RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Distrito Federal se tornou uma das primeiras unidades da Federação a relaxar as regras de isolamento e autorizar a reabertura de uma parte do comércio e do sistema de ensino.

Em um decreto publicado em edição extra do Diário Oficial desta quinta-feira (9), o governador Ibaneis Rocha (MDB) passa a permitir o funcionamento de lojas e fábricas de móveis e eletroeletrônicos. O texto também autoriza a reabertura de cursos profissionalizantes do sistema S: Sesc, Senai, Sesi, Senac, Senar, Sesccop, Sest, Sebrae e Senat.

A decisão ocorre exatos oitos dias após um decreto estabelecer uma grande quarentena em Brasília e nas cidades no entorno da capital federal. O governo suspendeu então a realização de eventos, determinou o fechamento de shoppings, lojas e restaurantes e suspendeu aulas nas redes pública e privada.

A restrição a essas atividades continua mantida até o dia 3 de maio, enquanto as aulas não serão retomadas antes de 31 de maio.

O relaxamento decidido nesta quinta, no entanto, acontece em um momento em que o Distrito Federal apresenta números preocupantes em relação ao surto do novo coronavírus. Embora os números absolutos de casos confirmados e mortes não estejam entre os mais altos do país, eles impressionam quando levado em conta o tamanho da população.

O Distrito Federal detém o segundo maior coeficiente de casos por 100 mil habitantes -16,7. O índice coloca o Distrito Federal entre as unidades da federação que preocupam o Ministério da Saúde, por estarem na transição para a chamada fase de aceleração descontrolada.

O Ministério da Saúde publicou nesta segunda-feira (6) um protocolo com diretrizes para estados e municípios que desejam abandonar o distanciamento social ampliado -como o adotado no início do mês no Distrito Federal- para um regime mais brando.

No chamado distanciamento social seletivo, apenas permanecem em confinamento pessoas de grupos de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas. Os demais são autorizados a circular e retomar suas atividades.

A principal condicionante seria que os casos do novo coronavírus não impactassem mais do que 50% da estrutura de saúde da unidade da federação. O governo não informou no decreto e em nenhuma outra plataforma de comunicação se estava seguindo a recomendação do Ministério da Saúde.

A retomada das atividades econômicas e o relaxamento no distanciamento social se tornou um dos temas mais polêmicos no enfrentamento à pandemia de coronavírus no Brasil. Também se mostrou um dos principais pontos de atrito entre o presidente Jair Bolsonaro, defensor do abrandamento para não prejudicar a economia, e seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Nesta quinta-feira, em um áudio vazado captado pela rede de televisão CNN, o deputado federal Osmar Terra (MDB) e o ministro da Cidadania Onyx Lorenzoni fazem críticas à conduta de Mandetta. Terra, considerado um pretendente ao cargo caso o atual ocupante seja demitido, é defensor do relaxamento das políticas de distanciamento. O parlamentar citou na conversa a decisão desta quinta do governo do Distrito Federal.

“Tem que ter uma política que substitua a política da quarentena. Ibaneis [Rocha, governador do Distrito Federal] é emblemático”.

A reportagem procurou o governador Ibaneis Rocha e sua assessoria de comunicação na noite desta quinta-feira, mas não obteve retorno até a publicação dessa reportagem.

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