Campinas (SP) – Mal começou o Outono e o relatório do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostra que entre 12 e 19 de abril, apesar das chuvas, a umidade mínima do ar em grande parte do País fica abaixo de 40%, menor índice considerado saudável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Só escapam do ar seco nesta semana a Região Norte e o leste do Nordeste.

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier e membro titular do Conselho Brasileiro da Oftalmologia (CBO) a baixa umidade pode funcionar como veículo de novas infecções pelo coronavírus.

Isso porque, afirma, aumenta os casos de olho seco. “A deficiência da lágrima torna a superfície do olho mais exposta às agressões externas. Resultado: O vírus chega às vias respiratórias através do canal lacrimal que interliga o olho ao nariz” – esclarece.

 

PESQUISA

O especialista ressalta que isso explica o resultado de uma pesquisa realizada no Reino Unido com 83 participantes que tiveram covid-19. De acordo com os pesquisadores, o olho seco é a alteração mais frequente antes de contrair o coronavírus.

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“Dos participantes, 23% tiveram diagnóstico três semanas antes dos primeiros sintomas de infecção respiratória –tosse seca, falta de ar e febre. A segunda queixa mais frequente antes da infecção foi coceira nos olhos que atingiu 14% do grupo e a fotofobia com incidência de 13%” – destaca Queiroz Neto, afirmando que estes outros sintomas são característicos do olho seco que também causa vermelhidão, sensação de areia nas pálpebras e visão embaçada.

 

FATORES DE RISCO

Queiroz Neto afirma que a deficiência da lágrima é um distúrbio multifatorial. “Além da baixa umidade pode ser causada pelo uso intenso de computador e celular que aumentou na pandemia com as aulas online e o trabalho home office, permanecer muito tempo em ambientes climatizados, menopausa, fazer tratamentos com antialérgicos, diuréticos, antidepressivos ou reposição hormonal, doenças alérgicas, autoimunes, inflamação da pálpebra ou da córnea”.

 

DIAGNÓSTICO

O oftalmologista esclarece que a lágrima tem três camadas: aquosa, lipídica e proteica. “Hoje o diagnóstico é automatizado, indolor e permite acompanhar a melhora do filme lacrimal através das imagens dos exames. A disfunção mais frequente acontece na camada lipídica que aumenta a evaporação da aquosa” – salienta.

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TRATAMENTO

Nos casos mais leves o tratamento pode ser feito com colírios lubrificantes, mas sempre sob supervisão médica. “Isso porque a substância ativa difere de um lubrificante para outro e insistir no uso de um colírio impróprio agrava o problema”. O médico ressalta que para os casos mais avançados o mais indicado é a luz pulsada que desobstrui uma pequena glândula na borda da pálpebra responsável pela produção da camada gordurosa da lágrima.

 

PREVENÇÃO

As dicas de Queiroz Neto para prevenir o olho seco são: “beber bastante água, descansar os olhos das telas digitais olhando um ponto distante, piscar voluntariamente durante o uso dos equipamentos, incluir na dieta peixes gordurosos e castanhas para garantir a produção da camada lipídica da lágrima, colocar vasilhas com água nos ambientes”.

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