BRUNO RODRIGUES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na entrevista coletiva depois da derrota por 3 a 0 para o Palmeiras, em Avellaneda, na última terça-feira (5), o técnico do River Plate, Marcelo Gallardo, ainda tentava assimilar o tamanho do baque sofrido no jogo de ida da semifinal da Copa Libertadores.

“Precisaríamos ter uma noite épica [para nos classificarmos], dessas que existem no futebol e que acontecem de vez em quando. Mas acontecem. Nos agarraremos nisso”, afirmou o treinador, bicampeão do torneio continental e presente em três das últimas cinco finais.

Nesta terça (12), às 21h30 (SBT e Conmebol TV transmitem), no Allianz Parque, Gallardo e seus comandados vão em busca de uma noite épica que o River já viveu anteriormente na

Libertadores, inclusive com o próprio técnico, em 2017. O cenário, porém, era consideravelmente mais favorável para os argentinos naquela ocasião.

Há quatro anos, o time de Nuñez foi à Bolívia para enfrentar o Jorge Wilstermann, em duelo válido pelas quartas de final da Libertadores.

Apesar de ter encerrado o jogo com 60% da posse de bola, superioridade estatística que é padrão da equipe de Gallardo, o River sofreu nos 2.500 metros de Cochabamba e foi derrotado por 3 a 0 nos primeiros 90 minutos da série.

A volta diante do Wilstermann, em Buenos Aires, teve todos os elementos que o confronto com o Palmeiras não oferecerá aos argentinos. Fundamentalmente, o fato de decidir em casa e com o apoio de sua torcida.

Em apelo similar ao da semana passada, Marcelo Gallardo pediu aos torcedores do River Plate que acreditassem na virada sobre os bolivianos. E eles atenderam ao pedido.

Com quase 60 mil torcedores no Monumental de Nuñez, o time já vencia o Jorge Wilstermann por 3 a 0 aos 19 minutos de jogo, com três gols de Ignacio Scocco. Antes de ir para o intervalo, Enzo Pérez anotou o quarto, resultado suficiente para classificar o River à semifinal.

Na volta para a etapa final, a equipe de Gallardo continuou em cima dos bolivianos e não só conseguiu sua noite épica, como entrou para a história da Libertadores. Com mais dois de Scocco, outro de Enzo Pérez e um de Nacho Fernández, os argentinos fecharam a goleada em 8 a 0, o maior triunfo em jogos de mata-mata na era moderna da Libertadores, que desde 2000 é disputada no atual formato.

Aquele time, contudo, é muito diferente do atual de Gallardo. Dos titulares na derrota para o Palmeiras em Avellaneda, apenas quatro iniciaram a remontada diante do Wilstermann há quatro anos: Gonzalo Montiel, Javier Pinola, Enzo Pérez e Nacho Fernández. Scocco, o artilheiro daquela goleada, atua hoje no Newell’s Old Boys.

Além do ambiente criado para o jogo de 2017, com um estádio lotado empurrando a equipe para a improvável virada, o adversário havia presenteado os argentinos com outro aspecto que o Palmeiras se policiou para não oferecer, ao menos publicamente: motivação extra.

Antes mesmo de enfrentar o River Plate naquelas quartas de final, o meio-campista Cristian Chávez, revelado pelo rival Boca Juniors e jogador do time boliviano na época, disse que todos lhe pediam que eliminassem “as galinhas”, apelido pejorativo como a torcida do Boca se refere aos seus pares do River.

Depois da vitória por 3 a 0 na ida, vazou um vídeo do capítão da equipe de Cochabamba, Edward Zenteno, no qual xingou os argentinos no discurso prévio aos companheiros ainda no vestiário. “Eu quero que se danem os gaúchos de merda, vamos romper o c… deles”, afirmou Zenteno.

Clima bastante distinto ao que antecede o duelo desta terça, em São Paulo.

“Sabemos que ainda tem um jogo e que o River é um time forte. Ninguém pode relaxar e ainda faltam 90 minutos em que pode acontecer qualquer coisa. Temos que cuidar do resultado e jogar com inteligência de novo”, disse o capitão palmeirense Gustavo Gómez após o ótimo resultado em Avellaneda.

Em 2017, na única ocasião em que um visitante venceu por três gols de diferença o jogo de ida da semifinal (3 a 0), o Grêmio confirmou a vaga na decisão mesmo perdendo o duelo de volta, em Porto Alegre, por 1 a 0, para Barcelona de Guayquil.

O River Plate tentará derrubar a escrita em uma noite que, para ser épica, terá de ser perfeita. E com a dose de sorte que acompanha os campeões.

“Se alcançaremos ou não, não sei, mas iremos tentar para nos sentirmos orgulhosos sobre o que queremos jogar. Temos de jogar uma partida perfeita. E temos mostras sólidas para nos apegarmos. O tema é senti-lo. Se está só no ar, morre no ar”, disse Gallardo, o primeiro a sentir que é possível.

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