Mais de oito mil litros de calda sulfocálcica foram interditados em uma produção artesanal clandestina, na zona rural de São Mateus, por suspeita de conter agrotóxico em sua formulação. A operação foi realizada pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) na sexta-feira (24), conforme afirmou a Assessoria de Comunicação.
De acordo com o Idaf, o responsável foi autuado em função do fracionamento ilegal de agrotóxicos e pelo desvio de uso do produto. “O uso de agrotóxico deve ser orientado a partir da receita agronômica, que definirá as doses corretas, modalidade de aplicação, dentre outras informações essenciais”, explicou o gerente de defesa sanitária e inspeção vegetal do Idaf, Marcio Gama.
O engenheiro agrônomo do Instituto, Ademar Espíndula Junior explica que a calda é um defensivo utilizado na agricultura, constituído essencialmente por cálcio e enxofre, não prevendo a adição de agrotóxicos.
Conforme detalhou o órgão, a equipe de fiscalização esteve no local anteriormente, após denúncia, e na ocasião, como havia embalagens vazias de agrotóxicos no local, foram coletadas amostras da calda para análise laboratorial. “O resultado apontou elevada presença do princípio ativo ciproconazol, que é um fungicida de uso restrito a algumas culturas, por isso voltamos para interditar a produção. As pessoas estão adquirindo um produto com agrotóxico sem saber. Isso é bastante preocupante em função dos riscos da manipulação e aplicação do produto sem os devidos cuidados, como o uso de equipamento de proteção individual (EPI)” – disse Ademar.
Diante do laudo laboratorial, a equipe do Idaf retornou ao local e interditou a produção para que seja realizada nova análise. Até os próximos resultados, o produto não poderá ser comercializado e, caso confirmada a adição de agrotóxicos, os produtos serão encaminhados para destruição.
ALERTA
O Idaf orienta os produtores a adquirirem produtos apenas em revendas cadastradas junto ao órgão competente. A compra de produtos não registrados pode prejudicar a lavoura e também causar danos aos seres humanos.
Além disso, os agrotóxicos devem ser utilizados com base em diagnóstico prévio do problema e acompanhados da prescrição técnica do produto através da receita agronômica, respeitando-se o período de carência, que é o intervalo de tempo entre a aplicação e a colheita.
“Outra questão a ser considerada é que há relatos de que os produtores estejam utilizando a calda nas lavouras de pimenta-do-reino, por exemplo, sendo que o ciproconazol não é autorizado para uso nessa cultura”, explicou Márcio Gama.
CONTROLE DE AGROTÓXICOS
O Idaf é responsável por fiscalizar a distribuição, o comércio e o uso do agrotóxico no Espírito Santo. Para garantir que essa exigência seja cumprida, o Instituto realiza periodicamente fiscalizações em lojas de produtos agrícolas e propriedades rurais de todos os municípios capixabas.