SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O médico da Casa Branca, Sean Conley, confirmou que o presidente dos EUA, Donald Trump, precisou de oxigênio suplementar pelo menos uma vez desde que recebeu diagnóstico de Covid-19.

O chefe da equipe que atende o presidente também informou que o republicano começou um novo tratamento com o uso de dexametasona, medicamento indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para casos severos de Covid-19.

Apesar disso, os médicos voltaram a afirmar que o presidente está reagindo muito bem aos tratamentos. Segundo a equipe, Trump pode receber alta já nesta segunda (5) do Hospital Militar Walter Reed, onde foi internado na sexta-feira (2), e continuar o tratamento na Casa Branca.

Em entrevista coletiva neste domingo (4), Conley disse que Trump teve dois episódios de queda na saturação de oxigênio. Isso significa que, em decorrência da infecção por coronavírus, a concentração de oxigênio transportado pelo sangue do presidente começou a cair.

No sábado (3), Conley disse que a saturação de oxigênio do líder americano era de 96%, índice considerado normal em pessoas saudáveis. Mas neste domingo, o médico da Casa Branca contou que a primeira queda de oxigênio de Trump ocorreu ainda na manhã de sexta-feira (2), pouco depois do anúncio do diagnóstico.

Conley disse que, na ocasião, ficou “preocupado com uma possível progressão acelerada da doença” e recomendou o uso de oxigênio suplementar para verificar a reação do presidente.

Trump, inicialmente, resistiu ao tratamento. “Ele estava bastante inflexível, [e disse que] não precisava disso. Ele não estava com falta de ar. Estava cansado, tinha febre, e só isso”, disse o médico.

“Depois de cerca de um minuto, com apenas dois litros [de oxigênio suplementar], seus níveis de saturação voltaram a mais de 95%”, afirmou Conley. Segundo ele, depois da intervenção médica, Trump voltou a ter apenas sintomas leves.

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No sábado, houve ainda outro episódio de queda na saturação, mas a equipe médica não deixou claro se o presidente precisou de oxigênio suplementar mais uma vez. Questionado pelos jornalistas, Conley voltou a dar respostas evasivas.

“Eu precisaria checar a informação com a equipe de enfermagem. Se ele usou [oxigênio suplementar], foi algo muito limitado”, disse.

Ainda segundo Conley, Trump também começou a tomar dexametasona, um esteroide utilizado em casos graves de Covid-19. Segundo o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, é “excepcionalmente importante que esse medicamento seja reservado para casos severos”. Estudos científicos indicam que, se usada em casos mais leves, a dexametasona pode estar associada à replicação do coronavírus, agravando a infecção.

Trump também está sendo submetido a tratamentos com outros dois medicamentos, segundo a equipe médica do Walter Reed. No sábado, o presidente tomou a segunda dose de remdesivir, antiviral criado para combater o ebola e autorizado para uso emergencial em pacientes infectados pelo coronavírus.

Os médicos também deram a Trump o coquetel conhecido como REGN-COV2, uma combinação de cópias sintéticas de anticorpos humanos. O medicamento emula a função do sistema imunológico para combater os vírus e vem sendo estudado para uso em pacientes nos estágios iniciais da Covid-19.

Os esclarecimentos desde domingo vêm depois de um sábado marcado por informações confusas e contraditórias que deixaram o mundo sem saber o real estado de saúde do presidente americano.

A equipe médica se recusava a fornecer respostas definitivas sobre o uso de oxigênio suplementar e também causou confusão em relação à data do diagnóstico dado a Trump e à primeira-dama, Melania.

Questionado sobre o desencontro entre as informações sobre a real condição do líder americano, Conley disse que “estava tentando refletir uma atitude otimista da equipe e do presidente” sobre a evolução da doença.

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“Eu não queria dar nenhuma informação que pudesse levar o curso da doença em outra direção e, ao fazê-lo, pareceu que estávamos tentando esconder algo, o que não é necessariamente verdade.”

Além de Conley, o chefe de gabinete do Trump, Mark Meadows, também contribuiu para o conjunto de informações nebulosas que se formou ao redor do líder republicano.

Instantes depois do fim da entrevista coletiva de sábado, Meadows contrariou a equipe médica e disse que Trump estava passando por um período “muito preocupante”.

A declaração foi dada sob condição de anonimato a um grupo de jornalistas que tem acesso direto aos eventos oficiais e é responsável por distribuir informações da Casa Branca aos demais repórteres.

Ao longo do dia, porém, diferentes veículos de imprensa dos EUA confirmaram que o chefe de gabinete era o responsável pela informação.

Depois da repercussão do caso, Meadows falou novamente com os jornalistas e adotou um tom mais otimista. “Os médicos estão muito satisfeitos com os sinais vitais [de Trump]. Eu o encontrei por diversas vezes [para debater] vários assuntos”, disse à agência Reuters.

Mais tarde, à Fox News, o chefe de gabinete admitiu que o estado de saúde do presidente era muito pior do que o inicialmente informado por funcionários da Casa Branca, ele incluso.

“Ontem [sexta] de manhã estávamos muito preocupados. Ele estava com febre, e o nível de oxigênio dele havia caído rapidamente”, disse o chefe de gabinete, antecipando o que o médico do presidente diria na entrevista coletiva deste domingo. Segundo Meadows, Trump teve uma “melhora inacreditável”.

No último boletim, divulgado antes da entrevista coletiva, o médico da Casa Branca afirmou que Trump “continua indo bem”, mas não está fora de perigo.

De acordo com o comunicado, o presidente teve “progresso significativo desde o diagnóstico” de Covid-19 e permanece sem febre e sem necessidade de oxigênio suplementar, mas a equipe médica continua “cautelosamente otimista”.

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O memorando também afirma que Trump passou a maior parte da tarde de sábado “conduzindo negócios”. Nas redes sociais, a Casa Branca divulgou imagens do presidente na sala de conferências do hospital militar. Segundo a publicação, Trump, que aparece segurando papéis e uma caneta, estava trabalhando.

PESQUISA

De acordo com os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, os EUA seguem sendo o país com o maior número de casos e mortes na pandemia. Foram confirmados, até a tarde deste domingo (4), mais de 7,4 milhões de infecções e 209 mil óbitos.

Apesar disso, Trump foi um dos líderes mundiais que mais contrariaram evidências científicas e minimizaram a gravidade do coronavírus. Além da própria contaminação, o republicano também pode sentir o resultado do negacionismo nas urnas na eleição presidencial, marcada para 3 de novembro.

Uma pesquisa realizada pelo instituto Ipsos em parceria com a agência de notícias Reuters concluiu que 65% dos americanos afirmam acreditar que o presidente americano não teria contraído a Covid-19 se levasse o vírus mais a sério.

Apenas 34% disseram crer no que Trump diz sobre o coronavírus, enquanto 55% acham que ele não fala a verdade, e 11% não têm certeza.

A pesquisa também constatou um crescimento no índice de reprovação da resposta de Trump à pandemia: 57% dos entrevistados desaprovam a gestão do líder republicano -eram 54% no final de setembro.

De acordo com o levantamento, o democrata Joe Biden aparece 10 pontos à frente de Trump na corrida presidencial. Questionados sobre a intenção de voto, 51% dos entrevistados disseram que votarão em Biden, e 41% querem reeleger Trump.

A pesquisa ouviu 1.005 pessoas, de todos os estados americanos, pela internet, nos dias 2 e 3 de outubro.

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