Não é novidade que o agronegócio tem evoluído muito nas últimas décadas com a implementação, cada vez mais presente, da tecnologia no campo. Em São Mateus não é diferente. E quando a tecnologia se alia à experiência, os resultados são sempre muito positivos.

É o caso do engenheiro agrônomo, Yan Vinturini Vieira Dantas, 26 anos, pós-graduado em Nutrição de Plantas e que trabalha há sete anos na propriedade rural da família, localizada no km-30, na Região dos Quilômetros, com produção de café e pimenta-do-reino.

O gosto pelo cultivo e o amor pela terra herdou do pai, Francisco José Vieira Dantas, que trabalha com agronegócio há mais de trinta anos na região. Yan faz parte da geração de novos produtores que buscam alinhar a experiência dos mais velhos à tecnologia.

Em entrevista à Rede TC de Comunicações, Yan destaca a importância do uso de ferramentas tecnológicas em favor do agronegócio. “As novas tecnologias trazem muitos ganhos. Reduz o tempo das atividades e imprime qualidade no trabalho dos funcionários” – avalia.

A colheita, por exemplo, que era feita de forma manual, passou a ser realizada com o auxílio de máquinas, diminuindo a necessidade de contratar vários trabalhadores rurais. Segundo Yan, eram contratados, em média, quarenta trabalhadores rurais a cada safra. Com a implantação do maquinário a quantidade de contratados caiu para dez.

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Para o agrônomo, um dos desafios atuais é adequar a mão de obra às novas tecnologias.

 

DRONES

Além da mecanização na colheita, a propriedade também passou a utilizar drones para avaliação das áreas, contagem de plantas mortas e identificação de focos de doenças.

Na opinião dele, além da evolução tecnológica que o produtor busca empregar nas fazendas, é necessário ainda inovar na infraestrutura de beneficiamento e transporte.

 

Lavouras passaram de mil para até 100 mil pés de pimenta-do-reino por propriedade, afirma agricultor

 

O pai de Yan, Francisco José Vieira Dantas tem 65 anos, é natural do Rio de Janeiro e produtor rural em São Mateus desde a década de 80. Cultiva café e pimenta-do-reino e conhece bem toda a evolução no setor. Além de Yan, tem mais dois filhos da união com a mateense Auzinéia Maria Vinturini Vieira Dantas.

De acordo com Francisco, no final dos anos 80 a produção de pimenta-do-reino era bem definida no Brasil. “Os estados do Espírito Santo e Pará eram responsáveis por toda a produção nacional. Naquele período, o Pará produzia 85% da pimenta-do-reino e o Espírito Santo ficava com 15% da produção nacional” – afirma.

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A propriedade rural de Francisco Dantas está localizada no km-30, na Região dos Quilômetros, focada na produção de café e pimenta-do-reino.
Foto: Divulgação

 

“O produtor da região, que já cultivava o café, começou a introduzir a pimenta-do-reino aos poucos, com pequenas plantações de até mil pés. Mantinha as duas lavouras [de café e pimenta], só que em pequenas quantidades. Mas com os preços da pimenta ficando mais atrativos, essas lavouras foram aumentando” – lembra.

Segundo Francisco, até a atualidade, a maioria das lavouras é assim. “A diferença é que atualmente algumas propriedades têm lavouras com até 100 mil pés de pimenta-do-reino”.

 

Desafio é melhorar a qualidade do produto

 

Com o aumento do plantio e, consequentemente maior produção, a metodologia de beneficiamento do produto foi mudando ao longo do tempo. Francisco Dantas afirma que o usual era escaldar a pimenta-do-reino, processo que se dava em colocar o produto em um tacho com água fervente mantendo-o sob alta temperatura em torno de dez minutos. Depois, retirava a pimenta e a levava para secar sob o Sol.

“Esse processo era o mais comum, trabalhoso, porém o resultado era um produto de qualidade, com uma coloração homogênea. Por conta da secagem lenta, não tinha cheiro de fumaça e [o grão] ficava com o núcleo bem branquinho” – conta.

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O produtor Francisco Dantas aponta que na atualidade a maioria das fazendas da região cultivam tanto a pimenta-do-reino quanto o café.
Foto: Divulgação

Com o passar do tempo, os produtores começaram a utilizar secadores com fogo. No entanto, o contato direto da fumaça com o grão modificou o cheiro e a coloração dos grãos provocando uma queda na qualidade do produto, segundo ele.

“Então surgiu um problema físico/químico denominado antraquinona, que foi identificado pelo consumidor, que começou a ficar mais exigente. E agora, nos últimos anos, observa-se uma ocorrência maior de salmonella [uma bactéria], que não ocorria quando a pimenta era escaldada” – enfatiza.

Inclusive, por conta da salmonella, os produtores de pimenta-do-reino do Brasil já estão preocupados com a exportação para os mercados europeus, que passaram a exigir uma espécie de certificação do produto como livre da bactéria.

Para Francisco, esse é um desafio, haja vista que a pimenta-do-reino é um produto que vai direto para a mesa do consumidor.

“Temos a tecnologia e vamos trabalhar no sentido de melhorar a nossa pimenta substituindo as fornalhas com fogo direto para o indireto para melhorar ainda mais a qualidade. Esse é o grande desafio e é nisso que estamos trabalhando” – complementa.

 

Foto do destaque: Divulgação

 

 

 

 

 

 

 

 

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