O Herbário Sames –sigla que corresponde à cidade e ao estado de localização, São Mateus e Espírito Santo– comemora 18 anos de implantação no Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes). Uma solenidade foi realizada no dia 29 de outubro e incluiu também uma exposição dedicada ao botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, pioneiro no estudo da flora brasileira.
De acordo com o curador do herbário, professor Luis Fernando Tavares de Menezes, a exposição proporcionou aos visitantes uma imersão no Século XIX, revelando a importância das descobertas de Martius e seu legado para a ciência.
Complementando a celebração, o ciclo de palestras reuniu especialistas que compartilharam experiências e destacaram o papel dos herbários na preservação do conhecimento botânico. Na abertura do encontro, o professor Luis Fernando realizou uma palestra sobre a trajetória do herbário e o seu papel conectando ciência, biodiversidade e sociedade.
A doutora Ana Odete Santos Vieira, do Herbário Virtual da Flora e dos Fungos, mostrou uma visão sobre o papel das coleções digitais e a importância do Herbário Sames na rede nacional. O mestrando Fabrício Lopes abordou o estudo de fungos e a relevância para a ciência, enquanto Pedro Viana e Julia Meirelles, do Instituto Nacional da Mata Atlântica, compartilharam as pesquisas sobre a vegetação nativa e os desafios de conservação.
Guardião da biodiversidade capixaba
“Uma das formas mais importantes para se conhecer a biodiversidade de uma determinada localidade é por meio das coleções biológicas e os herbários, dedicados ao armazenamento e estudo de plantas, desempenham um papel essencial nesse processo. Um herbário é uma coleção científica onde são preservadas amostras de plantas e fungos, secos e prensados, identificados e catalogados com informações sobre sua origem e características” – destaca o professor Luis Fernando.
De acordo com ele, o herbário funciona, em essência, como uma biblioteca de biodiversidade, onde cada amostra é uma página que revela detalhes da flora de determinada região. “Os herbários são, portanto, fontes de informações imprescindíveis para conhecer e estudar a diversidade de plantas e fungos, oferecendo dados essenciais para pesquisas em botânica, ecologia, conservação e até mesmo farmacologia e genética” – explica.
O Herbário Sames, um verdadeiro guardião da biodiversidade capixaba, foi fundado em 2006 com coletas realizadas nas áreas de restinga do norte do Espírito Santo, uma região de grande importância ecológica. Desde então, o herbário vem ampliando seu acervo, abrangendo também as florestas de tabuleiros e os inselbergs —formações rochosas únicas que surgem como ilhas de pedra na paisagem, ricas em flora específica e adaptada a condições extremas de solo e clima.
“As florestas de tabuleiros, por sua vez, são áreas de terras baixas com vegetação densa e úmida, que abrigam uma diversidade de espécies típicas da Mata Atlântica. Com mais de 16.500 amostras catalogadas, o Herbário Sames se tornou uma referência para estudos botânicos e ecológicos, em especial sobre a Mata Atlântica e as áreas de restinga. Para a Ufes e para o campus São Mateus, o Herbário Sames é um motivo de orgulho e uma ferramenta de conexão entre a ciência e a sociedade” – complementa.
Foto do destaque: Divulgação