Não é de segredo para ninguém que o Brasil tem passado por um período difícil do ponto vista financeiro por conta dos efeitos da pandemia. Tanto é que os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já revelaram que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 teve forte queda, enquanto o dólar segue num patamar mais elevado.

Porém, o reflexo deste cenário de crise não afetou o setor científico, como está sendo espalhado por toda a mídia. Nos últimos dias, diversas informações a respeito das bolsas de pesquisa científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foram amplamente compartilhadas nas redes sociais como se a entidade estivesse realizando cortes orçamentários. A medida trouxe uma grande preocupação para o meio acadêmico, afinal, tais incentivos mantém o Brasil num status de grande relevância no cenário científico mundial.

Logo, a história não está sendo bem contada. A verdade é que a pandemia impôs algumas mudanças ao CNPq, mas nenhuma delas justifica o tal corte tão alarmado, revela o PhD, neurocientista, jornalista e biólogo Fabiano de Abreu. “A verdade é que, em função deste momento que estamos vivendo, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações criou um novo cronograma para implementar essas bolsas, assim me relataram”.

Para quem não conhece, “o CNPq, gestor da plataforma Lattes, é o que temos de credível para avaliar se as formações do profissional realmente conferem e um ótimo atalho para buscarmos o currículo. Em Portugal há também uma plataforma similar, assim como em outros países”. Isso mostra que o governo não iria deixar de lado o incentivo a algo tão crucial para o país, como a ciência.

Exemplo disso é que “além das 396 bolsas no país divulgadas em abril, a chamada contempla agora 73 bolsas no exterior, totalizando 469 bolsas e os R$ 35 milhões de investimentos previstos. As modalidades previstas na chamada são, no Brasil, Doutorado-Sanduíche Empresarial, Doutorado-Sanduíche no País, Pós-Doutorado Empresarial, Pós-Doutorado Junior, Pós-Doutorado Sênior e Pesquisador Visitante; e, no Exterior, Doutorado Pleno no Exterior, Doutorado Sanduíche no Exterior,  Estágio Sênior e Pós-Doutorado no Exterior”, destaca o Ministério.

Também é preciso lembrar que, conforme lembra o Ministério, se tradicionalmente a chamada é lançada com dois calendários, neste ano houve essa mudança no cronograma de implementação devido às limitações ainda existentes impostas pela pandemia do novo coronavírus.

 

“Como ainda há incertezas em relação ao retorno da normalidade das atividades acadêmicas e, principalmente, para a mobilidade dos pesquisadores, em especial para o exterior, não lançamos, em um primeiro momento, os dois cronogramas geralmente previstos. Proporcionalmente, estamos mantendo a média de atendimento dessa chamada”, ressaltou o presidente do CNPq, Evaldo Vilela.

Vale lembrar que a última chamada, em 2019, por exemplo, contemplou, em um cronograma, 324 bolsas e R$ 24,8 milhões e, no outro, 470 bolsas com os mesmos R$ 35 milhões atuais. “Ou seja, foi mantida a média de bolsas por cronograma”, reforça o presidente.

Outra questão que foi amplamente divulgada nas redes sociais é que o CNPq cortou também o financiamento de quem apresentou projetos para avaliação da entidade. “Dentro do orçamento, são selecionados projetos que podem ser apoiados. Só que muita gente divulgou a lista completa de todos os trabalhos feitos e que foram encaminhados para a diretoria fazer a concessão de bolsas.

Na verdade, o comitê julgador avaliou com mérito milhares destas propostas, mas em nenhum lugar do mundo, seja no Brasil, Portugal, seja qual agência de fomento à pesquisa for, não há orçamento que possa contemplar milhares de escolhas. Por isso as pessoas passaram a achar que houve estes cortes”, completa Fabiano. Os dados completos sobre a concessão de bolsas da CNPq estão publicados no site da entidade.

 

Foto do destaque: Divulgação / MF Press Global

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