia em data desconhecida. A morte dele também é marcada por mistérios. Há quem acredite que tenha perecido de morte natural, na Etiópia ou na Macedônia. Mas primitivos escritores católicos e ortodoxos sustentam que ele morreu mártir na Etiópia.

Representado na arte litúrgica segurando uma pena e tendo um anjo ao lado, Mateus é o padroeiro dos contabilistas, oficiais alfandegários, fiscais financeiros, conselheiros fiscais operadores em bolsa de valores, economistas, guardas de segurança de valores, coletores e cobradores de impostos.

O EVANGELHO

A conversão de Mateus está registrada nos três evangelhos sinóticos: Mateus 9,9-13; Marcos 2,13-17 e Lucas 5,27-32. O Evangelho atribuído a ele abre o Novo Testamento “por ser o mais completo”, conforme nota introdutória da Bíblia da CNBB. “A antiga tradição da Igreja considera Mateus o primeiro evangelho, e fala num evangelho de Mateus ‘hebraico’. Mas este não existe mais”.

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“É compreensível que esse evangelho tão completo e tão bem estruturado, redigido numa linguagem menos saborosa, mas mais correta que a de Marcos, tenha sido recebido e utilizado pela Igreja nascente com notável predileção”, complementam os editores de A Bíblia de Jerusalém.

Em curso bíblico que desenvolveu na Diocese de São Mateus nos anos 1980 e depois difundiu por todo o Brasil, o biblista Carlos Mesters define Mateus como o evangelista que apresenta Jesus com o título de Emanuel, que significa Deus conosco. “De todos os evangelistas, Mateus é aquele que apresenta didática mais clara. A palavra de Jesus é sempre apresentada como resultado de uma ação, e toda ação é sempre ensinamento, anúncio”.

Mesters ressalta que a comunidade cristã, lendo Mateus, é convidada a olhar para dentro de si mesma, a fim de descobrir a presença de Jesus, que ensina a prática da justiça. “Desse modo, a comunidade aprenderá a dizer a palavra certa e a realizar a ação oportuna, no tempo e lugar em que está vivendo”.

Em nota à Bíblia Pastoral, os biblistas Ivo Storniolo e Euclides Balancin reafirmam as posições de Carlos Mesters, explicando que, entre o prólogo (Mt 1-2) e a narrativa da morte e ressurreição de Jesus (26,3-28,20), Mateus divide seu evangelho em cinco livrinhos com os seguintes temas: 1. Condição para poder entrar no Reino (capítulos 3, 4, 5 e 7); 2. Como anunciar o Reino (capítulos 8, 9 e 10); 3. Discursos e parábolas (capítulos 11, 13 e 18); 4. Como se comportar dentro do Reino (capítulos 14 e 17); 5. Como terminará o mundo (capítulos 19, 23, 24 e 25).

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