Representantes do movimento pela criação da universidade federal em São Mateus, POR desmembramento do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes) da Ufes, têm reunião nesta quarta-feira (27), às 15h, em Brasília, com o ministro da Educação, Milton Ribeiro.

A reunião foi marcada pelo consórcio Prodnorte, por meio do deputado Da Vitória. Membros da comissão especial criada no Ceunes para organizar debates sobre o tema com as comunidades interna e externa, os professores Vander Tosta (presidente da comissão) e Keydson Quaresma acompanharão a comitiva de prefeitos, assim como os professores Kátia Eiras (presidente da comissão que analisa a possibilidade e as condições necessárias para a criação da universidade) e Marcelo Suzart (ex-diretor do Ceunes).

Na semana passada, o movimento foi surpreendido com o anúncio do ministro Milton Ribeiro de criação da Universidade Federal do Vale do Itapemirim, antes de que seja concretizado o sonho de uma universidade federal em São Mateus, cuja luta e mobilização regional iniciou na década de 1980.

O professor Keydson salienta que a esperança continua. “Eu acho que, como está acontecendo em Alegre, isso nos dá uma certeza que vai andar e acontecer aqui. Aumenta mais a expectativa e, quem sabe, nesta viagem em Brasília, a gente vire esse jogo” – sustenta.

O professor frisa que os relatórios das duas comissões especiais ainda não foram aprovados no Conselho do Ceunes, mas os docentes levarão ao MEC informações que constam nos documentos e mostram a importância do desmembramento do Ceunes da Ufes, além de todo o contexto histórico de luta regional pela universidade federal autônoma. Por mensagem, o professor Vander Tosta destacou à Reportagem que é um entusiasta e seguirá na luta pela emancipação.

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Mais autonomia e menos burocracia

Para o professor Keydson, a autonomia proposta por uma universidade federal independente facilitará e melhorará a parceria do ensino superior público federal com os municípios, com os produtores e com as indústrias.

“Você poderá propor novos cursos, novas especializações. Atualmente é muito burocrático. Quando você tem que passar ainda pela Ufes, você dobra a burocracia para poder progredir na região” – sustenta.

 

Apoio regional ao desmembramento

Integrante da Comissão de Ex-alunos, a educadora Mady Rodrigues destaca que a comitiva levará ao MEC na quarta-feira cartas de apoio de segmentos da sociedade civil para a criação da universidade federal no norte do Estado.

Mady detalha que o anúncio de criação da Universidade do Vale do Itapemirim a deixou chateada, “porque o nosso movimento é legítimo, da década de 1980, e a gente nunca parou de lutar. É um sonho antigo”.

Mesmo diante da frustração momentânea, Mady destaca que a esperança não morre. “A gente está com muita esperança, não neste ano, mas para acontecer em 2022. Temos tudo para ser universidade” – reforça.

A educadora pondera que o movimento não quer entrar em conflito com o sul do Estado, por entender que o Espírito Santo tem espaço para mais universidades. “Significa mais investimentos na educação. Podemos avançar muito mais, somos um Estado privilegiado e acredito que a criação da universidade no norte vai alavancar muito mais a nossa economia, a nossa segurança, a nossa área da saúde, a nossa educação” – afirma.

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Bancada mais voltada ao sul

Para os professores Vander Tosta e Keydson Quaresma, além da integrante da Comissão de Ex-alunos, Mady Oliveira, a ação da bancada capixaba mais forte para o sul fez com que o desmembramento de Alegre fosse anunciado primeiro do que o Ceunes.

Os professores Vander e Keydson frisaram que a luta pela universidade independente em São Mateus é muito mais consistente e histórica do que no sul do Estado, com envolvimento forte da sociedade civil, inclusive das igrejas.

Vander salienta que a previsão inicial era que 10 universidades fossem criadas no Brasil neste ano por desmembramentos, mas acabou reduzindo para cinco, com perspectiva de mais 15 no ano que vem. Com isso, ele frisa que a força da representação política do sul do

Estado pesou para que fosse optado por desmembrar primeiro o centro de Alegre.
Mady também reforça que a bancada capixaba “é muito centrada em Vitória e no sul do Estado e houve essa pressão” – frisa.

 

Diretor do Ceunes defende ampla discussão

O diretor do Ceunes, Luiz Antonio Favero Filho, também foi perguntado sobre como recebeu o anúncio de criação de uma universidade no sul do Estado em detrimento da emancipação do Ceunes. Em nota, ele defendeu uma ampla discussão para a concretização do desmembramento.

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“Desde o anúncio do mais recente projeto de lei que visa a criação da Universidade Federal de São Mateus, o Conselho Departamental do Ceunes optou pela constituição de duas comissões visando a elaboração de estudos e de debates sobre o tema. Nosso próximo passo, já acordado no mesmo Conselho, é o de ampliação da discussão no âmbito interno” – afirma.

“Acreditamos que este processo deve ser construído com cautela e com ampla discussão, tanto com a comunidade interna quanto com a comunidade externa, mas também com o Ministério da Educação e com a bancada capixaba no Congresso e no Senado” – frisa.
O professor acrescenta que, de todo modo, “é evidente que um processo como este não pode se dar por imposição, mas sim de forma dialogada e coletiva”.

Por fim, o diretor reafirma a defesa em prol da ampliação da presença da educação superior pública federal no norte capixaba, com ampliação de investimentos que permitam a criação de novas oportunidades de acesso e permanência na Universidade.

Ele acrescenta que, em agosto, foi enviado ofício de pedido de emenda parlamentar ao deputado Neucimar Fraga, que constantemente reafirma sua intenção de destinar recurso para a universidade pública.

“Também estamos buscando, junto aos demais deputados, a destinação de emendas parlamentares que certamente serão de grande importância para a manutenção e ampliação de nossas atividades”, disse.

 

Foto do destaque: Divulgação

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