O Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) apresentaram, ontem à tarde (4), em live no YouTube, a atualização dos indicadores da Economia do Turismo relativos ao 1º trimestre de 2020. Os dados estão disponíveis em um painel interativo que possibilita a análise dos impactos enfrentados pelo setor em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
“Este é um produto inovador e único no País. O Espírito Santo mais uma vez sai na frente entre as unidades da Federação com esse produto que possibilita aos gestores da área do turismo –estaduais, municipais e da iniciativa privada– monitoramento, planejamento e desenvolvimento de ações voltadas às atividades características do turismo com base em evidências científicas” – destacou o diretor-presidente do IJSN, Pablo Lira.
No Espírito Santo, 178 mil pessoas trabalham nas chamadas Atividades Características do Turismo (ACTs), com um rendimento médio real de R$ 1.822,24, totalizando R$ 317 milhões de massa de rendimento. Este grupo representa 9,4% do total de pessoas ocupadas no Estado no primeiro trimestre de 2020, próximo à média nacional, de 9,3%. Comparando com os demais estados, o Espírito Santo ocupa a 9ª posição no ranking dentre as unidades da Federação com maior participação.
A maioria destes trabalhadores atua no setor de alimentação e transporte, concentrando quase 85% dos ocupados no segmento turismo. A maior formalidade das relações de trabalho aparece no setor de alimentação, seguida por transporte, atividades culturais e desportivas e alojamento.
De acordo com o documento do IJSN, que tem como base a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, no 1º trimestre de 2020, as atividades turísticas no Estado registraram variação negativa de -12,8% na comparação ao trimestre anterior.
Lira pontuou que este é um primeiro trimestre de exposição dos impactos da pandemia da covid-19 sobre o setor. “Os resultados possibilitam diagnosticarmos os problemas para pensarmos conjuntamente o desenvolvimento de soluções e medidas mitigadoras para o período da pandemia e pós-pandemia”, completou
“A queda da atividade turística em março por conta da pandemia e da necessidade de distanciamento social está confirmada com estes números que não são diferentes quando observamos a própria Região Sudeste, onde estão concentrados os principais estados geradores de fluxo turístico no País” – afirmou o secretário estadual de Turismo, Dorval Uliana.

VARIAÇÃO NEGATIVA

Desde 2018, esta é primeira vez que o Estado acumula variação negativa na comparação com as demais unidades da Federação. “Vínhamos em um cenário de crescimento do setor. Estamos trabalhando junto às instituições que compõem o setor, secretarias municipais e instâncias de governança no sentido de criar ações de retomada da economia do turismo capixaba e já contamos com importantes apoios do Sebrae e Senar para que estas ações a curto, médio e longo prazos possibilitem a retomada do setor” – comentou o secretário Dorval Uliana.
O evento virtual contou com contribuições ao vivo da academia e Ministério do Turismo (MTur). O professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ednilson Silva Felipe parabenizou pela inovação do estudo que, segundo ele, “traz bases conceituais e metodológicas muito bem trabalhadas, além de preencher uma lacuna do setor, que possui trabalhos escassos na literatura tradicional”.
Para o professor, é clara a relevância da atividade no arranjo econômico do Estado. “Nos dados, percebemos também a sensibilidade do turismo em relação à crise, durante esta pandemia e nas crises econômicas de um modo geral. Mas, ao passo que vemos os reflexos das crises, também observamos os resultados do esforço de um trabalho muito sério que vinha sendo feito (pré-pandemia), no sentido de robustecer as instâncias e regiões turísticas. Já entre os desafios do setor, está a necessidade de equalizar os dados de emprego no que tange à informalidade e aos valores médios de salários” – analisou.
O coordenador-geral de Projetos Turísticos e mediador da Rede de Inteligência de Mercado do MTur, Cristiano Borges, enfatizou a importância do trabalho. “Tão importante quanto gerar dados, é dar uso a eles e a disponibilização desses dados em um painel interativo facilita o entendimento de todos possibilitando a sua utilização por governos, empresários, investidores e academia”, disse.
Os produtos estão disponíveis nos sites do Observatório de Turismo e do Instituto Jones dos Santos Neves. A elaboração e monitoramento dos dados é resultado de uma parceria entre a Setur, o IJSN e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here