O Senhor está perto: alegrai-vos
O terceiro domingo de Advento é chamado “o Domingo da Alegria”. Não é a alegria do mundo, balofa e superficial, conforme o adágio americano: “Everything is funny, when you have got in your pocket a lot of many” (alegria é ter muito dinheiro no bolso), mas, é uma alegria muito mais profunda e verdadeira: a alegria messiânica de um Deus, que, no seu amor por nós, envia o seu Filho, para que todos “tenham vida e vida em abundância”. “A alegria – diz o grande escritor inglês, Chesterton (1874-1936), – é o formidável secreto do cristão. “Um coração alegre – diz um ditado da sabedoria oriental – faz tanto bem, quanto os remédios”
“O Senhor está próximo” é o fundamento da nossa alegria – diz São Paulo. Eco da mensagem do profeta Sofonias: “o Senhor, teu Deus está no meio de ti, como teu poderoso Salvador”. O Mistério do Natal – do Deus, que tomou o nosso lado, – é a revelação esplêndida do amor extremado do Pai, que envia seu Filho, para, nEle, sermos elevados à dignidade de seus filhos adotivos, enriquecidos com o dom do seu Espírito e da herança eterna. Explode, assim, a alegria, em nosso coração, por tamanha bondade! “Procura justiça, procura méritos, procura motivos – diz Santo Agostinho – para ver se encontra algo que não seja graça”. Já estamos na reta final, mas, para subir ao pódio, há muita estrada ainda a percorrer!
“Que devemos fazer?” – pergunta, que ressoa no Evangelho de hoje: a mesma foi feita a Pedro, pela multidão, no dia de Pentecostes. Se encontravam, entre a multidão de peregrinos, também, funcionários públicos (cobradores de impostos) e soldados. Todos manifestaram o desejo de acolher dignamente o Messias, libertador de seu povo de toda opressão. O Precursor sugere o desprendimento dos bens materiais: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem e quem tiver comida faça o mesmo”. A alegria nasce a partir do coração: quando nos dispomos a fazer o bem e a realizar obras boas de justiça e solidariedade.
A partilha demonstra que Deus é profundamente solidário com os sofrimentos e as esperanças de seu povo. No banquete da vida, todos – ninguém excluído – têm direito a ter acesso aos bens da criação. A justiça é o sinal concreto de conversão, pois somos todos chamados a vencer o nosso egoísmo e a exercer o nosso ofício ou profissão, para amar e servir. Jesus disse, no Sermão da Montanha: ”Vocês são a luz do mundo”: como a vela ilumina, brilha e aquece, em humilde serviço, assim, o discípulo de Cristo.
As indicações de João Batista são, mais do que nunca, atuais: a perfeita alegria não se encontra no ter sem medida, ou, no poder tirânico, ou, na ciência, que incha, mas, em anunciar Jesus Cristo, único Salvador do homem, e testemunhá-Lo, fazendo de nossa vida um dom de amor, humilde e gratuito, aos outros. Maria, a “Bem-aventurada porque acreditou”, nos ajude, em discernir entre as diferentes propostas de salvação, que nos são propostas, aquela que traz a verdadeira e plena felicidade.
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(Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)