quarta-feira, janeiro 22, 2025
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Seacrest atrasa pagamentos e trabalhadores fazem paralisação

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Cerca de 80 trabalhadores de empresas terceirizadas que prestam serviços nas estruturas da Seacrest em São Mateus iniciaram um movimento paredista nesta semana, segundo informa o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES). De acordo com o diretor regional do Sindicato, Reinaldo Alves de Oliveira, que está acompanhando os desdobramentos da situação, houve uma paralisação na quinta-feira e outra nesta sexta-feira (6).

Ele explica que, inicialmente, os trabalhadores em greve tentaram impedir a troca de turno pela manhã, no entanto houve um acordo e a troca foi feita. Porém, o sindicalista frisa o objetivo do grupo, que protesta defronte aos portões da Estação Fazenda Alegre e na antiga base da Petrobras em São Mateus onde funciona atualmente a sede da Seacrest, é de não permitir a entrada de trabalhadores até que os pagamentos sejam efetuados.

Reinaldo detalha ainda que está sendo permitida a entrada apenas de trabalhadores para que a operação não seja paralisada totalmente para não comprometer a segurança das instalações.

Um protesto de trabalhadores por atraso em pagamento de salários foi registrado na manhã desta sexta-feira defronte à sede da Seacrest em São Mateus.
Foto: Reprodução

O diretor regional do Sindipetro afirma que os trabalhadores mais afetados são os técnicos de manutenção que até a tarde desta sexta ainda não haviam recebido a primeira parcela do 13º salário e nem o pagamento do salário do mês de novembro, que deveria ter sido pago até esta sexta.

Reinaldo lembra que o Sindipetro-ES vem alertando para os recorrentes problemas identificados na operação da Seacrest em São Mateus, como os acidentes ambientais registrados e as dificuldades financeiras que a empresa enfrenta, atrasando pagamentos de fornecedores e de salários dos funcionários.

“Eu diria que a situação é catastrófica. A gente tem acompanhado. É preocupação social, pois estamos temendo dias terríveis para o setor de petróleo em São Mateus” – frisa Reinaldo.

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“A gente não tem dinheiro”, diz funcionário da Seacrest a trabalhadores

Na manhã desta sexta-feira, durante uma manifestação de trabalhadores contra atrasos nos pagamentos de salários, um funcionário da Seacrest disse ao grupo defronte à Estação Fazenda Alegre (EFAL) que a empresa não tem dinheiro neste momento para cumprir os compromissos financeiros. O diretor regional do Sindipetro-ES, Reinaldo Alves de Oliveira, enviou para a Reportagem um vídeo onde o colaborador aparece conversando com os trabalhadores. De acordo com Reinaldo, trata-se do gerente de manutenção da EFAL, André Pereira.

No vídeo, é possível identificar a seguinte fala: “Vou passar para vocês a informação que eu tenho e estou passando para todo mundo. Qual é a nossa situação hoje na Seacrest? A gente não tem dinheiro. Isso aí nunca escondi de ninguém e isso aí todo mundo já sabe”.

Segundo o funcionário, a Seacrest apresenta duas situações como soluções. A primeira, de acordo com o que é possível identificar no vídeo, a empresa vendeu 25% dos ativos para um investidor estrangeiro e aguarda a entrada desse dinheiro no caixa à medida que o contrato seja concretizado. Com isso, pelas falas do colaborador, espera-se que até o dia 15 de dezembro, esse contrato esteja firmado para que a empresa pague o que deve e entre em 2025 sem dívidas com fornecedores e trabalhadores.

Outra situação relatada pelo funcionário que aparece no vídeo conversando com os trabalhadores é a venda de um navio com óleo que deveria ocorrer no dia 3, mas que a embarcação atrasou a chegada ao Brasil. Segundo o homem, o navio estava na Argentina e estaria a caminho do Rio de Janeiro para fazer o carregamento do óleo. No vídeo ele explica aos trabalhadores que teria sido feito um acordo para, assim que iniciar o embarque, que tem previsão de demorar 10 dias, a Seacrest receberia parte do pagamento para iniciar os pagamentos em atraso.

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“Então, esse dinheiro que vai entrar, é o que vai salvar a todos. Não é só vocês não, é pagar todos os fornecedores e a gente começar o ano, janeiro, sem dívidas, essa é a nossa esperança. O navio era para chegar dia 3, estava na Argentina, atrasaram e deram uma nova previsão pra gente, dia 7, que é amanhã [sábado], então a gente estava contando nos dedos. Todo mundo, até a própria operação, dizendo que a gente precisa fazer os serviços. Eu falei: cara não dá. Até o dia 7 a gente não tem nada e não tem como prometer nada. E aí, agora, a gente recebeu uma nova previsão que o navio está em São Paulo, mas ele só vai chegar dia 11, então a gente não tem…” – disse o funcionário no vídeo.

“Não vejo solução nem para amanhã”

Ainda no vídeo que a Reportagem teve acesso, o trabalhador, que aparece com uniforme azul da empresa Seacrest, avisa que não estava discutindo ou mesmo negociando, mas apenas repassando informações. “Então, assim, dizer que a gente vai dar uma solução hoje, até porque eu não tenho esse número oficial, eu não vejo, não vejo solução imediata. Não vejo solução nem para amanhã [este sábado] porque eu estava contando para amanhã. Então, como o navio não vai encostar, isso já é certeza e a previsão foi dada para o dia 11, eu não sei qual é a posição que a empresa vai passar daqui pra frente”.

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Segundo o funcionário, no mês passado, o salário dos trabalhadores da Seacrest teria sido pago condicionado a uma outra venda de óleo. No vídeo ele afirma ser também trabalhador e que não está satisfeito com a situação. “Nós estamos juntos. Foi provisionado no mês passado porque se entendia o quê? Se não tivesse o dinheiro para o pessoal da operação, como é que ia rodar? Do mesmo jeito que vocês vão parar, a gente também, se não receber salário. Vai ficar assim [braços cruzados]? Não vai!”.

“A gente também vai gritar. A gente é profissional como vocês, um farda azul é assalariado como todo mundo. Então, se não receber, como é que a gente vai ficar? Provisionaram no mês passado o salário da gente e [a primeira parcela do] décimo [terceiro]. A próxima parcela do décimo não tem porque não tem mais dinheiro. E [a empresa] contou o quê: Dia 3 o navio vai chegar, então vai salvar a gente; a gente pega esse dinheiro e paga todo mundo”.

O vídeo finaliza com o trabalhador afirmando que a Seacrest não pagou nenhuma empresa terceirizada e faz o compromisso de manter os funcionários atualizados com novas informações. “Nós temos um problema operacional que vocês sabem, isso aqui não pode parar”.

 

SEACREST

Procurada pela Reportagem, a Seacrest não respondeu os questionamentos sobre o motivo dos atrasos nos pagamentos relatados por trabalhadores e Sindipetro-ES e nem quais soluções pretende apresentar, limitando-se a informar que “está comprometida com a manutenção das atividades no Espírito Santo”.

 

Foto do destaque: Seacrest

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