CARLOS PETROCILO E DANIEL E. DE CASTRO

TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – De desacreditada à medalha de prata, a seleção brasileira feminina de vôlei encerrou neste domingo (8) sua jornada nas Olimpíadas de Tóquio com derrota na decisão diante dos Estados Unidos, por 3 sets a 0 (25/21, 25/20 e 25/14)

Sem conseguir encontrar caminhos para fazer frente às americanas, as brasileiras tiveram que se contentar com o vice-campeonato, o primeiro da história da seleção feminina, sua quinta medalha olímpica. A prata se soma aos bronzes de 1996 e 2000 e aos ouros de 2008 e 2012.

Foi a única medalha conquistada pelo vôlei brasileiro em Tóquio, já que a seleção masculina terminou na quarta posição e as duplas da praia foram eliminadas cedo.

Das 11 atletas que estiveram na final deste domingo, 9 subiram no pódio pela primeira vez: as ponteiras Gabi e Ana Cristina, as levantadoras Macris e Roberta, as centrais Carol Gattaz, Carol e Bia, a oposta Rosamaria e a líbero Camila Brait.

As ponteiras Fernanda Garay e Natália, campeãs em Londres-2012, eram as mais experientes com a camisa da seleção e as únicas, além de Gabi, que participaram da eliminação em casa nas quartas de final de 2016, para a China.

As americanas, treinadas pelo lendário Karch Kiraly, foram campeãs pela primeira vez e devolveram a derrota sofrida nas duas decisões em que as brasileiras sagraram-se campeãs.

A oposta Tandara, ouro em 2012, foi cortada na sexta-feira (6), antes das semifinais, quando o resultado de um exame antidoping que fez no Brasil no dia 7 de julho levou a ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) a comunicar o COB (Comitê Olímpico do Brasil) sobre sua suspensão.

Comandante de três ouros olímpicos, um com a seleção masculina em 1992 e os dois da seleção feminina, José Roberto Guimarães, 67, conheceu a sua primeira derrota em uma decisão.

Ele chegou ao ginásio da Ariake Arena para a partida deste domingo sabendo que sua equipe precisava jogar de forma diferente para bater as americanas, após duas derrotas nos últimos meses durante a Liga das Nações, uma delas também na decisão.

“Não fomos eficazes no sistema defensivo, fizemos o jogo de igual para igual e perdemos porque erramos mais”, disse o técnico após a vitória contra a Coreia do Sul que garantiu vaga na decisão de Tóquio.

Mas o discurso não se traduziu em quadra. Se na final da Liga das Nações o jogo pelo menos foi parelho, em Tóquio as brasileiras não conseguiram esboçar uma reação consistente. Não houve mexida de Zé Roberto, torcida da delegação presente ou música do DJ da arena que fosse capaz de mudar o cenário.

As brasileiras não conseguiram conter as investidas de Jordan Larson, Michelle Bartsch-Hackley e de Andrea Drews.

A seleção brasileira chegou ao Japão sob desconfiança cinco anos depois do seu pior resultado em 28 anos nos Jogos: a queda nas quartas de final na edição do Rio de Janeiro. Além disso, a equipe atravessou um ciclo atormentado por lesões e maus resultados, como o sétimo lugar no Mundial de 2018.

Houve baixas importantes no elenco, como as centrais bicampeãs Thaisa, que se aposentou da seleção em abril, e Fabiana, que recentemente teve um filho.

Estados Unidos, Sérvia, Itália e China desembarcaram no Japão como principais cotados ao pódio. Surpreendentemente, a equipe chinesa, atual campeã olímpica, foi eliminada na primeira fase. As sérvias tiraram as italianas nas quartas e perderam para os EUA na outra semifinal -acabaram com o bronze.

A seleção brasileira chegou ao mata-mata de forma invicta e com um caminho teoricamente mais tranquilo. Nas quartas, superou a Rússia por 3 sets a 1 e marcou encontro com a Coreia do Sul, que protagonizou outra surpresa ao eliminar a Turquia.

No mesmo dia da semi, a seleção acordou com a notícia do corte de Tandara. Ela voltou para o Brasil horas depois, sem ter contato com o grupo, que fez um pacto para permanecer focado no confronto e não comentar o assunto antes de garantir a vaga na final e a medalha olímpica. A concentração imperou, e as brasileiras atropelaram as sul-coreanas por 3 sets a 0.

Com o lugar no pódio garantido, o clima no ginásio foi de muita festa e alívio. As jogadoras ficaram bastante tempo em quadra comemorando em meio a abraços e tiraram fotos.

Diante da frustração na final contra os EUA, ficam aqueles registros para marcar o retorno ao pódio após tantos percalços.

Foto de destaque: COB

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