O suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Entre os anos de 2000 a 2016, foi de 6.780 para 11.736 o número de suicídios, uma alta de 73%. Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 800 mil pessoas acometem o suicídio no mundo. É a segunda maior causa de morte juvenil entre jovens de 15 a 29 anos no Planeta, só perde para a violência. Hoje a incidência de suicídio é de 5,5 em 100 mil habitantes.

Recentemente, escolas particulares da Cidade de São Paulo ficaram alarmadas com vários episódios de jovens do segundo grau que cometeram o suicídio em suas residências. A Universidade de São Paulo (USP) criou uma comissão para montar uma estratégia de ajuda aos universitários, pois registraram várias perdas entre os anos de 2017 e 2018 de universitários matriculados na unidade. As escolas públicas técnicas do Estado de São Paulo também constituíram uma comissão que estuda o suicídio entre alunos dos cursos técnicos, pelo Centro Paulo Souza, também por observarem um aumento no número de jovens suicidas.

Pelo que tenho observado e as pesquisas mostram, os jovens têm se queixado muito da solidão. Este sentimento está associado com hábitos pessoais que os levam ao isolamento e consequente depressão, que por sua vez é onde há maior chance de uma pessoa cometer suicídio. Estudos apontam que aproximadamente 80% dos suicidas apresentam sintomas de isolamento e depressão.

Mas a pergunta que não quer calar: Por que os jovens estão com maior tendência ao suicídio, sendo esta uma idade das buscas e de vitalidade? A meu ver são vários os fatores, mas o mais escancarado e que de fato me preocupa e tem alarmado a sociedade científica, principalmente no campo da Psicologia, Psiquiatria e Neurociência, é o alto índice de horas que os jovens passam no celular (smartphone). Este hábito conduz ao isolamento social, ao sentimento depressivo e a imaturidade, que desperta a sensação nos jovens de não acreditar na sua capacidade de fazer as coisas e realizar sonhos.

Diante deste cenário e desta principal causa que apontei como campo fértil ao suicídio, é necessário que pais, familiares e professores fiquem antenados no comportamento dos jovens que estão no seu convívio diário. Observar se há sintomas de isolamento, de depressão. Se há carga horária intensa diante dos smartphones e computadores. É preciso agir firmemente, mesmo que esta ação cause conflito, pois é melhor o conflito para eliminar hábitos destrutivos do que o conflito familiar pela perda de um jovem ao suicídio.

A busca por uma avaliação psicológica, psiquiátrica, é fundamental. Hoje também temos o serviço gratuito de escuta do CVV, pelo telefone 188 e também pelo site www.cvv.org.br. O CVV é referência de apoio. Neste Setembro Amarelo, mais do que prevenção ao suicídio, vamos ajudar a resgatar jovens que possam estar construindo o caminho rumo ao suicídio.

*Gerson Abarca é psicólogo

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