Nascido em 22 de outubro de 1924 em Venda Nova do Imigrante, o descendente de italianos Francelino Brioschi chegou em Jaguaré no ano de 1953, aos 29 anos, já casado com Luiza Falchetto Brioschi. Na ocasião, o casal já tinha dois filhos: Maria das Graças e Luiz Carlos. Ele residiu no município até o falecimento, ocorrido em 2019.
Em 2024, a família celebra os 100 anos de nascimento de Francelino com uma homenagem na Semana da Cultura Italiana, durante a Tratorella que acontece amanhã, segundo o filho dele, Luiz Carlos Brioschi.
“Nossa família participa da Tratorella há 4 anos e neste ano seria o aniversário de 100 anos do meu pai. Reunimos os sete irmãos e fomos nos organizando. Vamos ornamentar um equipamento [trator] do Paulinho Pariz, que é o nosso cunhado. A nossa motivação em especial é que o meu pai foi um dos primeiros a chegar em Jaguaré, vindo para cá em 1953, sendo a terceira ou quarta família a se instalar aqui. Depois de Cipriano Coco e também da família Sossai” – detalha Luiz Carlos.
“Papai veio de Venda Nova do Imigrante casado e com dois filhos. Passamos no Rio Doce, na época, em que a travessia ainda era feita de balsa. Moramos em uma casa encomendada por ele e pelo meu avô, que era do senhor Cipriano Coco. A casa foi construída um pouco abaixo de onde hoje é a Unidade de Saúde de Jaguaré. Depois eles tiveram mais cinco filhos: José Hermes, Tarcília, Selso, Osmar e Lúcio” – relata.
De acordo com Luiz Carlos, boa parte do território onde hoje é a cidade de Jaguaré pertenceu à família dele. “Aos meus pais e meus tios. Uma área de 51 hectares. Hoje é tudo praticamente cidade” – frisa.
Luiz Carlos lembra que o pai trabalhou de forma coletiva com outros moradores para construir a cidade. “A primeira igreja, que inclusive tem uma reprodução dela na Tratorella, foi construída aos sábados. Eles se ajuntavam e serravam madeira. Alguns vinham com junta de bois para puxar o material. Com a competência de cada um, fomos construindo” – afirma.
O filho recorda que a área onde atualmente é a sede da Unidade Mista de Internação e da Assistência Social foi doada pela família dele “para dar início ao processo de urbanização”. Destaca ainda que, em 1963, Francelino, junto com os filhos, iniciaram uma pequena serraria de onde cresceram e puderam adquirir outras propriedades.
Cultura Italiana
Luiz Carlos pontua que toda a história de Jaguaré, bem como o desenvolvimento agrícola do Espírito Santo, foi construída a partir da cultura do café. “Durante a Segunda Guerra Mundial, o café foi muito consumido na Europa e alcançou um preço atrativo. Então, as famílias de Venda Nova [do Imigrante] e outras regiões altas vieram para Jaguaré, Marilândia e outras localidades, com a ideia de produzir café” – salienta.
“A nossa comemoração é sobre o valor desse povo que construiu, em 50 anos a partir de poucos moradores, uma cidade com um bom desenvolvimento. Vamos comemorar o trabalho, o esforço, a religiosidade, a coletividade, o cooperativismo. Esses são os valores que esse grupo de famílias trouxe para o norte” – enfatiza.
Luiz Carlos ressalta que até os dias atuais, parte da família Brioschi segue com a tradição de produzir café. Na homenagem ao pai Francelino durante a Tratorella, os familiares usarão uma camisa em homenagem ao patriarca. Também serão distribuídos pequenos copos temáticos aos participantes na festa. “Daremos de brinde um copo, já que ele, como bom italiano, tomava uma cachacinha todo dia. Vamos valorizar e lembrar disso também” – frisa.
Foto: Gean Carlos Martins-Martins Fotografia/Divulgação
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