domingo, fevereiro 9, 2025
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Vida Consagrada

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Meus olhos viram a salvação” – são as palavras de Simeão, homem “justo e piedoso”, que o Evangelho recorda, neste “Dia Mundial da Vida Consagrada”. Muitos homens estavam no templo: só ele viu o que os outros não viram. Naquele menino, levado ao templo, por Maria e José, ele viu o “Salvador do mundo”: o Espírito lhe fez descobrir, naquele tenro recém-nascido, “o Messias do Senhor”. Ao tomá-lo nos seus braços, percebeu, pela fé, que, naquele menino, Deus estava cumprindo as suas promessas e que ele, agora, podia partir em paz.

Também, os que abraçam a “vida consagrada”, são, como Simeão, pessoas simples, que descobriram um tesouro de inestimável valor – como na parábola do homem, que lavrando um campo, encontrou “um tesouro escondido” ou do comerciante de pérolas preciosas, que descobriu uma de “imenso valor”. Deixaram tudo por Ele –sua profissão, a formação de uma família própria, a administração de seus bens particulares– para pertencerem e dependerem somente dEle, Jesus Cristo. Por que o fizeram? Por terem encontrado um tesouro, o maior de todos; por terem ficados fascinados por seu olhar e tiverem sidos conquistados pelo seu ideal de vida!

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Foto: TC Digital

Os votos religiosos de obediência, castidade e pobreza –laços, que nos unem a Cristo e asas, que nos fazem voar– têm um profundo sentido, no mundo de hoje, no qual o valor do ter, poder, saber e prazer são objetos da mais desenfreada procura, quase idolátrica. A luta pelo poder, tanto entre as nações, como entre as classes sociais, entre as associações de vário gênero – que caracterizam o nosso tempo – e, até mesmo, entre as próprias crenças religiosas, fazem de nosso mundo um planeta, ameaçado de extinção.

Algo semelhante ocorre, também, com o dinheiro. É crescente, a divisão entre ricos e pobres, países do Primeiro e do Terceiro Mundo, as classes sociais privilegiadas e as classes sociais empobrecidas. A humanidade divide-se em blocos antagônicos, que lutam, visando aniquilar o adversário. A sexualidade, também, para milhões de indivíduos, se converteu numa humilhante escravidão, que, rebaixando a dignidade humana, a degrada. A vida, perdendo, assim, sua dimensão transcendente, se converte num ideal vazio, a serviço de valores precários e mesquinhos.

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Depois que o imperador romano Teodósio, no ano 380, declarou o cristianismo “religião de Estado”, o ideal cristão se enfraqueceu. Surgiu, então, a “vida consagrada”, para corresponder aos apelos sempre exigentes do Evangelho: tomou formas diversas, em cada época, de acordo com as diversas situações sociais e culturais, sempre se constituindo em testemunho do mundo novo, antecipação do Reino, onde não existe rivalidade sexual, nem busca desenfreada de bens, nem sede de poder.

Em nosso Brasil, a vida consagrada é mais do que nunca necessária. Ela, de fato, vivida com autenticidade, é fermento e modelo das utopias para as quais a humanidade caminha. Hoje, necessitamos de formas de vida religiosa, fiéis ao ideal evangélico, e, ao mesmo tempo, ao mundo em que vivemos. Deus tem abençoado, nos últimos anos, a Igreja do Brasil com numerosas vocações à vida consagrada, embora sejam ainda grandes as suas necessidades pastorais.

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

 

Foto do destaque: TC Digital/Arquivo

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