SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O telescópio espacial James Webb foi lançado com sucesso pela Nasa às 9h20 (de Brasília) deste sábado (25) da base Kourou, na Guiana Francesa.

O lançamento ocorreu com sete anos de atraso e foi muito comemorado pela agência espacial americana.

“O início de uma nova e emocionante década subiu ao céu. A missão mudará a nossa compreensão do espaço”, publicou a Nasa em sua conta no Twiter, logo após o lançamento. “O telescópio espacial está agora a caminho do seu destino final, a 1,5 milhão de quilômetros da Terra”, escreveu a Nasa na sequência.

“Começa a jornada de milhões de milhas para desvendar os segredos do Cosmos”, escreveu neste sábado o ex-astronauta Bill Nelson, administrador da Nasa, também após o lançamento.

Segundo a agência, o James Webb precisará de aproximadamente duas semanas para implantar suas antenas e espelhos “para sozinho na vastidão do espaço começar a responder às nossas maiores perguntas”.

Os cientistas querem usar o James Webb, o maior e mais potente já construído, para olhar para trás no tempo mais de 13,5 bilhões de anos e ver as primeiras estrelas e galáxias formadas, 100 milhões de anos após o Big Bang.

O projeto da Nasa, concebido em parceria com a ESA (sua contraparte europeia) e com a CSA (canadense), teve seu início formal em 2003, a partir de propostas que remontam aos anos 1990, não muito tempo depois do lançamento do Telescópio Espacial Hubble.

Não por acaso, o projeto vem sendo desde então apresentado como “o sucessor do Hubble”, embora seja importante qualificar de que forma se dá essa sucessão.

Um dos grandes idealizadores do projeto foi John Mather, astrofísico do Centro Goddard de Voo Espacial da Nasa. Ganhador do Prêmio Nobel em Física de 2006, Mather foi um dos responsáveis pelo satélite Cobe, que operou de 1989 a 1993 e mapeou as pequenas variações na radiação cósmica de fundo, o eco em micro-ondas deixado pelo Big Bang.

É, em essência, a primeira luz que circulou livremente pelo Universo, quando ele tinha apenas uns 380 mil anos, e mostra as pequenas flutuações na distribuição de matéria e energia que no fim das contas produziriam estrelas e galáxias.

Já o Hubble, lançado em 1990, foi usado para sondar as profundezas do Universo, reconstruindo os últimos 13 bilhões de anos da história cósmica. Quanto mais longe o objeto observado, mais antigo ele é (porque o tempo que leva para a luz chegar dele até nós, viajando pelo vácuo a 300 mil km/s, é maior).

Com isso, o venerável telescópio espacial, até hoje em operação, conseguiu ver algumas das primeiras galáxias de configuração moderna a surgirem no Universo, uns 500 milhões de anos após o Big Bang. Mas, quando o Hubble tenta enxergar mais longe que isso (e mais para trás no tempo), tudo que ele encontra é escuridão. Não porque não haja nada lá, mas porque a luz que vem de mais longe é invisível para ele.

O Webb, por sua vez, foi projetado para ver o que o Hubble não consegue. Espera-se que ele possa se aprofundar nessa viagem rumo ao passado e enxergar as primeiras galáxias primitivas, mergulhando num período até uns 300 milhões de anos após o Big Bang, quem sabe menos.

Com isso, revelará se realmente param em pé nossos atuais modelos cosmológicos, que indicam como se deu a evolução do Universo desde o início, há 13,8 bilhões de anos, e preenchem as lacunas entre o que já observamos diretamente na radiação cósmica de fundo e nas observações do Hubble.

Foto: NASA / Chris Gunn
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