O período quaresmal é para os católicos momento de reflexão, oração e renovação. Muitos mantêm tradições neste período, e em especial na Semana Santa, transmitidas pelos avós e pais para viverem com maior intensidade a proposta da Quaresma. Mateenses ouvidos pela Reportagem garantem que em suas casas e na comunidade vivenciam a Semana Santa integralmente.
“Somos católicos e nesse período de 40 dias a nossa Igreja nos chama a rever o nosso comportamento. Quando falamos da Semana Santa é um período em que na nossa Igreja temos o objetivo de tirar um tempo para nos colocar diante de Deus e rever o nosso comportamento diante dele, dos irmãos e de nós mesmos” – afirma Adna Maria Farias Silva, membro da comunidade São João, na paróquia São Mateus.
Adna explica que o encontro pessoal, ou seja, da pessoa com ela mesma, é por meio do jejum – prática sugerida pela igreja no período quaresmal. “Com o jejum me encontro com as minhas limitações, comigo. A oração me faz encontrar com Deus e a esmola é o encontro com o irmão. Esse tripé que sustenta esse tempo quaresmal, que são esses 40 dias, é um tempo de vida de mudança de comportamento, que ajuda o cristão a ser melhor. Então, quando falamos da tradição da nossa igreja, enquanto alimento, comportamento, lembramos que é uma igreja que existe há mais de 2 mil anos conduzindo o seu povo na liberdade” – frisa.
Segundo Adna, a Igreja Católica propõe o tripé -jejum, oração e esmola- mas, permite o livre-arbítrio ao fiel, ou seja, não é uma obrigação.
Abstinência de carne às sextas na Quaresma
Adna Maria Farias Silva relata que na Sexta-Feira Santa é pedido aos católicos que o dia seja de abstinência. Ela destaca que a Igreja sugere que se evite comer carne. “Na minha família, que é católica tradicional de muitos anos, aprendemos com os meus pais a fazer a abstinência de carne todas as sextas da Quaresma, não só na Sexta-Feira Santa. É o período de renúncia, de fazer um sacrifício, mas não porque seja um pecado e Deus vai nos castigar por comermos carne. A igreja orienta que façamos isso para o bem da nossa vida, para revermos o nosso comportamento” – sustenta.

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Membro da comunidade São João, Adna se emociona ao lembrar dos costumes seguidos pela família às sextas durante a Semana Santa. “O meu pai nos orientava e nesse dia parávamos tudo, não fazíamos nada, não podia varrer a casa, lavar a cabeça. Era a tradição, tomávamos banho, mas não podia lavar a cabeça, e nós respeitávamos. Até hoje, é um dia de silêncio nas nossas casas. Não se liga som alto, a gente fala baixo, todo mundo aqui de casa vive o ensinamento passado” – reforça.
FAMÍLIA REUNIDA
Adna ressalta que neste ano um dos sobrinhos convocou toda a família para viverem o que o avô sempre ensinou no ciclo familiar. “Sexta-feira Santa, Sábado Santo e Domingo de Páscoa é dia da família reunida, então vamos nos reunir em Pedro Canário, na casa de um dos meus irmãos. Os nossos pais nos ensinaram e a gente acompanha e segue com um carinho muito grande e vamos levando os nossos filhos a viverem este momento para vivermos a intensidade desse tríduo pascal. Somos muito felizes em sermos católicos” – afirma.
“Vivemos o catolicismo autêntico”, garante religioso de Guriri
Paulo Roberto Martins de Mendonça é membro ativo da comunidade de Nossa Senhora Aparecida (Mariricu), da paróquia São Daniel Comboni, em Guriri. Ele e a esposa Helena Maria Massucati de Mendonça educaram o filho e os netos orientados pelas tradições da Igreja Católica.
“Hoje meu filho reside em Linhares. Temos um neto, que é coroinha, e a família toda está envolvida nos caminhos da igreja. Sempre vivemos o catolicismo autêntico, vivendo o batismo que recebemos” – declara.

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Na opinião de Paulo Mendonça, a Igreja católica é muito ativa. “Ultimamente a participação das famílias [na igreja] é bem viva. Na realidade da minha paróquia focamos nos setores que envolve várias comunidades e automaticamente as famílias. Minha vivência na comunidade é bem presente. Como moro pertinho da igreja, cuido do espaço, ligo e desligo o alarme caso dispare, ajudo de algumas formas a comunidade a caminhar” – orgulha-se.
Segundo Paulo, ele e a esposa têm o hábito de rezar o Santo Terço diariamente, participam dos grupos de reflexão e contribuem com o dízimo de forma consciente. “As pastorais sociais estão quase todas ativas na comunidade. A coordenação atual é ótima e tudo isso incentiva a nós, católicos, a assumirmos a responsabilidade de batizados. Aceitamos os convites e servimos” – frisa.
“Na Semana Santa temos uma programação fantástica. Vivenciamos a Sexta-Feira Santa, o Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa. Lá em casa, reunimos filho e netos no domingo, mas com muita responsabilidade. Praticamos o jejum como a igreja pede, desde a Quarta-Feira de Cinzas, porque a Quaresma é um período de restauração e compromisso” – enfatiza.
“Desejo a todas as famílias de toda a Diocese [de São Mateus] uma feliz e santa Páscoa, e que Jesus ressuscitado nos dê forças para mudanças efetivas em nossas vidas” – complementa.
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