O Brasil registra atualmente, segundo dados oficiais de órgãos do Governo Federal, um índice de desemprego que é o mais baixo da série histórica iniciada em 2012. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2024 a taxa de desemprego ficou em 6,6%. Com isso, no País inteiro são percebidas dificuldades das empresas em contratar mão de obra.
A situação, de oferta de vagas e escassez de interessados, é observada também em São Mateus. Basta uma rápida passagem pelo centro da Cidade para verificar, em fachadas de lojas, comunicados de ofertas de trabalho.
Em entrevistas realizadas nesta semana, a Reportagem ouviu diversas versões para justificar o motivo desse momento de alta oferta de empregos que contrasta com a baixa procura. Há quem diga que o crescimento da oferta de vagas tem possibilitado ao trabalhador ser mais criterioso na hora de optar pela contratação. Outro fator apontado por alguns entrevistados é relacionado com o empreendedorismo, que vem crescendo a cada ano, seja ele formal ou informal.
Dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, comprovam o fortalecimento na geração dos postos de trabalho no Município. Conforme os números, a quantidade de pessoas empregadas formalmente com carteira assinada em São Mateus aumenta a cada ano.
Em 2020, primeiro ano da pandemia do novo coronavírus, eram 17.171 pessoas trabalhando com carteira assinada no Município. Essa quantidade aumentou em 2021 para 19.700 e seguiu crescendo até fechar o ano passado com 23.491 pessoas com emprego formal.
Ou seja, de 2020 para 2024 houve um crescimento de 6.320 novos postos de trabalho com carteira assinada em São Mateus, uma evolução de 36,80%.
Sine de São Mateus oferece diversas vagas toda semana
Um dos mecanismos utilizados na procura e oferta de empregos, o Sistema Nacional de Emprego (Sine), que possui escritório em São Mateus, registra ofertas semanais de vagas. Na edição desta terça-feira (18) do jornal Tribuna do Cricaré, foi apresentado o total de 322 vagas ofertadas pelo Sine para diversos setores do mercado de trabalho mateense.
Segundo a gestora da agência em São Mateus, Andrea Matheus Barbosa, “funções como pedreiro, vendedor interno e externo, eletricista e mecânico, sempre estão com vagas abertas”.
Ela diz entender que os motivos que têm levado à escassez da mão de obra não podem ser definidos em apenas um fator. Ao mesmo tempo em que aponta que exista mais oferta de vagas de trabalho, cita que há baixa procura no Sine.
Para a gestora, o dinheiro obtido com as indenizações por meio de ações judiciais relacionadas aos impactos pelo rompimento da barragem de Mariana pode ser um desses fatores que contribui para a escassez da mão de obra. Uma regra básica diz que, com mais dinheiro circulando, a economia fica aquecida, o que proporciona mais oferta de trabalho.
Andréa reforça que as vagas para mecânico, eletricista, encarregado e técnico de manutenção e pedreiro têm demorado para serem preenchidas, o que tem provocado uma grande procura por esses tipos de profissionais.
Ela explica que a agência do Sine realiza um cadastro de pessoas que buscam emprego. Na maioria das vezes, as empresas procuram a agência e apresentam as vagas que elas desejam preencher. A agência faz o encaminhamento dos profissionais, “mas a contratação é efetivada pela própria empresa”.
NOVO ENDEREÇO
Desde o início deste ano, a agência do Sine de São Mateus está funcionando em um novo local. O escritório saiu do Centro Administrativo da Prefeitura e foi instalado em um imóvel na Avenida José Tozze, 2.616, no Bairro Boa Vista.
Oxford tem mais de 100 vagas aguardando para serem preenchidas
Coordenador administrativo da Oxford, José Josivan de Lima afirma que a escassez de mão de obra é percebida em diversos estados brasileiros e atinge todas as áreas, não apenas a indústria. “Inverteu as coisas. Tem vaga e não tem gente para preencher. Não sou do RH [setor de recursos humanos], não sou a melhor pessoa para responder, mas deve ter mais de 100 vagas abertas hoje esperando gente para trabalhar” – salienta.

Foto: Wellington Prado/TC Digital
Conforme relata, a competividade por profissionais no mercado de trabalho está alta. “É um momento que o Brasil está vivendo. Não somos só nós. É supermercado, farmácia”, exemplifica. Para ele, um dos motivos pode ser o fato de as pessoas terem priorizado ir para a informalidade, um fenômeno que é tratado por especialistas como uberização da relação de trabalho, onde algumas pessoas acreditam que têm mais benefícios ao serem donas dos próprios negócios.
Tem serviço, mas não contrata ninguém, observa empresário
Com uma caminhada rápida pelo centro da Cidade já é possível perceber várias lojas de São Mateus com comunicados de oferta de trabalho estampados nas vitrines. “Tem serviço para poder colocar o pessoal para trabalhar, mas não arruma ninguém”, observa o empresário Ricardo Krettli, gestor das Óticas Sena.

Foto: Wellingotn Prado/TC Digital
Conforme explica, a empresa dele, que possui quatro lojas em São Mateus, está com vagas de vendedor abertas em todas elas e não faz exigências na hora de contratar, como, por exemplo, experiência. “A gente vai ensinar, vai arcar com tudo. Oferecemos salário comercial, plano de saúde, plano odontológico, vale-transporte, mas está difícil” – afirma.
Diante da situação, o empresário reforça que em alguns momentos é preciso assumir algumas funções dentro das lojas. “Arrumar uma caixa [está] difícil. Tem hora que a gente tem que se deslocar e trabalhar” – sustenta.
Dados indicam que no início da pandemia houve redução de empregos
Ao analisar os dados do Novo Caged para São Mateus, é possível verificar que o primeiro ano da pandemia do novo coronavírus afetou o mercado de empregos no Município. Os dados indicam que, mesmo com as perdas de postos de trabalho em 2020, período mais crítico e que houve restrição para circulação de pessoas e de funcionamento de comércio, nos anos seguintes aconteceu uma recuperação muito forte no mercado de trabalho.
Quando fechou o ano de 2020, São Mateus tinha um estoque de 17.171 pessoas trabalhando com carteira assinada. Naquele ano, houve o fechamento de 1.155 postos de trabalho em relação a 2019. Mas, no ano seguinte, em 2021, os postos de trabalho foram totalmente recuperados e ainda ampliados, alcançando 19.700 pessoas empregadas, um salto de 2.529 novos contratados em relação ao primeiro ano da pandemia.
E no ano seguinte, em 2022, o estoque de empregos foi ampliado para 21.613 –aumento de 1.913 novos postos de trabalho em relação a 2021. Em 2023, o crescimento foi de 1.041 novos postos de trabalho, aumentando o estoque de empregos para 22.654, e em 2024, foi de 837, fazendo esse dado aumentar para 23.491.
Foto do destaque: Wellingotn Prado/TC digital