São Mateus – As análises das amostras de material que apareceu em Barra Nova no dia 22 de outubro apontaram que as substâncias são resultado do fenômeno conhecido como maré vermelha, portanto, o material é biológico. O laudo do Departamento de Ciências Naturais (DCN) do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), professor Aloisio Cotta, foi encaminhado à Rede TC de Comunicações pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Ricardo Louzada.
Para a Reportagem, o professor explicou as análises: “O mecanismo é que a retomada da chuva fez com que o rio voltasse a ter vazão e isso expulsou esses nutrientes que estavam retidos no período seco, que propiciou essa floração intensa de algas. Naturalmente, elas morrem e uma parte, especialmente falando dessas algas que proliferaram, pode contribuir para deixar a água esbranquiçada, com aspecto de sabão. Outra parte que se acumula no solo forma aquela lama avermelhada, um material orgânico com mau cheiro” – resumiu o professor.
Aloisio Cotta relata que na noite em que antecedeu a presença do material em Barra Nova, moradores relataram que a água estava com aspecto esbranquiçado e apresentado mau cheiro. “Surgiu lá um relato que havia passado um grande navio. Então, suspeitamos que tenha ocorrido algum despejo de esgoto da embarcação por ali. Por isso que a gente fez análise de surfactante, que é a presença de detergente, sabão na água, que deu negativo” – frisa.
O professor reforça que também não foram apresentadas nas análises teores significativos ou níveis preocupantes de metais.
Constatação de material biológico
São Mateus – O professor Aloisio Cotta explica ainda que o material realmente é biológico e que o laudo aponta que durante o período de seca o Rio Mariricu acumula esse material orgânico natural.
“Com a volta das chuvas, em outubro, o rio aumentou a vazão e trouxe todo esse material que estava acumulada e jogou para o mar, onde trouxe alguns níveis de nutrientes que provocou essa floração anormal de algas” – detalha.
Somado a isso, ressalta que nesta época também há uma mudança de direção dos ventos e das correntes marinhas. “As correntes aqui no Espírito Santo geralmente jogam para norte e nessa época tem uma pequena mudança com dias da corrente jogando para sul. Então, quando a corrente sempre jogava para norte, dispersava. Na mudança da direção da corrente, a poluição não foi dispersada, ou seja, ela voltou para o entorno, que é a foz do Rio Cricaré, em Conceição da Barra, e também em Barra Nova [Rio Mariricu]”.
O professor esclarece que o material foi recolhido e destinado para um aterro. “Ou seja, dentro do que foi possível, a Secretaria de Meio Ambiente agiu para conter”, destaca. O secretário Ricardo Louzada acrescenta que o material não foi mais encontrado na região após a limpeza.