SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-produtor de cinema, Harvey Weinstein, foi condenado por abuso sexual e estupro, duas das quatro acusações sob as quais era julgado em Nova York. Ele, no entanto, foi inocentado da mais grave, a de comportamento sexual predatório, o que poderia levá-lo à prisão perpétua.

Harvey Weinstein. Foto: Reprodução

Neste momento, o ex-produtor aguarda na prisão por sua sentença.​
Weinstein foi o estopim do movimento #MeToo, em que mulheres relataram casos em que foram vítimas de abusos sexuais em Hollywood. Apesar de dezenas de atrizes, assistentes administrativas e outras mulheres denunciaram ter sido suas vítimas, apenas o caso de duas delas foi a julgamento.
Jessica Mann o acusa de estuprá-la num hotel em 2013, enquanto Miriam Haley alega que o ex-produtor praticou sexo oral nela à força em 2006. Os dois depoimentos levaram às acusações de abuso sexual, estupro e comportamento sexual predatório, pela qual ele era duplamente acusado.
Ao todo, seis mulheres testemunharam e contaram sobre episódios de assédio envolvendo o ex-produtor.
A maioria das outras alegações feitas contra ele já prescreveram, não se enquadram na jurisdição de Nova York ou envolvem comportamento abusivo, mas não criminal -caso do acordo revelado por reportagem do jornal The York Times, em dezembro de 2019.
Weinstein e os membros da diretoria de seu antigo estúdio poderiam ter chegado a um acordo judicial com várias das supostas vítimas do executivo.
No valor de US$ 25 milhões, ou cerca de R$ 103 milhões, o acordo judicial faria com que Weinstein não precisasse reconhecer seus crimes publicamente ou pagasse pessoalmente indenizações às cerca de 30 mulheres, entre atrizes e ex-funcionárias, que o acusam de assédio sexual.
Essas vítimas seriam dos Estados Unidos, do Canadá, do Reino Unido e da Holanda. As informações foram dadas ao jornal por advogados envolvidos no processo. Eles ainda afirmaram que as partes mais importantes aceitaram o acordo preliminarmente.
O julgamento em si também foi marcado por polêmicas. Logo em seu início, a promotoria classificou uma campanha de mídia recentemente empreendida para desacreditar as acusadoras do empresário como uma “abominação”, e pediu que o juiz tomasse providências a respeito, com uma ordem de censura.
Mas a advogada do ex-produtor, Donna Rotunno, rebateu às críticas da procuradora pública, Joan Illuzzi. “Illuzzi vem a este tribunal definir meu cliente como predador, e aí tem a cara de pau de dizer que eu não deveria discutir o caso publicamente. Ela quer que todo mundo condene Weinstein antes que qualquer prova seja apresentada a este tribunal”, declarou a advogada.
Rotunno já havia assumido, em entrevista durante o crescimento do movimento #MeToo, a posição de adversária, argumentando que a corrida para condenar publicamente os homens acusados de desvios de conduta e agressão sexual estava destruindo reputações e carreiras de forma extrajudicial. Mesmo que o movimento tenha beneficiado a causa das mulheres, o preço foi alto demais, ela afirmou.
A advogada chamou ainda para depor uma psicóloga especialista em falhas de memória. Em seu depoimento no caso de Weinstein, ela explicou que a precisão da memória diminui ao longo dos anos e usou como exemplo testemunhas que são pressionadas a dar mais detalhes sobre um fato que eles viveram.
“É possível mencionar algo que somente é uma hipótese e depois ter a impressão de que é uma lembrança”, disse Loftus. “[Memórias falsas] podem ser sentidas com uma quantidade enorme de detalhes e emoções, mesmo não sendo verdadeiras.”
Com o julgamento encerrado em Nova York, Weinstein enfrentará agora acusações na Califórnia. Enquanto o caso mal começava a andar no tribunal em Manhattan, o ex-produtor foi acusado por promotores de Los Angeles de cometer atos de violência sexual contra duas mulheres.
De acordo com a procuradora Jackie Lacey, Weinstein “usou seu poder e influência para ter contato com as vítimas e em seguida cometer os crimes”.
Os crimes teriam acontecido em fevereiro de 2013. No dia 18 daquele mês, segundo Lacey, o produtor entrou sem permissão no quarto de hotel da primeira vítima. Na noite seguinte, Weinstein cometeu outra agressão sexual contra outra mulher em Beverly Hills.

QUEM TESTEMUNHOU CONTRA WEINSTEIN EM NOVA YORK

Annabella Sciorra
Declarou que, depois de um jantar no inverno de 1993 ou 1994, Weinstein forçou a entrada no apartamento de Sciorra em Manhattan e a estuprou. Foi determinado que o suposto ataque seja tratado em um novo processo como estupro, de acordo com a lei de Nova York

Miriam Haley
Disse aos jurados que em 2006 o ex-produtor praticou sexo oral nela à força no apartamento de Weinstein, em Nova York, em 2006, apesar de suas contestações. O caso de Haley era um dos dois que o levou a julgamento.

Jessica Mann
Testemunhou que Weinstein penetrou seus genitais com medicação para ereção e a estuprou em um quarto de hotel em Manhattan. Esse é o segundo caso que o levou a julgamento.

Dawn Dunning
Acusou o ex-produtor de tocar suas genitais em um quarto de hotel em Manhattan.

Tarale Wulff
Testemunhou que Weinstein a puxou para uma escadaria isolada em um lounge localizado em Manhattan e se masturbou.

Lauren Young
Disse aos jurados que o produtor tirou seu vestido, apertou seus seios, se masturbou e ejaculou no chão de um quarto de hotel em Los Angeles.

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