MARINA DIAS
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Os EUA registraram nesta quarta-feira (8) mais de 2.000 mortes em decorrência do coronavírus e avançam para assumir o segundo lugar em número de mortos pela pandemia no mundo, posto hoje ocupado pela Espanha.

Foto: Reprodução

Com cerca de 423 mil casos confirmados, segundo a Universidade Johns Hopkins, os EUA chegaram a 14.529 mortes. Vinte e quatro horas antes, o número de vítimas era de 12 mil. A Espanha, por sua vez, contabiliza 146,6 mil casos e 14.792 mortes, atrás em taxa de mortalidade apenas da Itália, que tem 139,4 mil casos e 17.669 mortos.
Na semana passada, o governo americano apresentou projeções que indicavam que 100 mil a 240 mil pessoas morreriam nos EUA mesmo se adotadas medidas de distanciamento social, que estão em vigor no país pelo menos até o dia 30 de abril.
Na terça (7), um funcionário do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), Robert Redfield, disse que esse número poderia ser menor.
“Esse modelo que usamos prevê que apenas cerca de 50% dos americanos vão seguir as orientações. Na verdade, como vemos, a grande maioria está adotando o distanciamento social, e acho que essa é a consequência de vermos números mais e mais baixos do que tínhamos previsto”, disse Redfield.
Pelo menos 97% dos americanos estão sob alguma forma de restrição social, e o pico projetado no país é para o dia 15 de abril.
Pior cenário hoje nos EUA, o estado de Nova York acompanhou o recorde nacional diário de mortes e somou mais de 700 nestas terça e quarta-feira.
O governador Andrew Cuomo, por sua vez, afirmou que é preciso focar a atenção na queda de internações, que indicaria tendência de melhora no grave quadro da região.
Em entrevista coletiva na terça, Cuomo enfatizou que a taxa de mortalidade é um indicador defasado –visto que as pessoas morrem dias ou até semanas após serem infectadas– e que, embora internações tenham aumentado de segunda para terça-feira, a média de três dias apresentou propensão à queda em Nova York.
“No momento, projetamos uma estabilização no número de hospitalizações.”
Com o cenário crítico desde o meio de março, o estado tem hospitais sobrecarregados e escassez de materiais médicos, que vão de respiradores a máscaras e luvas.
Para tentar contingenciar parte dos danos, cerca de 7.000 profissionais de saúde, muitos deles aposentados e vindos de outras regiões do país, foram habilitados a trabalhar em Nova York, enquanto um plano de enterros temporários e em locais provisórios, como parques, também foi anunciado nesta semana.
Cuomo reforçou que a melhora no cenário do estado só deve acontecer se as pessoas continuarem seguindo à risca as orientações de distanciamento social. “Não estamos vendo um ato de Deus, é um ato da sociedade”, disse o governador.
A Casa Branca anunciou a revisão do modelo estatístico que usa, afetando números e causando uma guerra de dados entre os estados. São esses os dados citados pelo diretor do CDC ao falar que o saldo de mortos deve ficar aquém do antes previsto.
Os dados utilizados pelo governo federal são reunidos por um centro de pesquisa da faculdade de medicina da Universidade de Washington que, nesta semana, apontou que os EUA vão precisar de menos leitos hospitalares e de UTI do que havia sido previsto inicialmente. Há estudos divergentes.
A expectativa de pico nacional da crise foi mantida para 15 de abril, mas agora o centro prevê que o número de leitos necessários na fase mais aguda poderia ser de 140,8 mil (contra 260 mil previstos antes), enquanto os de UTI poderiam cair de cerca de 40 mil inicialmente previstos para 29 mil.
Especialistas alertam para problemas no uso de um único modelo para embasar todas as ações no país, pois ele pode ser otimista ou conter erros.

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