Por
Luiz Humberto Monteiro Pereira

Agência AutoMotrix

Depois de ser apresentado mundialmente em 2014, o Honda HR-V chegou ao Brasil em março de 2015 –está completando cinco anos no mercado brasileiro. Logo tornou-se um sucesso instantâneo de vendas e conquistou a liderança entre os utilitários esportivos, só perdida em 2017 para o Jeep Compass. Mas o segmento de SUVs está cada vez mais competitivo e não é fácil se manter entre os mais vendidos. Em 2019, o HR-V teve uma média de 4.124 unidades mensais, se posicionando atrás dos Jeep Renegade e Compass, do Hyundai Creta e do Nissan Kicks –no ano, emplacou 28% a menos que o líder do segmento, o Renegade.

Foto: Luiz Kreitlon/AutoMotrix

Para tentar reconquistar posições no ranking dos SUVs, a linha 2020 do HR-V trouxe como principal novidade a volta da versão Touring. Porém seu preço inicial de R$ 139.900 – um valor 23,4% acima dos R$ 113.400 cobrados pela antiga top EXL– não insinua que o HR-V Touring tenha como objetivo ser um puxador de vendas da linha de utilitários esportivos da Honda. A verdadeira função da versão Touring é mostrar que o HR-V pode ser um carro dinamicamente instigante e reforçar a percepção de esportividade do restante da linha, que inclui as configurações mais ‘comportadas’ EXL, EX e LX –essas, sim, com a responsabilidade de engrossar os volumes de emplacamentos do modelo.

Foto: Luiz Kreitlon/AutoMotrix

É sob o capô do HR-V Touring que está a razão de existir da versão: o motor 1.5 turbo a gasolina, também adotado na configuração homônima do sedã Civic. Utiliza turbo de baixa inércia, injeção direta, variação de tempo de abertura das válvulas de admissão e escape (Dual VTC), gerando 173 cavalos a 5.500 rpm, com o torque de 22,4 kgfm de 1.700 rpm a 5.500 rpm. Proporciona um aumento de quase 25% na potência em relação ao 1.8 16V FlexOne de 140 cavalos que equipa as demais versões do HR-V. É acoplado à transmissão continuamente variável (CVT) com 7 marchas simuladas e com função kick down, que reduz rapidamente a relação de marcha para permitir uma retomada mais eficiente quando o pedal do acelerador é pressionado até o fim do curso. Para se adequar ao novo nível de desempenho do motor 1.5 turbo, a versão Touring recebeu uma calibragem específica para o conjunto de suspensão, com novas molas e amortecedores, barra estabilizadora dianteira de maior diâmetro e a adoção da tecnologia Agile Handling Assist (AHA), que aprimora a estabilidade dinâmica do SUV em curvas, aplicando o conceito de vetorização de torque ao modelo.

Foto: Luiz Kreitlon/AutoMotrix

Em termos estilísticos, o HR-V Touring pouco se diferencia do SUV lançado no Brasil há cinco anos. Ostenta o mesmo ‘sorriso metálico’, aquela larga barra cromada que se estende até os faróis alongados. Os faróis principais e de neblina são full-led e a grade frontal tem acabamento em black piano. O teto solar panorâmico é o primeiro do tipo oferecido em um modelo da Honda no Brasil e a antena em formato de barbatana de tubarão também é exclusiva da Touring. As rodas de liga leve aro 17 polegadas com pneus 215/55 R17 são as mesmas em todas as opções do HR-V. Na traseira, o logotipo Turbo e o sistema de escapamento em inox com duas saídas são os únicos diferenciais de estilo.

A atual topo de linha incorporou uma série de luxos e equipamentos inéditos para a linha HR-V, o acionamento do motor por botão de partida e o Smart Entry, que permite a abertura do carro sem o uso da chave, por aproximação. De acordo com a cor externa, o interior da Touring tem a opção de acabamento em cinza claro ou em preto para os bancos, revestidos em um material sintético que simula couro–, laterais de porta, console central e painel. Sensores de chuva e retrovisor fotocrômico automático são de série. Equipado com sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, o modelo oferece câmera de ré –com três modos de visualização– e o bem bolado sistema Honda LaneWatch, que amplia consideravelmente o ângulo de visão do motorista ao exibir na tela do multimídia imagens de uma câmera instalada na borda externa do retrovisor direito quando o motorista aciona a seta ou pressiona um botão na alavanca. A central multimídia touchscreen de 7 polegadas, com conectividade aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto, tem navegador GPS integrado ao sistema.

Foto: Luiz Kreitlon/AutoMotrix

EXPERIÊNCIA A BORDO

Gestão inteligente do espaço

Além das pequenas mordomias que são de série em toda a linha HR-V –como freio de estacionamento com acionamento eletrônico e função brake hold e controle de cruzeiro, vidros elétricos com um toque para subida e descida e destravamento do porta-malas por controle–, a Touring acrescenta ar-condicionado digital touchscreen, volante e bancos revestidos em couro, airbags laterais e de cortina, acendimento automático dos faróis, central multimídia de 7 polegadas com navegador integrado, retrovisores externos com rebatimento elétrico e função tilt down –que abaixa automaticamente o espelho do lado direito quando se engata a marcha a ré.

Foto: Luiz Kreitlon/AutoMotrix

Em termos de aproveitamento de espaço, a grande atração do HR-V vem de série em todas as versões –é o versátil sistema de rebatimento de bancos Magic Seat, apresentado no Brasil no Honda Fit. Oferece três modos de utilização: o Utility permite rebater os bancos traseiros e ter uma superfície verdadeiramente plana para acomodação de bagagens, o Tall proporciona um espaço para acomodar objetos altos no assoalho do veículo e o Long é ideal para o transporte de volumes compridos como uma prancha de surf, rebatendo também o encosto do banco do passageiro dianteiro. Quando vem na cor de carroceria Branco Tafetá, a do modelo avaliado, a Touring traz interior em um tom de cinza claro –que é bastante elegante e amplia a sensação de espaço interno em relação ao revestimento em preto. No entanto, ao mesmo tempo, é mais fácil de se sujar.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR

Brilho sob o capô

Ninguém que entra no HR-V Touring tem dúvidas: o poderoso motor 1.5 turbo a gasolina, importado do Japão, é a grande atração do modelo. Logo que o utilitário esportivo da Honda começa a acelerar, fica clara a razão: a exuberância e a elasticidade do powertrain se tornam absolutamente evidentes. As retomadas são empolgantes porque a entrega de força é praticamente plana em todos os regimes de rotação –o robusto torque máximo de 22,4 kgfm está disponível de 1.700 a 5.500 giros. Isso proporciona acelerações consistentes e progressivas e evita aqueles desagradáveis solavancos quando o turbo entra em ação. Quando é acionado o modo Sport, a rotação fica mil rpm acima nas trocas de marchas e deixa o motor mais ‘cheio’ e capaz de oferecer respostas mais imediatas. Para quem prefere acionar as marchas manualmente, há paddle shifts atrás do volante. Um detalhe interessante é que o ruído dentro da cabine do HR-V Touring é menor em comparação às versões com motor aspirado. O turbo emite um som encorpado, evidenciado pelo duplo escapamento. Curiosamente, esse escape duplicado tornou necessário elevar o piso do porta-malas, fazendo com que a capacidade volumétrica da versão Touring fosse reduzida para 393 litros –10% menor em relação aos 437 litros das configurações com motor aspirado.

Foto: Luiz Kreitlon/AutoMotrix

Entretanto, nem só de motor forte se faz um bom automóvel esportivo. O HR-V Touring também se destaca pela suspensão firme. Molas e amortecedores têm mais carga e a barra estabilizadora tem corpo com maior diâmetro, possibilitando menor rolagem da carroceria nas alterações bruscas de direção, sem comprometer o conforto. Ao andar rápido em trechos sinuosos, o Agile Handling Assist (AHA) mostra sua eficiência ao aplicar força de frenagem na roda dianteira interna da curva sempre que percebe uma tendência de saída de frente, para facilitar o contorno. O eficiente sistema Lane Watch é tão simples quanto inteligente –mostra na tela do multimídia a imagem da câmera colocada no retrovisor direito quando o motorista dá o sinal correspondente ou aperta um botão na ponta da alavanca de seta. Amplia a segurança de uma forma tão óbvia e efetiva que não dá para entender como tal dispositivo ainda não foi copiado pelas marcas concorrentes. Com seus prós e contras, o HR-V Touring se revela uma opção de SUV a ser avaliada por quem procura um carro familiar confortável, não tem tantas restrições orçamentárias e aprecia um veículo dinamicamente mais esportivo.

FICHA TÉCNICA

Foto: Luiz Kreitlon/AutoMotrix

Honda HR-V Touring
Motor:
dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, 1.498 cm3, injeção direta, comando duplo variável, gasolina
Potência máxima: 173 cavalos a 5.500 rpm
Torque máximo: 22,4 kgfm de 1.700 a 5.000 rpm
Taxa de compressão: 10,6:1
Transmissão: câmbio automático CVT com simulação de 7 marchas acionáveis manualmente por meio de ‘paddle shifts’ no volante, tração dianteira

Foto: Luiz Kreitlon/AutoMotrix

Direção: elétrica
Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Rodas e pneus: liga leve aro 17’’ com pneus 215/55 R17
Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS
Dimensões: 4,33 metros de comprimento, 1,77 metros de largura, 1,65 metro de altura,
2,61 metros de entre-eixos
Peso: 1.380 kg em ordem de marcha
Porta-malas: 393 litros
Tanque: 51 litros
Preço: R$ 139.900 na cor sólida Branco Tafetá, como o modelo testado. As cores metálicas Prata Platinum e Cinza Barium e as perolizadas Preto Cristal, Azul Cósmico e Vermelho Mercúrio acrescentam R$ 1.150 ao preço e a perolizada Branco Estelar aumenta em R$ 1.300

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