MATHEUS ROCHA

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Após mais de 80 anos de sumiço, um felino voltou a circular pela cidade do Rio de Janeiro. Trata-se da onça-parda, espécie considerada extinta na capital fluminense havia 20 anos. A confirmação de que o animal de fato voltou veio com a publicação de um artigo na revista científica Check List.

Professor do programa de pós-graduação em ensino, ambiente e sociedade da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e líder da pesquisa, Jorge Pontes diz que analisou ao lado de outros pesquisadores os registros da onça ao longo do tempo e comprovou que o segundo maior felino do Brasil voltou a circular na cidade.

O registro mais antigo é de 2007, quando foram encontradas pegadas do animal na Reserva Biológica Estadual de Guaratiba, na zona oeste do Rio. Já o mais recente é deste ano e foi feito por meio de uma fotografia de um aluno do pesquisador.

O animal também foi flagrado por câmeras de segurança do Sítio Burle Marx, na zona oeste do Rio, no final de junho.

De acordo com Pontes, é provável que o animal tenha voltado a aparecer porque as condições ambientais melhoraram, com a recuperação de áreas que haviam sido degradadas. “Isso deu condições para ele e outros animais voltaram a sobreviverem nesses locais.”

“Associado a isso, talvez a pressão urbana em outras áreas em que elas vivem esteja dificultando a permanência e elas sejam obrigadas a procurar outras regiões”, diz ele, acrescentando que a onça-parda conseguiu se adaptar a áreas urbanas.

Um exemplo disso, lembra Pontes, são as frequentes aparições do felino em regiões urbanas de São Paulo. Na segunda-feira (18), bombeiros e uma equipe de veterinários foram acionados para retirar uma onça-parda do banheiro de uma casa em São Pedro, no interior do estado.

O Zoológico Municipal de Piracicaba disse que foi preciso aplicar um dardo anestésico para resgatar a onça com segurança. O animal foi solto em seu habitat, em uma mata da região.

Segundo Pontes, um dos motivos do desaparecimento da onça no Rio está ligado à degradação dos locais em que ela costumava viver.

“A perda de habitat por causa do desmatamento faz com que, além de não terem um ambiente favorável, elas não tenham recursos para se alimentar.” Além disso, diz o especialista, a caça ajudou no desaparecimento da espécie.

Problemas como esses fizeram com que o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) classificasse o animal como vulnerável.

Entre 2012 e 2017, a entidade estabeleceu o Plano de Ação Nacional para a Conservação da Onça-parda para proteger o animal.

A iniciativa buscava ampliar a proteção dos habitats do felino, expandir conhecimentos sobre sua conservação e reduzir conflitos com atividades humanas. Com o fim do programa, a espécie passou a ser protegida pelo Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Grandes Felinos.

“A volta da onça-parda ao Rio mostra que a gente precisa ter uma atenção redobrada com a fauna, ou seja, ter programas e políticas públicas para garantir a sua manutenção”, diz Pontes.

Foto: Cenap – Icmbio / Divulgação
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