segunda-feira, dezembro 9, 2024
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Márcio Félix afirma que polo cloro gás químico pode beneficiar vários municípios do norte do Estado

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INVESTIMENTOS PRIORITÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO NORTE CAPIXABA

 

EXECUTIVO LEMBRA QUE HÁ UMA JAZIDA IMPORTANTE DE SAL-GEMAb NOS TERRITÓRIOS DE SÃO MATEUS E CONCEIÇÃO DA BARRA, QUE É A FONTE DE MATÉRIA-PRIMA PARA UM POLO CLORO QUÍMICO

 

Por Wellington Prado e Claudio Caterinque Repórteres

São Mateus – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) indicaram recentemente viabilizar e apoiar a implantação de um polo cloro gás químico entre os investimentos prioritários para o desenvolvimento do Espírito Santo.

Márcio Félix destaca que São Mateus sai em vantagem para receber os maiores investimentos dentro de um polo cloro gás químico. Foto: Wellington Prado/TC Digital

Presidente da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP) e ceo do Grupo EnP Energia, o executivo Márcio Félix disse, em entrevista exclusiva à Rede TC de Comunicações, enxergar esse polo como um conjunto de projetos espalhados por vários municípios do norte do Estado, principalmente São Mateus, Conceição da Barra e Jaguaré, além de Linhares, na Macrorregião Central do Estado.

Totalmente envolvido com esta área, Márcio Félix já atuou também como secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis no Ministério de Minas e Energia e gerente-geral da Petrobras no Espírito Santo.

Ele destaca que o polo faz parte atualmente do portfólio do programa ES Mais+Gás, lançado recentemente pelo Governo do Estado com o objetivo de aumentar a produção e o consumo de gás natural e biometano. “Dentro desse conjunto de projetos, estão o polo gás químico e o polo cloro químico”, explica.

“Linhares, São Mateus, Jaguaré e Conceição da Barra, esses quatro municípios são os mais cotados para terem vários projetos. Esse polo não precisa ficar num município só, pode ficar espalhado” – sustenta.

O executivo lembra que há uma jazida importante de sal-gema nos territórios de São Mateus e Conceição da Barra que é a fonte de matéria-prima para um polo cloro químico –para produção de cloro e soda–, que facilita a criação de uma cadeia de produtos para saneamento e de uma série de insumos para a indústria. Já o polo gás químico utiliza o gás natural produzido pelas petrolíferas na região.

 

“São Mateus tem tudo para levar vantagem”, avalia executivo

 

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São Mateus – Para Márcio Félix, São Mateus pode levar vantagem para que os projetos do polo gás químico se instalem no Município. “São Mateus é um município que já tem a condição de ser um polo universitário, de ensino técnico, de ter indústrias já estabelecidas, está na área da Sudene. Então, tem tudo para poder se beneficiar” – afirma.

Ele cita como exemplo o projeto da empresa Placas do Brasil, que fica numa região limítrofe de Pinheiros (sede), Conceição da Barra e Pedro Canário e que acaba beneficiando os três municípios.

“Enfim, imagino uma coisa desse tipo. Não é um polo concentrado em um ponto, é uma região que tenha vários negócios. Mas São Mateus tem tudo e leva vantagem por já ser uma cidade com uma infraestrutura maior e que tem gente do Brasil inteiro estudando hoje no município” – salienta.

 

HÁ 20 ANOS

Ex-gerente-geral da Petrobras no Espírito Santo, Márcio Félix recorda que há 20 anos se pensava em criar um polo gás químico da estatal, que considera ser um projeto gigantesco, em um lugar somente. Na época chegou a ser levantada a possibilidade de instalar as estruturas em São Mateus.

“Hoje as coisas são mais modulares, espalhadas, ficam mais próximas de alguma estrutura, ou mais próximas da fonte de matéria-prima ou de consumo. Há possibilidade de desenvolvimento aproveitando a reserva de sal-gema e o acesso que o Espírito Santo tem para o gás natural, além das necessidades do Brasil que ainda importa muitos produtos que podem vir com um polo desse”.

 

O QUE FALTOU?

O executivo recorda que há 20 anos, além do polo cloro gás químico, a Petrobras liderava um projeto para a criação de cinco unidades de fertilizantes nitrogenados com o objetivo de aumentar a oferta de fertilizantes para o agronegócio brasileiro. Ele frisa que uma delas seria instalada no Espírito Santo, muito provavelmente no norte do Estado. Porém o projeto não foi adiante, na avaliação de Márcio Félix, porque “faltou perna” para a Petrobras na época. “Naquele tempo, a Petrobras começou a ter dificuldade financeira, começou a cortar projetos. Esse projeto de gás químico também tinha muita tecnologia envolvida e por isso não seguiu adiante” – sustenta.

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Projeto pode contar com múltiplos investidores

 

São Mateus – Márcio Félix diz entender que, desta vez, o projeto tem tudo para avançar. Segundo o executivo, ao invés de contar com um único investidor, como a Petrobras, com bilhões de reais envolvidos, o projeto seria pulverizado entre vários investidores, citando como exemplo novamente a empresa Placas do Brasil, que conta com 40 empreendedores capixabas reunidos.

Desta forma, afirma que o projeto poderia reunir investidores do Estado, do Brasil e até do exterior. “A Petrobras não vai fazer mais. Então a gente precisa conceber um conjunto de projetos. Não vou chamar de pequenos porque nada é pequeno. Não precisa só de investidores capixabas, mas nacionais e internacionais” – complementa.

 

Primeiro passo é explorar jazidas de sal-gema

 

São Mateus – O Grupo EnP Energia tem participação na empresa SGBM que possui duas áreas de concessões para pesquisa de sal-gema no Norte do Estado. Assim, o ceo Márcio Félix reforça que já estão sendo desenhados projetos que deverão fazer parte de um polo cloro químico para exploração das jazidas de sal-gema.

De acordo com ele, os projetos da SGBN já estão em processo de aprovação do relatório de pesquisa para iniciar a fase de licenciamento. Essas áreas ficam em Conceição da Barra, nas imediações do limite com São Mateus.

Segundo ele, a fase de pesquisa já está concluída e um relatório foi entregue para análise da Agência Nacional de Mineração (ANM). Após aprovado o relatório, inicia a fase de lavra que também demanda estudos, para iniciar a exploração.

“A gente começaria com uma planta modular, com produto para a indústria. Com uma planta dessa, surgirão outras [empresas] que vão utilizar os produtos dessa planta e aí vai se criando um polo. Mas primeiro precisamos botar a sementinha desse polo na região” – explica.

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Márcio Félix detalha que a planta de beneficiamento produziria sal e outros produtos para a indústria da celulose, além do cloro e outros químicos para tratamento de água de piscina e para saneamento básico.

O executivo detalha ainda que as duas áreas que a SGBM escolheu são as principais em possibilidades, não só de potencial de produção, mas também de facilidade de licenciamento ambiental.

Conforme diz, são 11 áreas que pertenciam à Petrobras e que foram devolvidas para a União. Dessas, três foram devolvidas por envolver litígios com quilombolas e por questões de titulação de terras. Márcio Félix ressalta que a exploração do sal-gema pode influenciar muito a consolidação de um polo cloro gás químico no norte capixaba. “O que a gente tem em abundância no Espírito Santo disponível é sal. A gente vive momentos de tantos desafios e temos uma oportunidade de ouro que está adormecida. Estamos querendo que a sociedade capixaba nos ajude para gerar emprego, oportunidades e, especialmente, na região norte do Espírito Santo” – complementa.

 

ANM

Procurada pela Rede TC, a Ouvidoria da Agência Nacional de Mineração (ANM) afirmou que das 11 áreas, oito tiveram autorização para iniciar os processos de pesquisa. A empresa SGBM foi a única a apresentar os relatórios finais de pesquisa, que ainda estão sob análise.

Outras duas áreas, sob concessão da empresa Salgema do Brasil, tem alvará de pesquisa válido até o dia 8 de fevereiro de 2025, porém até o início da semana passada constava sem conclusão do relatório. Na mesma situação está o processo relativo à uma área pertencente à empresa Dana Importação, que tem alvará de pesquisa válido até 12 de maio de 2025.

Segundo a ANM, os relatórios de três áreas da Unipar Carbocloro não foram aprovados. As empresas detentoras da autorização de pesquisa em outras três áreas apresentaram desistência.

 

 

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