sábado, abril 26, 2025
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O Profeta Ezequiel

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Profeta visionário, Ezequiel, filho de Buzi, da classe sacerdotal, – formava a aristocracia do povo de Israel –, seu nome significa: “Deus fortalece”, do hebraico “Yehezel”. Junto com Isaias, Jeremias e Daniel, é um dos quatro “profetas maiores” de Israel: foi o primeiro a profetizar fora de sua pátria. Viveu em um dos períodos mais conturbados na história de seu povo: a escravidão numa terra estrangeira, a Babilônia (586-538 a.C.).

Nabucodonosor, tendo ocupado Jerusalém, deportou o seu povo para a Babilônia. Também, Ezequiel – ainda jovem de 24-25 anos – junto com o rei de Judá, Joaquim, toda a família real, os artesãos habilidosos e os cidadãos mais proeminentes, conheceu o caminho do exílio. Casado, sua esposa, pelo embate do cativeiro, veio logo a falecer. Deus predisse a Ezequiel a morte súbita dela; proibiu-lhe, porém, lamentar o ocorrido, pois devia servir como sinal, para mostrar ao povo de que Javé é solidário com a humana desventura e com todos os que vivem situações semelhantes.

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Após cinco anos de exílio – ele tinha 30 anos – recebeu o chamado profético, que a Bíblia registra, como uma das histórias mais extraordinárias de convocação. Numa visão sobrenatural, Deus, sentado em seu trono glorioso, apareceu a Ezequiel e lhe disse: “Filho do homem, eu te envio a um povo rebelde, que se revoltou contra mim. Não se deixa intimidar por sua obstinação e arrogância!”.

Ezequiel viveu intensamente sua consagração a Deus e, ao mesmo tempo, foi um homem totalmente dedicado ao seu povo e às causas de Deus. Na visão do vale das ossadas áridas, ele retrata a Deus: no grande amor pelo seu povo, transforma as trevas em luz, a morte em vida. Como, no início dos tempos, em que Ele transformou o “caos primordial” (a desordem inicial) em “cosmos” (na harmonia do céu e da terra), para seu nome ser glorificado e o ser humano, elevado à dignidade de filho, colaborador e herdeiro.

Não existe profecia, que não gere esperança, e Ezequiel é o profeta da esperança: esperança da vinda de um novo Pastor, o rei messiânico – enviado por Javé, para o seu povo voltar para a sua própria terra, e viver em paz e segurança. Esperança de receber um dom: “um novo coração e um novo espírito”. Esperança, enfim, da fundação de uma nova sociedade, o Reino, onde a justiça é afirmada e a fraternidade praticada, sobretudo, a favor do “órfão, da viúva e do estrangeiro”, e das categorias mais fragilizadas.

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Muitas vezes e de muitas formas, Deus falou aos nossos pais pelos profetas” – escreve Paulo. Assim, Ezequiel anuncia que Deus ama o seu povo e sua predileção é entreter-se com ele, usando os modos mais variados:  templo, tradições orais, livros sagrados, instituição religiosa, classe sacerdotal, mundo da criação, sinais dos tempos e uma voz, que fala no íntimo dos corações. Pois Deus é Espírito e o Espírito é como o vento, sempre em movimento: sopra quando, como e onde ele quer. Ao povo cabe escutar sua voz e pô-la em prática, para ter plenitude de vida e felicidade.

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

Foto do destaque: TC Digital

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