Domingos Martins celebra, nesta terça-feira (12), o dia do município com homenagens ao herói capixaba Domingos José Martins, que dá nome à cidade. As comemorações contaram com momento solene, desfile, transferência simbólica da capital do Estado, assinatura de convênio e inaugurações de obras em São Miguel e Melgaço. O evento contou com a presença do governador Paulo Hartung, além de autoridades estaduais e municipais.
Hartung iniciou as atividades logo cedo, com a tradicional homenagem póstuma no busto de Domingos José Martins, na Praça da Biquinha. Em seguida, caminhou até a Praça Dr. Arthur Gerhardt, onde foram iniciadas as atividades solenes com a assinatura de decreto que transfere simbolicamente a Capital do Estado para Domingos Martins, além de convênio firmado entre o Governo do Estado a Prefeitura para repasse de R$ 250 mil para a realização do XXV Festival de Inverno. No local também foi realizado um Desfile Cívico.
“Domingos Martins tem seu nome e atuação ligados à liberdade. Em um momento como este, em que o país vive um período desorganizado e os valores estão trocados, podemos celebrar a história de um martim que lutou pela liberdade e direito das pessoas poderem se expressar. Este evento é muito importante para o município, para o Espírito Santo e, principalmente, para o Brasil. Uma oportunidade para chamarmos atenção, principalmente das novas gerações, que não viveram a privação de liberdade”, destacou o governador Paulo Hartung.
Além das festividades no centro do município, o governador Paulo Hartung e o prefeito de Domingos Martins, Wanzete Krüger, inauguram obras no interior do município. Na comunidade de São Miguel foi entregue oficialmente a Quadra de Esportes da Escola Municipal Eugênio Pinto Sant’Anna. A obra foi realizada em convênio com o Governo do Estado da ordem de R$ 634.207,15. O local conta com quadra coberta, vestiários, banheiros e cantina. “Cuidem deste patrimônio como vocês cuidam da casa de vocês, porque este espaço tem dono e é o povo capixaba”, destacou.
Já em Melgaço foi inaugurado o novo prédio da Escola Municipal Augusto Peter Berthold Pagung. A obra – também realizada em convênio com o Governo do Estado – teve um investimento total de R$ 1.788.080,86. O espaço possui dois pavimentos, oito salas de aula, biblioteca, laboratório de informática, refeitório, banheiros, cozinha, sala de professores e área de pedagogo. Ao todo, a área construída é de 1.163,50 m2.
“Escola, educação, conhecimento e acesso ao saber. É isso que vale ouro nos tempos atuais. Antigamente, o pensamento era dar um pedaço de terra como herança, mas isso não basta, pois é necessário ter conhecimento, tecnologia e o cuidado necessário. Já o acesso ao conhecimento resolve. A melhor herança que podemos dar para nossos filhos é possibilitar que eles possam estudar. No Dia de Domingos Martins, é esse o recado que deixamos para transformar a vida de muita gente. Valeu a pena a persistência e, hoje, estamos podendo inaugurar essa escola”, destacou Hartung.
Domingos José Martins
Domingos José Martins nasceu no sítio Caxangá, local que hoje é parte do município de Marataízes. Filho de Joaquim José Martins e D. Joana Luíza de Santa Clara Martins, Domingos iniciou seus estudos em Vitória, posteriormente se formando em Portugal.
A vida profissional de Domingos começa em Londres, pra onde viajou após se formar, como empregado na firma portuguesa Dourado Dias & Carvalho, chegando a condição de sócio desta firma. Ainda em Londres, Domingos entrou para a maçonaria e fez grandes amizades nos círculos liberais britânicos, adotando muitos dos valores da filosofia liberal e do iluminismo.
Ao voltar para o Brasil em 1813, Domingos fixou residência em Pernambuco, onde pretendia abrir uma filial de sua empresa e onde se apaixonou por Maria Teodora da Costa.
A Recife do início do século XIX era uma das cidades mais populosas do Brasil, sua elite intelectualmente era a mais preparada do Brasil, formada pelo Seminário de Olinda, além disso, sua população era orgulhosa, não abaixava a cabeça para os estrangeiros desde os tempos da invasão holandesa. A população mais carente odiava os portugueses pelos altos impostos, o recrutamento forçado e o alto custo dos alimentos. Naquela Recife, Domingos viu uma população que ansiava pelas ideias libertárias.
Domingos aos poucos se tornou uma liderança local, ele fundou a loja maçônica “Pernambuco do Ocidente” e, como comerciante, ajudava quem pedia, promovia muitas festas no sobrado que alugara no Recife. Em paralelo, Domingos e seus companheiros planejavam a revolução.
Em 06 de março de 1817 a revolução foi realizada. Os pernambucanos proclamaram uma república e Domingos José Martins fora nomeado um dos cinco governadores provisórios. A república pernambucana nasceu com forte sentimento nacionalista, mas durou pouco mais de dois meses. Em Junho de 1817, a república de Pernambuco fora derrotada e em 12 de Junho do mesmo ano, Domingos Martins fora fuzilado no Campo da Pólvora. As últimas palavras de Domingos Martins foram “morro pela liber…”, interrompidas por seus fuziladores, que negaram-lhe a própria liberdade de se expressar.
Por seus feitos, Domingos é lembrado como homem dono de grande capacidade de resolução, ambicioso, educado, observador e inteligente. Sua visão de Pernambuco era a de um capítulo glorioso do iluminismo e do libertarianismo na América Latina.
Hoje Domingos José Martins é o Patrono da Polícia Civil do Espírito Santo (O coral da Polícia Civil leva seu nome), do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e é lembrado como um dos precursores da Independência do Brasil. Vitória possui uma loja maçônica que carrega seu nome e, em 1921, o município de Santa Isabel foi renomeado para “Domingos Martins” para homenageá-lo.
*Com informações da Prefeitura Municipal