A Secretaria Estadual da Agricultura, Aquicultura e Pesca (Seag) detalha que, atualmente, a cotação da amêndoa do cacau no mercado internacional (9,5 mil dólares por tonelada) tem favorecido os produtores no Espírito Santo. O valor comercializado do produto mais que dobrou de janeiro a junho deste ano. A alta nos preços incentiva os agricultores do Estado, que é o 3º maior produtor brasileiro de cacau, com expressiva produção em 45 municípios capixabas.
De acordo com a Seag, o cacau proporciona uma renda complementar para muitos agricultores e está presente em 2,60% dos estabelecimentos rurais –2.806– sendo que 69% deles são da agricultura familiar –1.924.
Somente em 2023, estima-se que a produção de cacau alcançou 13,7 mil toneladas –alta de 16,7% em relação a 2022–, em uma área de 17,7 mil hectares. Entre as frutas, o cacau é a terceira na ordem de importância de geração de renda rural, ficando atrás apenas do mamão e da banana. Em 2022, o Estado registrou a produção de 11.703 toneladas, em área colhida de 17.488 hectares, uma produtividade de 669 quilogramas por hectare.

Foto: Seag/Divulgação
SÃO MATEUS
“A Seag, por meio da gerência de Dados e Análises, informa que São Mateus ficou em 3º lugar em relação aos municípios produtores, produzindo 538 toneladas em uma área colhida de 650 hectares com produtividade média de 828 por hectare”, relata a Seag com dados referentes a 2022.
Conforme o Censo Agropecuário de 2017 do IBGE, naquele ano São Mateus teve 651 hectares de área colhida e 422 toneladas de produção. (Com informações da Assessoria de Comunicação da Seag)
Avanço significativo, afirma secretário
“Os dados confirmam que a produção de cacau está avançando significativamente. A grande contribuição econômica dessa atividade é no setor secundário, ou seja, na industrialização da matéria-prima, para a fabricação de derivados de cacau, que com a qualidade que nós temos, gera ainda mais valor agregado. A valorização do produto no setor produtivo está sendo importante para incentivar os produtores a produzirem a principal matéria-prima para fabricação de chocolates” – ressalta o secretário estadual da Agricultura, Enio Bergoli.
A Seag acrescenta que os derivados de cacau capixaba chegaram a 45 países em 2023, tendo como principais importadores o Uruguai (20,45%), a Bolívia (16,73%) e a Argentina (16,44%). As exportações de derivados de cacau alcançaram 2,9 toneladas e 15,7 milhões de dólares. O Espírito Santo é atualmente o quinto maior exportador de cacau e derivados do Brasil. Já neste ano, somente no primeiro trimestre de 2024, as exportações capixabas chegaram a 34 países, somando 4,1 milhões de dólares.
Auxílio aos produtores
O pesquisador e responsável pelo laboratório de fitopatologia do Incaper, Enilton Nascimento de Santana, lembra que o momento de alta nos preços das amêndoas favorece os produtores. “O Incaper realiza um amplo trabalho para o produtor ter avanços na lavoura, auxiliando no controle de pragas, qualidade da amêndoa, produção, checagem, fermentação e armazenamento do grão”, diz.
Enilton frisa que a alta nos preços na bolsa de Nova York em 2024 beneficia os produtores rurais que cultivam o cacau e vendem as amêndoas, bem como as empresas de insumo nos municípios produtores, as empresas de máquina, de serviço, trabalhadores rurais, que são os prestadores de serviço, e as empresas que produzem o próprio chocolate.
“De uma forma geral, todo o comércio local é enriquecido”, explica. O fruto tem alavancado o agronegócio capixaba e gerado mais oportunidades.
Oportunidade de geração de renda
Márcia Ribeiro é de Rio Bananal e conta que o pai sempre produziu café e criou gado, mas há 3 anos viu na cultura do cacau mais uma oportunidade de geração de renda e resolveu investir.
“As minhas plantas aqui, as mais velhas, têm três anos. Quando eu me interessei pela cultura do cacau eu fiz cursos, intercâmbios e estudei bastante antes de plantar e cultivar o cacau e continuo nisso. Sei que a cultura, apesar das dificuldades, é a que mais desperta interesse das mulheres que começam a trabalhar com essa planta. Vejo nas nossas trocas de conversas e experiências o quanto as mulheres gostam e se sentem realizadas em trabalhar com o cacau” – sustenta.
Projeto Mulheres do Cacau
O Governo do Estado, por meio da Seag, desenvolve o projeto Mulheres do Cacau, em ação do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). O Projeto tem como objetivo incentivar e especializar mulheres na prática desse cultivo. É o caso de Nilzete Capellini. “Trabalhando com o cacau há quase dois anos, consegui mudar a renda e o sustento da minha família”, frisou.
O cultivo do cacau tem crescido em importância para o Espírito Santo, passando perto das principais culturas produzidas no Estado, como o café conilon e a pecuária leiteira, segundo o agente de Extensão Rural do Incaper, Lucas Calazans Santos.
“É uma cultura importante, que você consegue produzir as amêndoas e depois armazenar de forma tranquila e fazer a venda no momento que quiser, pois não é perecível. Além disso, é um produto que dá para vender em qualquer quantidade e a um preço razoável. Isso também traz uma segurança ao produtor” – pontua.
Entre os mais de 300 municípios do Brasil que produzem cacau, Linhares é o 6° maior no ranking nacional e concentra 70,7% da produção estadual. Além de quantidade, as produções do cacau capixaba recebem um selo de qualidade. Desde 2012, o Estado tem uma indicação geográfica (IG) registrada no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o que reforça e comprova a qualidade dos produtos de cacau produzidos no Espírito Santo.
Fontes: Secretaria Estadual da Agricultura (Seag) e Censo Agropecuário 2017 do IBGE.
Arte: Rede TC de Comunicações.
Foto do destaque: Seag/Divulgação