A Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial lançada no início deste ano, foi o tema do 15º Meeting de Líderes Industriais, que reuniu empresários e lideranças em Pedra Azul, Domingos Martins. Realizado pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e pelo Centro da Indústria do Espírito Santo (Cindes), o evento é tradição no calendário capixaba.
Na noite do primeiro dia de evento, sexta-feira (08), o ator, produtor, humorista e palestrante motivacional Nelson Freitas levou os presentes a fazerem uma reflexão sobre como enfrentar desafios e se reinventar pode levar ao crescimento pessoal e profissional. O encontro também foi marcado pela entrega do Prêmio Boas Práticas Sindicais, que reconheceu o Sindifer (1ª lugar), o Sindipães (2º lugar) e o Sindiplastes (3º lugar) como entidades referência para o associativismo.
Já o segundo dia de evento, sábado (09), foi inteiramente dedicado às discussões sobre a NIB. Empresários e lideranças capixabas puderam entender melhor como a política industrial pode ser positiva para o Espírito Santo e Brasil. O presidente da Findes, Paulo Baraona, em seu discurso de abertura falou sobre o futuro.
“Com a NIB, temos a oportunidade de redesenhar e fortalecer as bases da nossa economia industrial. Se olharmos mundo afora, a indústria foi a grande responsável por transformar nações que são hoje grandes potências. Fazer política de desenvolvimento industrial é o que vai ajudar o país a crescer, se fortalecer e gerar oportunidades, não só para a indústria, mas todos os setores econômicos”, apontou.
Baraona ainda lembrou alguns dados importantes sobre o setor: “A indústria representa 38,3% do PIB capixaba, são mais de 19 mil indústrias no Estado, entre pequenas, médias ou grandes, que geram quase 253 mil empregos formais diretos. Além disso, é o setor que mais investe em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e inovação, quase 70%, no país”.
A vice-presidente do Cindes, Sandra Kwak, lembrou que a instituição tem um papel extremamente relevante para incentivar o empreendedorismo e para formar lideranças. “Nosso olhar coletivo combinado com o trabalho para desenvolver negócios, contribui para termos um estado cada vez mais próspero e referência para o Brasil. Olharmos com atenção para cada missão da NIB será uma importante ferramenta para o desenvolvimento do nosso Estado”, pontuou.
O governador em exercício, Ricardo Ferraço, que também participou de uma mesa redonda afirmou em seu discurso que “O Espírito Santo é um Brasil que vem dando certo. Temos muitos desafios, mas a cada ano que passa vamos superando-os com apoio de segmentos estratégicos como a indústria”.
Entre as autoridades e lideranças que participaram do Meeting estiveram o deputado federal Evair de Melo, os deputados estaduais Tyago Hoffmann e João Coser, o procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Francisco Berdeal, além de presidentes eméritos da Findes, presidentes de sindicados das indústrias, empresários e outras lideranças.
A NIB é uma oportunidade para o desenvolvimento do ES e do Brasil
Ao longo da manhã de sábado (09), os empresários e lideranças presentes no 15º Meeting de Líderes Industriais conferiram três palestras e uma mesa redonda sobre a Nova Indústria Brasil (NIB). O primeiro a falar sobre o tema foi o doutor em Economia, professor de economia na FGV-SP, conselheiro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.
O tema abordado pelo economista foi o desenvolvimento econômico como uma forma de aprendizagem industrial produtiva. Ao longo de sua apresentação, trouxe exemplos de como países como Taiwan, Suíça e Holanda se desenvolveram e enriqueceram a partir do desenvolvimento industrial. Gala afirmou ainda que o avanço econômico está conectado ao domínio de tecnologias avançadas. Dessa forma, países que lideram em inovação tecnológica tendem a possuir economias mais robustas e influência geopolítica significativa.
“Os países ricos continuam fazendo commodities e agro, a exemplo EUA, França e Espanha –, mas também são potências industriais e tecnológicas. O Brasil também é uma potência em commodities e no agronegócio, o que falta é virar uma potência industrial e tecnológica. Temos muitas oportunidades surgindo para que isso aconteça, a exemplo das tecnologias ligadas à transição verde. Precisamos usar do setor agro e das commodities para alavancar valor e nos industrializar”, afirmou.
A segunda palestra foi feita pelo secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira Lima. Doutor em Desenvolvimento Econômico, ele abordou os caminhos para a neoindustrialização brasileira. Wallace apontou a capacidade que a indústria tem de gerar empregos mais qualificados e com melhor remuneração não apenas dentro o setor, mas também para o segmento de serviços.
“Quando pensamos em neoindustrialização, temos que pensar no efeito de transbordamento e do adensamento das cadeias produtivas. Países de alta complexidade tecnológica geram empregos de alta renda. Por isso, que a indústria impacta nos tipos de empregos gerados no setor de serviços, já sendo mais tecnológicas vão precisar de serviços de maior valor agregado”, comentou.
A terceira palestra foi realizada pelo superintendente da Área de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), João Paulo Pieroni, que abordou as linhas de financiamento oferecidas pela instituição e que fazem parte da Nova Indústria Brasil (NIB), além de ter dado o caminho para acessá-las. “Começamos a observar no Brasil uma expansão da capacidade produtiva”, avaliou.
A mesa-redonda “A NIB e seu reflexo no ES” encerrou a programação do 15º Meeting de Líderes Industriais. Ela contou com a participação do governador em exercício, Ricardo Ferraço, do vice-presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Léo de Castro, e do diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Marcelo Saintive.
O evento teve como patrocinadores: ArcelorMittal, Samarco, Sicoob, Suzano, Vale, Banestes, Bandes, EDP Brasil, Imetame, Sesi, Furtado Nemer Advogados, VLI, Cesan, Damare. E como apoiadores as empresas: Coroa, Ranking, Garoto e Ervas Naturais.
Por Siumara Gonçalves
Foto do destaque: Thiago Guimarães