LEONARDO SANCHEZ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Criado há quatro anos, o Fundo Marlene Colé assumiu novas responsabilidades nos últimos meses. Destinado ao auxílio de artistas e técnicos das artes cênicas com dificuldades financeiras, o fundo precisou buscar novas formas de angariar dinheiro para ajudar ainda mais profissionais do setor, agora impactado profundamente pela pandemia de coronavírus.

De acordo com estimativa da própria entidade, pelo menos 30 mil profissionais de teatro, circo, ópera e dança em São Paulo estão sem trabalho por causa das políticas de isolamento social adotadas no estado.

Pensando nisso, a Associação de Produtores Teatrais Independentes, responsável pela gestão do Fundo Marlene Colé, criou uma campanha que planeja distribuir cartões de auxílio alimentação e farmácia e cestas básicas para técnicos e artistas que ficaram sem fonte de renda durante a pandemia.

Na campanha, doações ao fundo são trocadas por rifas de um sorteio que dá ao ganhador a oportunidade de bater um papo virtual com atores e músicos participantes. Atualmente estão sendo vendidas rifas para uma conversa com Tony Ramos. Quem for sorteado tem direito a uma videochamada de 30 minutos com o ator.

“A campanha é bacana porque artistas com uma condição melhor estão se mobilizando para ajudar seus pares, que hoje estão sem condições financeiras de se manterem”, diz Odilon Wagner, também ator e criador do Fundo Marlene Colé.

Já participaram dos sorteios Larissa Manoela e Cauã Reymond. Os próximos nomes, depois de Ramos, são Juliana Paes, Chay Suede, Sophia Abrahão e Fabio Porchat. A cada dez dias, o sorteio muda para contemplar o próximo artista.

Em paralelo às interações entre personalidades convidadas e doadores, Wagner e sua equipe também estão buscando apoio financeiro junto a empresas. Até agora, o fundo conseguiu atender pelo menos 600 famílias. Em breve, uma nova leva de inscrições será aberta. O desejo é conseguir alcançar pelo menos 15 mil famílias até julho.

“A gente sabe que as artes cênicas não vão voltar com carga total, as pessoas ainda não vão estar se sentindo à vontade para frequentar teatros. Esse ano é um ano perdido pra gente”, lamenta Wagner. “Mesmo que o teatro volte vai ser muito complicado, os empregos não vão voltar generosos. Então estamos pensando a longo prazo.”

A solidariedade para com os colegas da área é ancorada na figura que dá nome ao fundo, Marlene Colê. Morta em 2016, ela foi camareira em diversas peças de São Paulo, sendo um de seus últimos trabalhos ao lado de Wagner.

Quando a camareira, aspirante a atriz, morreu sem deixar herdeiros, o dinheiro que havia guardado foi transformada na entidade de apoio a seus pares cênicos. “Ela, quando morreu, estava em condições muito frágeis. Imagina quantas pessoas nessa área também não estão. Por isso viemos ajudando técnicos e artistas, até que chegamos nesse momento de pandemia”, afirma Wagner.

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