NICOLA PAMPLONA E EDUARDO CUCOLO
RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pela primeira vez desde o final de 2016, o setor de serviços registrou retração, de acordo com dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O setor de serviços, que responde por cerca de 70% do valor adicionado ao PIB, caiu 1,6% na comparação com o trimestre anterior. Foi o maior recuo desde a queda de 2,3% no quarto trimestre de 2008.

Nesse setor, têm peso relevante as atividades imobiliárias, o comércio, o setor público e as 12 atividades que compõem o grupo outros serviços, como alojamento, alimentação, educação e saúde privados, cultura e esporte.

“Isso é natural devido ao fechamento de várias atividades de serviços, como serviços dedicados à família, cabelereiros, restaurantes…”, disse a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis. “O setor de serviços sofreu mais porque foi paralisado temporariamente mais rápido.”

A queda dos serviços, ressaltou Palis, contribuiu para o recuo de 2% no consumo das famílias no primeiro trimestre, o maior desde 2001, já que os serviços têm peso relevante nos gastos dos brasileiros, representando cerca de 50% do consumo.

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A maior retração, segundo o IBGE, se deu nos serviços prestados às famílias, como restaurantes, hotéis e salões de beleza. Eles estão incluídos na categoria outros serviços, que recuou 4,2% no trimestre. Transporte, armazenagem e correio, onde está o transporte aéreo, caiu 2,4%.

Os serviços de informação e comunicação recuaram 1,9% e o comércio, que também sofre perdas com o fechamento dos estabelecimentos para enfrentar a pandemia, teve queda de 0,8%.

A indústria brasileira, segundo maior setor, encolheu 1,4% no período. Uma das subdivisões da indústria, o setor da construção, caiu 2,4% no período. A indústria extrativa teve queda de 3,2% e a de transformação, de 1,4%.

Na indústria da transformação, os principais destaques negativos foram dados pelos setores automobilístico, de artigos de vestuário e de outros equipamentos de transporte, que sofrem influência da queda no consumo das famílias.

A produção de automóveis já vinha sofrendo também pela crise na Argentina, principal mercado das exportações do setor.

A agropecuária, por outro lado, cresceu 0,6% no trimestre, impulsionada principalmente pela safra da soja, que deve ser recorde em 2020.

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