KATNA BARAN
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – A cidade de Toledo, no oeste do Paraná, vai servir de estudo para a Pfizer sobre a imunização de toda a população, incluindo adolescentes a partir de 12 anos, contra a Covid-19.

O anúncio foi feito pelo governo Ratinho Jr. (PSD) em reunião com a farmacêutica nesta terça-feira (24). O município tem população estimada de 142.645 habitantes.
Segundo a prefeitura, a cidade foi a única de um país em desenvolvimento a ser escolhida pelo laboratório para o estudo. A pesquisa é observacional e tem como foco entender como a imunização de toda a população acima de 12 anos vai se refletir nos números da pandemia.

Por enquanto, o imunizante da Pfizer é o único autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aplicação em adolescentes. A solicitação feita para uso da Coronavac na faixa dos 3 aos 17 anos foi negada pela agência.

Ainda de acordo com a prefeitura, além de características demográficas e geográficas favoráveis, a cidade foi escolhida por seguir alguns parâmetros, como melhor estrutura e organização do sistema de vacinação e de enfrentamento à pandemia. A gestão recebeu nota máxima do Tribunal de Contas do Paraná no critério de transparência sobre a imunização.

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“Fizemos de todo o possível para cumprir tudo aquilo que foi estabelecido, isso levou 98% da população vacinada a procurar a segunda dose. Toledo quer vacina e está perto da excelência”, declarou o prefeito Beto Lunitti (MDB).

Para a pesquisa, a cidade recebeu uma remessa exclusiva de 35.173 doses da Pfizer, já autorizada pelo Ministério da Saúde, para aplicação no restante da população adulta ainda não vacinada e nos adolescentes de 12 a 17 anos.

A imunização exclusiva com a Pfizer se inicia nesta quinta (26), com jovens de 19 e 20 anos. O cronograma prevê que adolescentes até 12 anos recebam a primeira dose até a próxima segunda-feira (30). Na terça (31), haverá repescagem dos grupos. Menores de 18 anos devem estar acompanhados dos pais ou responsáveis no atendimento.

Devem ser aplicadas cerca de 7.000 vacinas por dia, com ampliação de equipes e de pontos de atendimento, de acordo com a prefeitura.
O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, destacou que a pesquisa vai ser importante para coletar informações sobre o comportamento do imunizante em jovens e adolescentes.

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“Vamos ter condições de, com esses dados, estudar como vai se comportar o escudo imunológico nesses jovens e adolescentes”, afirmou. “Com a chegada de novas variantes, com a mudança de comportamento do coronavírus, precisamos dessas informações.”

As tratativas da prefeitura com o laboratório tiveram início em maio e foram intermediadas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem curso de medicina em seu campus na cidade. Em junho, a negociação avançou, com a participação do Ministério da Saúde, que incluiu a vacinação no Plano Nacional de Imunização (PNI).

“Foi estabelecido um pacto de confidencialidade entre o município, as pessoas envolvidas e todas as instâncias que começaram a discutir essa proposta”, contou o prefeito.
Até esta terça, Toledo aplicou 124.905 doses de vacinas contra a Covid-19. Destas, 89.949 são primeiras doses, abrangendo 63% da população total, e 34.956 são segundas doses ou doses únicas, cobrindo 24,5% dos habitantes. A maior parte dos imunizantes aplicados até então é da AstraZeneca (44,7%).

A cidade contabiliza 424 mortes por Covid-19 e 25.438 casos da doença, segundo boletim estadual. A média de mortes de 297 pessoas por 100 mil habitantes está abaixo da registrada no Paraná, de 324.

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Em nota, a Pfizer confirmou a intenção de realizar estudo sobre a vacinação em Toledo e que a imunização completa da população é premissa para que ele seja conduzido.
Segundo a farmacêutica, a documentação e o protocolo do estudo epidemiológico observacional já foram aprovados pelo CONEP (Comitê de Ética em Pesquisa), mas outras tratativas ainda precisam ser confirmadas para o andamento do levantamento.

“Estudos que avaliam a utilização da vacina em vida real vem sendo feitos em todo mundo e são fundamentais para o entendimento das estratégias vacinais e medidas de controle da pandemia”, finalizou na nota.

Estudos parecidos, mas restritos à população adulta, foram conduzidos pelo Instituto Butantan com a vacinação com a Coronavac na população de Serrana (SP) e com o imunizante Oxford/AstraZeneca em Botucatu (SP).

 

Foto do destaque: Reprodução

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