
Canteiros de obras parados, funcionários ociosos em lojas e mão de obra diarista sem trabalhar e acumulando prejuízos. Este cenário está sendo observado na Cidade porque falta cimento no mercado, além de combustíveis e alguns alimentos. Certos estabelecimentos, desde o meio da semana passada já nos primeiros dias da greve dos caminhoneiros que completou 10 dias de paralisação nesta quarta-feira (30), já registravam baixa nos estoques.
De acordo com Francismario Maciel Pereira, o Mazinho, proprietário da loja de construção Sernamby, a procura por cimento é grande, mas não há previsão da chegada do produto na Cidade. Ele frisou que os últimos sacos com o produto foram vendidos ainda na manhã de segunda-feira (28) e que aguarda, desde o dia 23 a chegada de mais carregamento de cimento. Mazinho explicou que comercializa entre 1.500 e 2.000 sacos de cimento por semana, e que o último carregamento, com 900 sacos, chegou à loja dele no dia 21, primeiro dia de paralisação dos caminhoneiros.

Ele disse ainda que tomou conhecimento de que o caminhão de um fornecedor, vindo da Região Metropolitana Belo Horizonte, está parado num bloqueio na capital mineira. Com a falta do produto, o depósito da loja está praticamente vazio. Em relação aos funcionários que ficaram ociosos, Mazinho aproveita para realizar pequenos reparos na loja e limpeza de um outro depósito.
Já o proprietário da loja IR Material de Construção, localizada no Bairro Boa Vista, Leonir José Moschen, também sem cimento desde a semana passada, afirma que tem um caminhão carregado com 280 sacos do produto parado num bloqueio em Cachoeiro. Ele disse que o veículo foi carregado no Rio de Janeiro dia 21, primeiro dia da paralisação, porém não conseguiu passar de Cachoeiro de Itapemirim. Segundo Leonir, o motorista estaria há três dias sem tomar banho, comida e dinheiro.

Leonir analisa que, “assim que for encerrada a greve dos caminhoneiros, demorará uma semana para que os caminhões consigam deixar os locais de bloqueio, enfrentar trânsito caótico nas rodovias e chegar aos destinos, um mês para voltar à normalidade no transporte de cargas no Brasil e um ano para recuperar o prejuízo”.
Distribuidor tem 15 carretas com
cimento paradas em bloqueios

Representante de vendas da empresa Nacional no centro-norte capixaba, o distribuidor Marcos Borsoi disse à Rede TC na manhã desta quarta-feira (30), que haviam 15 caminhões carregados com 4.200 sacos de cimentos parados em bloqueios em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O destino das cargas são municípios como São Mateus, Linhares, Colatina, Nova Venécia, Pedro Canário e Barra de São Francisco, por exemplo. De acordo com ele, que ainda comercializa cimento em big bag –recipientes de 1.400 quilos– para a indústria, as fábricas do produto também estão paradas por não ter para onde escoar a produção.
Ele entende que a paralisação no transporte de cargas no Brasil impacta a indústria, a revenda e o consumidor final de uma forma muito negativa. “Pedreiros e ajudantes são dispensados de obras que sofrem atrasos, o comércio da construção civil registra queda de 60% nas vendas. É um prejuízo que demorará muito tempo para ser recuperado. Tenho um cliente em Barra de São Francisco que está me pressionando porque tem muitas entregas para fazer e eu não tenho resposta para ele” – frisou.
A Reportagem entrou em contato com outras lojas de material de construção na Cidade e constatou que não há mais cimento à venda. Um atendente disse que a procura é muito grande e que a cada 10 ligações que são feitas para a loja, nove são de clientes em busca de cimento.
São Mateus-ES