NATÁLIA CANCIAN
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em pronunciamento ao lado de representantes de secretários estaduais e municipais de Saúde, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira (25) que o país vive “uma nova etapa da pandemia” de Covid-19, com aumento na contaminação que pode “surpreender gestores”.

Foto: Erasmo Salomão/MS.

Nesta quinta (25), completou-se um ano do diagnóstico do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, um dia antes o país bateu a marca de 250 mil mortes pela doença.

Para Pazuello, esse aumento está ligado às novas variantes do coronavírus. “Hoje o vírus mutado nos dá três vezes mais contaminação e a velocidade com que isso acontece em pontos focais pode surpreender o gestor em termos de estrutura de apoio”, disse. “Vimos locais que no ano passado não estavam impactados nessa época do ano e estão impactados agora”, afirma.

Já para os representantes de secretários estaduais e municipais de Saúde, a medida também está ligada a uma queda na adesão da população a medidas como distanciamento.

“Precisamos ligar o alerta, porque vamos viver semanas muito difíceis, talvez as mais difíceis enfrentadas na pandemia”, afirmou Carlos Lula, presidente do Conass (conselho que representa secretários estaduais de Saúde). Para ele, o mês de março poderá ser o mais difícil já enfrentado devido ao alto número de estados com leitos ocupados.

“Nunca tivemos tantos estados com tanta dificuldade ao mesmo tempo, seja por novas cepas ou pelo cansaço da sociedade”, afirmou Lula, citando que 15 estados já têm taxas de ocupação dos leitos acima de 90%.

Em Santa Catarina, segundo ele, a ocupação já chega a 110% -o que indica uma lista de espera por vagas.

Mais cedo, Lula disse em reunião de gestores que o mês de março poderá vir a ser o mais difícil que o país já enfrentou com a Covid. “Temos que ser claros na sociedade nisso”, afirmou.

“Terminamos a contabilidade de termos feito o transporte de mais de 600 pacientes do Amazonas para outros estados. Hoje teria uma dificuldade muito maior para fazer isso, porque todo mundo está no seu limite”, disse ele.

Ainda no encontro, Pazuello citou três ações prioritárias para enfrentar a pandemia nessa etapa: atendimento imediato de casos em unidades básicas de saúde, aumento de leitos de UTI, inclusive com possibilidade de transferência de pacientes, e vacinação contra a Covid-19.

No entanto, Pazuello não mencionou medidas de prevenção simples, como usar máscara e evitar aglomerações. Coube aos representantes dos estados e municípios ressaltarem as medidas.

“Todos os estados têm tentado criar mais leitos. Mas temos que entender que apenas criar leitos não adianta. Precisamos da ajuda da sociedade. A sociedade tem que entender que não é hora de fazer festa, de estar junto”, disse Lula.

“Orientamos secretários municipais a fortalecer medidas protetivas, conforme o fator epidemiológico local. A sociedade precisa entender que a fase que passamos agora é mais difícil do que no início da pandemia no Brasil. Pedimos que a população não abandone a obediência cega à ciência”, afirmou o presidente do Conasems, Wilames Bezerra.

“Precisamos voltar a orientar a isolar os contaminados, obedecer hábitos de higiene e vacinar grupos prioritários.”

Recentemente, porém, a baixa oferta de doses levou parte das capitais a suspenderem temporariamente suas campanhas de vacinação -parte delas retomou a medida nesta semana.

De acordo com Pazuello, o cronograma de vacinação começa a dar sinais de “estabilidade em termos de produção e quantidade de doses”. Ele voltou a repetir a promessa de vacinar cerca de 50% da população até julho.

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