O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) apresentou à Rede TC, nesta sexta-feira (28), o parecer técnico em que afirma que a espada encontrada no Rio Cricaré é um artefato identificado como espada reta chinesa, decorativa e recente, produzida e utilizada no século XX. Dessa forma, o Iphan descartou o valor histórico do artefato. Porém, conforme o parecer técnico, documentos históricos apontam que a Batalha do Cricaré “efetivamente ocorreu, no entanto, o objeto achado em nada tem ligação com este evento”.

Ainda segundo o Instituto, “não houve indícios suficientes para o registro como sítio arqueológico da localidade onde foi encontrada a referida espada, pois que não foram identificados vestígios nem estruturas arqueológicas em campo, nem a confirmação da espada como artefato arqueológico”. O parecer técnico foi realizado pelo arqueólogo Rafael Borges Deminicis, da Superintendência do Iphan no Espírito Santo.

Em entrevista à Rede TC na tarde desta sexta, no Ceunes, Rafael explicou que a vistoria da espada foi feita em São Mateus e o objeto continua em poder de Weverton Pirola Martins, o Beto, que o encontrou no fundo do rio. “Fotografamos, consultamos especialistas e, por algumas questões e elementos muito característicos daquela espada, ela foi certificada de que não era histórica, deste período” – afirmou.

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O arqueólogo enfatiza que, apesar disso, a espada se tornou famosa pelo fato de ter sido anunciada como objeto histórico. “Caso a pessoa queira, até mesmo para simbolizar este momento, poderia talvez doar para o museu como símbolo dessas circunstâncias, que foi bastante peculiar. Virou história de certa forma”.

RELATÓRIO DO IPHAN
Rafael descreve ainda no relatório que foram consultados o pesquisador e curador do acervo de armas do Museu Histórico Nacional, Juarez Fonseca Menezes Guerra, e com o doutor em História, técnico da Superintendência do Iphan-RJ, Adler Homero Fonseca de Castro. “A ambos expliquei o caso e encaminhei as imagens da espada das quais eu dispunha. O pesquisador Juarez Fonseca mencionou que o pomo de espada de guerra ibérica característico do século XVI seria a espada rapineira, e menciona que a espada mostrada não se parece com nenhum exemplar do século XVI. Adler Homero foi bastante enfático ao verificar que não se trata de exemplar do século XVI, mas possivelmente de uma réplica, bastante recente, possivelmente, uma espada decorava chinesa” – escreveu o arqueólogo no relatório.

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ESPADA DO CRICARÉ

A espada encontrada no Rio Cricaré no dia 17 de março, por Weverton Pirola Martins, foi entregue ao historiador Eliezer Nardoto, que procurou a Rede TC e disse ter enviado fotos do objeto para a Marinha do Brasil. A Rede TC contatou em São Paulo o especialista Carlos Fernando Parreira Júnior, considerado um dos maiores entendedores de armas militares da América do Sul, que afirmou que a espada era do século XVI.

Em visita ao local onde a espada foi encontrada, de frente para o Bar do Zeca, nas Meleiras, Carlos Fernando reafirmou que o artefato não somente era do período colonial, como deveria ter pertencido a um nobre, devido às características dela: “águia bicéfala, pomo e guarda-mão ricos em detalhes, possivelmente vinda da Península Ibérica, de Toledo, na Espanha, ou de Portugal”.

No entanto, arqueólogo do Iphan Rafael Borges Deminicis registra no relatório técnico que buscou informações com outros arqueólogos e historiadores, que indicavam ser a espada semelhante a artefatos chineses dessa natureza. “Por exemplo, as características e a distinção entre as espadas chinesas, japonesas e coreanas. A espada do Rio Cricaré possui cabo de madeira, e o encaixe da lâmina ao punho é por aparafusamento, sendo o pomo mais inseguro, pois a lâmina não tem qualquer apoio, exceto o parafuso na ponta, e reforço do encaixe com a guarda, apontada para cima e decorada com uma fênix. Todas características previstas entre as espadas retas chinesas recentes, disponíveis no mercado”.

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São Mateus–ES

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