Por
Wellington Prado
Repórter
O Espírito Santo esteve representado nos Jogos Olímpicos de Tóquio com nove atletas. Natural de Nova Venécia, Richarlison foi o único a conquistar medalha, subindo no lugar mais alto do pódio com a Seleção Brasileira de Futebol. Além disso, com cinco gols, foi o artilheiro da competição.
No handebol, os representados do Estado foram Alexandra, de Vila Velha, e Vinícius Teixeira, de Linhares. As seleções feminina e masculina não tiveram grandes resultados na competição e foram eliminadas na primeira fase.
No vôlei de praia, o Estado esteve representado com Alison (dupla com o paraibano Álvaro) e Bruno Schimidt (dupla com o carioca Evandro). Natural Vitória, Alison foi eliminado nas quartas-de-final. Apesar de ser natural de Brasília, Bruno é radicado em Vila Velha. Ele foi eliminado nas oitavas-de-final.
Na ginástica brasileira, as capixabas Geovanna Santos (Pinheiros) e Déborah Medrado (Serra), também não conseguiram classificação para a segunda fase dos Jogos Olímpicos.
Nascido em Vitória, mas naturalizado libanês, o judoca Nacif Elias também participou dos Jogos Olímpicos defendendo o Líbano. Ele foi eliminado na primeira luta. De Vila Velha, o velocista André Camilo chegou na semifinal da prova dos 100 metros rasos e caiu no revezamento 4×100 na fase de classificação.
“Esporte não é só um cara chutando no gol”, diz Richarlison ao cobrar mais investimentos par ao setor
“Passou da hora de nosso País entender que esporte não é só um cara chutando no gol ou enterrando a bola numa cesta: é bem-estar, saúde, disciplina e segurança”. Esse trecho é de uma carta aberta aos atletas e ao povo brasileiro apresentada pelo atacante Richarlison, medalhista de ouro e artilheiro do futebol nos Jogos Olímpicos. O tom da carta é de cobrança por mais investimentos na formação de atletas.
“Nós levamos o nome do nosso País ao mais alto nível com muito orgulho, geramos exposição e rendimentos, além de representar nossa gente e nossa bandeira. Então, nada mais justo do que haver um retorno mais significativo” – sustenta.
O capixaba iniciou a carta manifestando que pisar em solo olímpico é um grande sonho de todo atleta. Richarlison lembrou que o caminho esportivo dele foi “barra pesada”. “Tive uma infância difícil, vim de família humilde e tive que ralar um bocado para chegar aonde cheguei. Quantas vezes fecharam a porta na minha cara. Eu perdi a conta. Mas persisti, batalhei e consegui. Bom, acho que isso é comum a todos nós que estamos aqui no Japão” – afirma.
Richarlison frisa que desde o momento em que chegou em Tóquio viveu os Jogos Olímpicos ao máximo, assistindo competições, vibrando, torcendo, “ficando bravo com juiz” e se emocionando. “Mais do que isso, conheci trajetórias lindas de seres humanos de muita luta e perseverança, atletas que chegaram ao auge de seus esportes com pouco ou nenhum tipo de apoio ou estrutura”.
Esforço sobre-humano
“O resultado desse esforço quase sobre-humano de realizar os seus sonhos serão novas Rebecas, Rayssas, Alisons, Ana Marcelas, Heberts, Isaquias, Darlans, Thiagos, enfim… meninas e meninos que surgirão adiante só porque foram inspirados por cada um de vocês” – frisa Richarlison, direcionando o texto aos atletas brasileiros.
Contudo, o atacante enfatiza que o momento “é de começarmos a pensar em deixar para as futuras gerações um maior investimento em esporte, desde a escola até o profissional; e de melhorar as condições para que nossos atletas possam desempenhar o melhor possível e viver daquilo que amam fazer”.
Ele ressalta que o futebol realmente é o esporte com maior investimento no País, com boas estruturas nos grandes clubes. “Mas não podemos viver eternamente em uma bolha, onde apenas alguns poucos se destacam, pois, dentro do nosso próprio esporte, mais de 90% dos jogadores no nosso País ralam todo dia por um salário-mínimo ou menos. E ainda há a disparidade para o futebol feminino, que é ainda maior, apesar de toda a trajetória de lutas e conquistas das meninas nos últimos anos”.
A partir de agora, Richarlison pede licença “para ser mais uma voz gritando pelo alto para ajudar a mudar essa situação”. Conforme disse, para que “possamos dar a oportunidade às crianças, que hoje se inspiram nas nossas trajetórias, para que cheguem ao Olimpo do esporte”.
“Tenho muito orgulho de fazer parte disso e de ser conterrâneo de todos vocês! Obrigado por tudo e parabéns a todos atletas do Time Brasil! Vocês são verdadeiros heróis e campeões!”
Foto do destaque: Lucas Figueiredo-CBF/Divulgação
