Todos os anos, nesta época, Tedir Figueiredo Carvalho, 86 anos, segue o ritual que aprendeu e herdou do pai, João Figueiredo. Ela é a responsável pela ornamentação do andor que é carregado por fiéis nesta sexta-feira (27), em comemoração ao Dia de São Benedito, co-padroeiro de São Mateus. Há décadas, Tedir encara a missão, sempre com um tema diferente, com muito carinho, fé e devoção. Este trabalho que assumiu com o pai, diz que passará para a filha Venina Figueiredo, atual vice-coordenadora da Comunidade de São Benedito Centro.

Aos 86 anos, dona Tedir Figueiredo afirma que a missão que recebeu do pai passará para a filha Venina. Foto: TC Digital

Além da filha, Tedir afirma que toda a família é devota, inclusive tem várias histórias envolvendo o mais amado santo dos humildes. Uma delas, envolve o filho Éder, hoje com 54 anos e que, aos 15 dias de nascido, foi descoberto um eczema nos pés conhecido como fogo selvagem. Ela relata que, graças à fé em São Benedito, o filho foi curado. Conforme disse, o filho foi para Caldas do Jorro, na Bahia, conhecido pelo valor medicinal das águas termais, onde se curou.

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Com lágrimas no rosto, dona Tedir revela que fez uma promessa para São Benedito. Se a doença do filho fosse curada, doaria, todos os anos, 100 peças de roupas confeccionadas por ela. Conforme ressalta, a promessa é cumprida e até hoje ela consegue costurar entre 200 e 270 peças durante o ano para doar para crianças carentes da comunidade.

Outra história envolve diretamente dona Tedir. Ela recorda que, certa vez, estava hospitalizada, mas teve alta a tempo de participar da procissão, mesmo debilitada. Tedir afirma que saiu da procissão, tomou um banho e foi dormir. No outro dia, acordou renovada e sem sentir nenhuma dor. Por essas e outras histórias que se sente protegida do santo. Segundo ela, a bisneta, de apenas três anos, andava de roda gigante quando levou um susto por conta da altura que o brinquedo alcançou e disse: “Ai meu São Benedito da vovó!”.

Dona Tedir acrescenta que, em um certo ano, chegou a ‘brigar’ com um padre, que insistia em não deixar os fiéis saírem em procissão na chuva. “Subi no banco da Igreja e gritei: ‘Quem for feito de beiju, fica’. Não ficou ninguém e saímos em procissão debaixo de chuva”.

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“Tudo que pede com fé, recebe”

José Antônio e Benedita Santos: voluntários e devotos de São Benedito. Foto: TC Digital

Dona Benedita Santos, que tem o nome homônimo ao do santo homenageado nesta sexta-feira (27), não sabe explicar o que motivou os pais dela a optar por esta escolha. Mas afirma que pode ter relação a alguma bênção recebida, já que toda a família é devota de São Benedito, o santo padroeiro dos negros. “Tudo que pede com fé, recebe”, disse Benedita, que tem 58 anos e ajuda nas obrigações cotidianas na Igreja de São Benedito. Na manhã desta quinta-feira (26), ela e o tio José Antônio da Silva, de 83 anos e que é surdo-mudo, trabalhavam nos preparativos da festa em homenagem ao co-padroeiro de São Mateus.

A voluntária afirma que possui uma devoção muito grande ao santo e ora todos os anos pedindo bênçãos para os familiares e para toda a comunidade católica mateense. Ela foi quem interpretou os gestos do tio, que disse que é devoto e fica muito feliz em poder ajudar na preparação da festa.

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