SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A polícia de Israel investiga duas cartas recebidas pela família do primeiro-ministro Naftali Bennett em um período de menos de 48 horas. A mulher e um dos filhos do premiê foram os destinatários de dois envelopes que continham ameaças e munições de arma de fogo.

A primeira carta foi enviada na terça-feira (26) e motivou a abertura da investigação. Os detalhes do conteúdo e as suspeitas das autoridades estão sendo mantidos sob sigilo, mas a imprensa israelense divulgou que o primeiro envelope teria sido enviado ao antigo local de trabalho de Gilat Bennett, esposa do premiê.

De acordo com uma fonte anônima ouvida pelo jornal Haaretz, a carta mencionava Yoni Bennet, 16, filho mais velho do casal e continha frases como “nós vamos pegar vocês”. O fato de o envelope conter uma munição teria levado as autoridades a atribuírem maior peso a essa investigação em comparação com as ameaças que tradicionalmente são feitas a Bennett pelas redes sociais.

Israel
Foto: Reprodução/Twitter/@naftalibennett

Nesta quinta-feira (28), foi a vez de Yoni receber ameaças. O conteúdo da carta não foi divulgado publicamente, mas segundo o Haaretz, o envelope também continha um cartucho de arma de fogo. O adolescente havia publicado na terça em seu perfil no Instagram um texto em que defendia o pai das críticas e se referia aos autores da primeira ameaça como “pessoas que que passaram por uma lavagem cerebral”.

“Uma divergência política, não importa quão profunda seja, não deveria evoluir para violência, bandidagem e ameaças de morte”, disse o premiê, em um comunicado. “Nós temos que fazer tudo, como líderes e como cidadãos que se importam com nosso futuro e com o futuro das crianças deste país, para que tais fenômenos simplesmente não existam.”
Na quarta-feira (27), véspera do Dia Internacional da Lembrança do Holocausto -celebrado nesta quinta-, Bennett voltou a tocar no assunto durante um discurso no Yad Vashem, considerado o memorial oficial das vítimas do massacre promovido pelo regime nazista.

“Mesmo durante o capítulo mais sombrio da história judaica, durante o inferno de extermínio de nosso povo, a esquerda e a direita não encontraram uma maneira de trabalhar juntas”, disse. “Meus irmãos e irmãs, não podemos permitir que o mesmo gene perigoso do facciosismo desmantele Israel por dentro.”

O primeiro-ministro recebeu manifestações de solidariedade de aliados políticos, como o chanceler Yair Lapid -futuro premiê de acordo com os termos da coalizão formada para governar o país-, que disse que o episódio é um “triste lembrete” do que a incitação pode provocar.

O ministro da Defesa, Benny Gantz -que compunha a coalizão com o ex-premiê Binyamin Netanyahu- também condenou o episódio fazendo referência ao assassinato de Yitzhak Rabin, em 1995, por um extremista religioso em Tel Aviv.

“No passado, a incitação e a violência levaram a assassinatos políticos. Uma bala em um envelope pode se transformar em três balas disparadas de uma arma”, escreveu Gantz, acrescentando que “unidade e resiliência” devem ser a base do poder.

O representante da ultradireita israelense Bezalel Smotrich, por sua vez, relativizou o peso das ameaças e insinuou que elas podem não ser verdadeiras. “Existem lunáticos de ambos os lados, mas isso não tem nada a ver com as críticas políticas e públicas duras e pungentes aos atos horríveis que Bennett e seus associados estão fazendo”, argumentou.

Segundo o extremista, conhecido por declarações abertamente racistas, homofóbicas, xenofóbicas e segregadoras, o premiê poderia estar usando o episódio para “melhorar sua posição pública e deslegitimar a direita e seus protestos”.

De acordo com o Haaretz, um morador do sul de Israel foi condenado a cinco meses de prisão em novembro de 2021 por ter ameaçado diretamente o primeiro-ministro e a mais três meses por ameaças destinadas aos familiares de Bennett.

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