RENATO MACHADO E NATÁLIA CANCIAN

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gerência da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendou neste domingo (17) a aprovação da Coronavac, vacina desenvolvida pela Sinovac e pelo Instituto Butantan.

A decisão é condicionada ao monitoramento e ao acompanhamento próximo de incertezas apontadas e a reavaliação periódica.

A Anvisa decide neste domingo o futuro das vacinas no Brasil. Cinco diretores da agência irão dizer, durante reunião ao vivo, se darão sinal verde a duas vacinas que aguardam aval para uso emergencial no país: a Coronavac e a vacina da Universidade de Oxford/AstraZeneca, que será produzida no Brasil pela Fiocruz.

A primeira é a aposta do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para dar início à imunização contra a Covid-19 no país. A segunda é a escolha do governo federal de Jair Bolsonaro (sem partido).

Uma diferença crucial entre as duas é que já há cerca de 11 milhões de doses prontas da Coronavac para uso imediato no país -o pedido de aval, porém, refere-se apenas a 6 milhões de doses. Já a vacina de Oxford ainda não se encontra em solo brasileiro -a viagem para buscar as doses produzidas na Índia foi vetada pelo país, que alegou que era preciso começar primeiro sua própria campanha de vacinação, o que ocorreu neste sábado (16).

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A decisão ocorre por votação. O encontro começou por volta das 10h e está sendo transmitido pelo canal no YouTube da Anvisa. A expectativa é que a reunião dure cinco horas.

Na abertura da reunião, o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, disse que o combate ao novo coronavírus não passa apenas pela vacina e sim por uma mudança de comportamento da população.

“O inimigo é um só. A nossa melhor chance nessa guerra passa obrigatoriamente pela mudança de comportamento social, sem a qual, mesmo com vacina, a vitória não será alcançada”, disse Barra Torres.

Barra Torres também afirmou que todos estariam sem máscara, mas respeitando o distanciamento social.

Disse que ele e sua equipe foram “honrados” com a missão de decidir a autorização da vacina e evocou Deus, ao citar que ele e sua equipe foram os escolhidos para decidir o futuro das imunizações.

“Somos nós cidadãos brasileiros comuns das mais diversas origens que estamos diante dessa responsabilidade [decidir a aprovação para uso emergencial da vacina]. Quis o acaso para alguns, o destino para outros, e a vontade de Deus na fé inabalável desse diretor que fôssemos nós a exercer esses ofícios”, afirmou.

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Próximo do presidente Jair Bolsonaro, Torres estava ao lado dele, sem usar máscara, em protesto em 15 de março de 2020 quando o presidente ignorou orientações do Ministério da Saúde e participou dos protestos pró-governo sem demonstrar preocupação com o risco de transmissão do vírus da Covid-19.

PRAZO DE VALIDADE DA CORONAVAC

O gerente geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, afirmou que a agência concordou em aumentar o prazo de validade da vacina Coronavac para 12 meses, mas impôs condições.

A imunização da parceria do laboratório chinês Sinovac com o Instituto Butantan precisa de condições de armazenamento de 5 graus de temperatura, com variação de 3 graus para mais ou menos. Nessas condições, o prazo do produto a granel” – ainda não finalizado e embalado – teria prazo de validade de até seis meses. Para o produto finalizado, no entanto, o Instituto Butantan havia solicitado 12 meses.

“Essas vacinas não têm tempo suficiente de produção para mostrar por quanto tempo se mantêm íntegras. A proposta do Instituto Butantan foi extrapolar esse prazo para 12 meses. Nas nossas negociações, a gente entendeu que isso seria possível, se o Instituto Butantan e os desenvolvedores concordassem com as nossas condições”, afirmou, durante a reunião que define a autorização para uso emergencial da vacina.

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Dentre as condições, estão a atualização dos dados disponíveis, a comunicação de problemas com os estudos de estabilidade da vacina e o compromisso de recolher os lotes da imunização, em casos de problemas.

 

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